Um menor de 11 anos de idade, Paíto Nelson, está a viver momentos conturbados na sua vida. Vive sozinho numa casa arrendada, no bairro do Infulene, província de Maputo, sem o amparo dos progenitores desavindos. O pai vive com uma namorada, no bairro de T3. A mãe está em Nacala-Porto, Província de Nampula.
A casa onde o pequeno Paíto Nelson vive foi alugada pelo seu pai, Nelson, nos princípios do ano, antes do abandono. Precisando ainda de orientações básicas para a vida, o menor depende da boa vontade dos seus vizinhos para comer, vestir, lavar a roupa ou mesmo banho.
Diga-se que se não fosse a sensibilidade destes, o pequeno estaria a vasculhar lixeiras de Maputo ou Matola para sobreviver.
Frequentou a primeira classe, em 2012. No ano passado só estudou nas primeiras semanas e interrompeu. Uma das causas que o levou a abandonar a escola é porque quando voltava para casa não apanhava nada para comer e nem sabia a quem recorrer.
Conta-se que nos primeiros meses as pessoas do bairro não viam com bons olhos a presença do pequeno Paíto nas suas casas. Algumas mães eram surpreendidas na mesa com os filhos acompanhados pelo miúdo e quando perguntavam, diziam que era amigo deles e estava com fome.
Mas ao andar de tempo os pais acabaram percebendo que efectivamente o menino Paíto estava a viver uma fase muito delicada na sua vida e que precisa realmente de ajuda.
Para perceber melhor a história escalamos aquele bairro residencial. Vasculhamos as ruas até que finalmente o encontramos na companhia de outras crianças.
Simpático, Paíto é amigo de todo mundo. A nossa conversa decorreu numa das barracas que funcionam naquele bairro. Sobre o paradeiro do seu pai não soube dar-nos informações bastantes que nos pudessem conduzir à sua localização.
Disse apenas que o pai é carpinteiro e vende a sua mercadoria no mercado da Malanga ou mesmo nas imediações da Cadeia da Machava.
Também ficamos a saber que nalgum momento pai e filho residiram na casa da nova namorada do pai mas devido aos maus tratos que eram infligidos pela madrasta, nomeadamente espancamento e privação de alimentos, conduziram o próprio progenitor a mandá-lo para a casa onde actualmente vive sozinho.
VIZINHOS COMOVIDOS
As famílias vizinhas do Paíto estão sensibilizadas com a situação. Decidiram então contribuir para a alimentação deste. Disseram ao domingo que já houve tentativas de “adopção” do Paíto mas quando o pai soube mandou informar que não queria nada disso.
Contaram também que recentemente, uma senhora que reside na baixa da cidade de Maputo acompanhou a história prontificou-se em levar o miúdo para viver com ela mas foi em vão.
Curiosamente, alguns dias depois da nossa passagem pelo bairro residencial de Paito, o pai ligou-nos dizendo que estava disposto a contar a sua versão dos factos mas nunca mais voltou a manifestar-se.
Abibo Selemane
habsulei@gmail.com