Início » Por uma sociedade com zero novas Infecções

Por uma sociedade com zero novas Infecções

Por admin

O mundo assinala hoje o Primeiro de Dezembro, dia reservado à reflexão na luta contra a SIDA. Moçambique associa-se à iniciativa e promove cultos religiosos dedicados ao assunto. Sob o lema “Zero Novas Infecções, Zero Mortes e Zero Discriminação – Por uma geração livre de HIV e SIDA”, o país junta-se ao mundo nesta que é a quarta década desde a tipificação do vírus , rumo à uma caminhada para uma geração livre deste.

A luta contra o HIV e SIDA nos últimos anos mostrou que, a despeito dos avanços em matéria de tratamento antiretroviral, cujos ganhos começam a evidenciar o seu contributo na prevenção, a mudança de comportamento e toda a transformação social que a consciência sobre o fenómeno nos tributa, bem como a busca de modelos mais eficazes de prevenção são os principais antídotos para travar o seu alastramento e assegurar uma geração livre deste problema de saúde e de desenvolvimento na modernidade.

De acordo com o Conselho Nacional de Combate à SIDA (CNCS), assinalando o Dia Mundial de Luta contra o HIV e SIDA, Moçambique continua a enfrentar múltiplas batalhas neste campo: por um lado a necessidade de reduzir a incidência deste fenómeno, particularmente na mulher e criança e, por outro, o desafio de os adolescentes e jovens lograrem investir em comportamentos menos propensos ao risco de infecção com HIV na manifestação da sua sexualidade.

Por isso, e no contexto do Plano Estratégico Nacional de Combate ao SIDA, o CNCS e os seus parceiros nacionais exortam à Nação moçambicana “para se apropriar do desafio de assegurar que tenhamos uma geração livre do HIV e SIDA, através de um cometimento individual orientado para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, o que constitui a base para uma responsabilidade colectiva à volta do HIV e SIDA e do lema que vem iluminando o compromisso internacional neste domínio –Zero Novas Infecções, Zero Mortes e Zero Discriminação – Por uma geração livre de HIV e SIDA”.

Para o nosso país, a redução da mortalidade maternal, bem como de infecções transmissíveis de mãe para filho no contexto dos esforços de contenção do alastramento e consequências do HIV e SIDA no tecido social faz parte de uma estratégia nacional que se integra numa acção das mais enérgicas e prioritárias no combate a este mal.

Por conseguinte, o Lema Zero Novas Infecções, Zero Discriminação e Zero Mortes por HIV e SIDA que os Governos rubricaram quando da Reunião de Alto Nível na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, continua inabalavelmente a ser actual, inspirando as respostas nacionais em todos os países, rumo à redução e alcance das Metas e Objectivos de Desenvolvimento do Milénio traçados para 2015.

CATOLOGAÇÃO DE CASOS POR IDADE

Na epidemia do SIDA há a distinguir 2 tipos de factores impulsionadores:Estudos evidenciam que a transmissão heterossexual do HIV é responsável em mais de 90% das novas infecções do HIV nos adultos.

1.     O factor chave é a existência de relações sexuais concomitantes com múltiplos parceiros e sem/com baixo recurso à protecção pelo preservativo;

2.     Os factores contribuintes sociais e estruturais, por exemplo: a grande mobilidade populacional, as desigualdades do género e económicas, e comportamentais, como por exemplo: violência de género e sexual, consumo de álcool e droga, estigma, falta de comunicação sobre sexualidade, sexo e SIDA no seio da família.

A taxa mais elevada de prevalência de mulheresque vivem com HIV situa-se na faixa etária dos 15-24 anos, com números 2.5 vezes mais altos do que nos homens do mesmo grupo etário. Entre os 15-49 anos, a prevalência nas mulheres é aproximadamente 1.5 vezes mais elevada do que nos homens do mesmo grupo etário.

Há dois factoresque são responsáveis pela feminização da epidemia: os factores biológicos do sexo (as mulheres são mais vulneráveis à infecção do HIV devido à grande superfície da mucosa da vagina exposta durante a penetração sexual) e os factores culturais, que na opinião de alguns autores são os principais, tais factores podem ser:

  • O baixo poder das mulheres em negociar o preservativo;
  • A violência sexual;
  • E o sexo intergeracional, que consiste em mulheres terem como parceiros homens mais velhos – quase sempre por questões económicas – que podem, por sua vez, ter tido várias parceiras sem protecção, tendo assim maior probabilidade de estarem infectados.
  • Prevenção de transmissão vertical é todo o tratamento apropriado feito na mulher seropositiva para a não transmissão do vírus HIV para o filho durante todo o período de gravidez, durante o parto e na amamentação.
  • Prevenção combinada é um plano global de acções orientadoras e programáticas para prevenção e saúde da mulher. Conjunto de estratégias que converge diferentes programas e intervenções intra-hospitalar- tratamento, aconselhamento, testagem, adesão e retenção- com abordagens baseadas nas comunidades e suas respectivas lideranças.

METAS DEFINIDAS

PELO GOVERNO ATÉ 2015

O Governo de Moçambique traçou várias metas para melhorar a prevenção da transmissão vertical através da Declaração de Compromisso na Assembleia Geral das Nações Unidas de Junho de 2011, em que ratificou ao mais alto nível comprometendo-se até 2015 a:

  •  Eliminar a transmissão do HIV da mãe para o filho (até menos de 5 por cento).
  • .Expandir o acesso universal de intervenções mais eficazes de Prevenção da Transmissão Vertical a 90 por cento de mulheres grávidas seropositivas e suas crianças.
  • Melhorar o seguimento e reforçar a ligação unidades de saúde/comunidades.
  • .Melhorar o acesso e a qualidade da PTV, implementando intervenções de PTV mais eficazes.

Moçambique é um dos 22 países que contribui para o peso global de novas infecções. Assim o Governo endossou a Iniciativa Global de Eliminação da transmissão vertical (E-TV) e manteve o compromisso político para apoiar a aceleração do PTV rumo à E-TV estruturado em quatro pilares de acção.

  • Pilar1- a prevenção do HIV entre mulheres em idade reprodutiva (prevenção na população).
  • Pilar2- a prevenção de gravidezes indesejadas em mulheres vivendo com HIV (planeamento familiar).
  • Pilar3- a prevenção da transmissão do HIV de mãe infectada para a sua criança (PVT)
  • Pilar4- os cuidados e apoio as mulheres, crianças, famílias HIV positivo (tratamento e cuidados domiciliares).

Com base nestes pilares foram destacadas as seguintes acções prioritárias para reduzir a transmissão do HIV de mãe para o filho:

  • Maximizar a presença de conselheiros para apoiar principalmente no aconselhamento pré, pós-teste e aconselhamento contínuo nas consultas seguintes.
  • Intensificar as normas de re-testagem após 3 meses de teste negativo.
  • Efectuar testagem familiar.
  • Melhorar a logística do transporte e envio de resultados.
  • Reforçar o aconselhamento sobre aleitamento materno exclusivo, alimentação infantil e nutricional.
  • Implementar as estratégias integradas: grupos de apoio, mães para mãe, conselheiros integrados na SMI, educadores de pares, grupos de apoio a amamentação.
  • Envolver a família na saúde da mulher em PVT (marido, mãe, sogra9 proporcionando consultas coordenadas da família.
  • Monitorar o seguimento, melhorar a adesão a profilaxia e retenção em cuidados.

Mulheres contam com nova linha de tratamento

nha de tratamento

Mulheres grávidas e que prestam aleitamento materno beneficiam de nova linha de tratamento para a prevenção da transmissão vertical do vírus da imunodeficiência adquirida (SIDA). Trata-se da opção B+, uma terapia universal na qual toda mulher grávida ou em período pós-parto inicia o tratamento anti-retroviral independentemente do seu nível de CD4 ou estado clinico.

A implementação desta linha de tratamento no Sistema Nacional de Saúde iniciou em Junho do presente ano. Segundo a Directora do Programa Nacional de Prevenção da Transmissão Vertical, Nídia Abdula, apesar de estar a ser implementada no país de forma faseada, com apenas 496 unidades sanitárias a oferecer o serviço, já revela ser a terapia cuja intervenção tem provado ser eficaz do ponto de vista de saúde pública no que concerne à redução da transmissão do vírus de mãe para o filho.

Para a implementação da opção B+, o Ministério da Saúde formou em todo o país 1 009 enfermeiras de Saúde Materno-Infantil.

Nídia Abdula afirmou ainda que toda a mulher gestante deve proceder a testagem com vista a proteger e salvaguardar a saúde do seu futuro bebé. “Uma mãe que vai à consulta pré-natal, faz a testagem, acusa a presença do vírus e não recebe nenhum tratamento antiretroviral tem 35 por cento de possibilidade de passar o vírus de HIV ao seu filho”, explicou.

Ressalvou que a partir do momento que a mulher entra no programa de Prevenção da Transmissão Vertical reduz a probabilidade de transmissão.

 

Até o ano 2012, O Ministério da Saúde administrava às mulheres grávidas apenas a terapia A, que é profilática, o que difere da opção B+ pelo facto de a mulher administra o medicamento para toda a vida. Até o momento 654 unidades sanitárias no país estão a administrar a opção A de tratamento antiretroviral. 

 

Luísa Jorge

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana