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MISAU preocupado com frequência de febre reumática

Por admin

O Instituto Nacional de Saúde reuniu semana finda com diferentes entidades da saúde para debater a situação da febre e cardiopatia reumática no país e alertar para a necessidade de se criar um Programa Nacional para Prevenção e Controle da mesma.

Olga Mocumbi, directora do Instituto Nacional de Saúde(INS) explicou ao domingo que a intenção  de criação de um Programa Nacional deve-se ao facto de a febre reumática já ser considerada problema de saúde pública no país.

No nosso país a cardiopatia reumática representa a principal causa de doença cardiovascular adquirida em população jovem e nas crianças. Neste âmbito, 88 por cento das intervenções cirúrgicas cardíacas são de origem reumática”, disse a nossa entrevistada.

A predominância desta doença no país tem também a sua origem na pobreza.     Nos países pobres ou em vias de desenvolvimento, esta enfermidade está associada a má nutrição, infecções, alcoolismo, tuberculose entre outras causas.

Dado o facto de o país não possuir ainda um programa de prevenção e controle da febre e cardiopatia reumáticas, o Instituto Nacional de Saúde iniciou o treino de profissionais de saúde para o seu diagnóstico e tratamento precoce.

A febre reumática constitui uma das prioridades de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde (INS) que iniciou actividades de vigilância epidemiológica no Hospital  Geral de Mavalane, onde se encontra o seu posto de sentinela para doenças  crónicas.

De notar que até o momento o país possui apenas um estudo de despiste ecocardiográfico, realizado no ano 2006 na população escolar da área de Mavalane na cidade de Maputo. O mesmo mostrou que num universo de 1000 crianças, 30 possuíam problemas cardíacos reumáticos.

O que é febre reumática

A febre reumática é considerada uma complicação tardia de uma infecção por uma bactéria chamada de estreptococo. Esse tipo de infecção é muito comum, mas a doença apenas se dá em indivíduos predispostos para tal complicação.

Do total de pacientes que sofrem a infecção, cerca de 2,5 a 4% desenvolverão o quadro, que inicia cerca de 1 a 3 semanas após a infecção. Em geral, acomete crianças a partir dos 3 anos de idade sendo mais comum na faixa dos 7 aos 14 anos. As crianças pobres estão mais expostas à infecção pelo estreptococo e, logo, tem mais chances de desenvolver a doença. As meninas parecem apresentar uma predisposição um pouco maior que os meninos para a Febre Reumática.

O quadro clínico clássico consiste em uma criança que teve um quadro de amigdalite ( dor de garganta, febre) e que cerca de 15 dias após a infecção, inicia com dores articulares acompanhadas de sinais de inflamação (inchaço, calor, vermelhidão local e incapacidade de utilizar a articulação pela dor) em geral em punhos, tornozelos e joelhos aparecendo num padrão "migratório", ou seja, a dor e os sinais de inflamação "pulam" de uma articulação para a outra.

Também nessa fase, podem aparecer manifestações cardíacas como falta de ar, cansaço e sopro cardíaco, mas em geral o acometimento cardíaco se dá de forma pouco expressiva. Outro local de acometimento é o Sistema Nervoso Central, ocorrendo o aparecimento de coréia, ou seja, o surgimento de movimentos descoordenados, involuntários e sem finalidade acometendo braços ou pernas unilateral ou bilateralmente.

Causas

Como já foi dito, trata-se de uma complicação de uma infecção por uma bactéria específica, o estreptococo. O que ainda não se sabe explicar é por quê alguns indivíduos a desenvolvem.

A princípio, é considerada uma doença auto-imune, ou seja, decorre de um distúrbio do sistema de defesa do organismo, que passa a atacar tecidos do próprio paciente, gerando a doença.

Tratamento

Visa, primeiramente, a erradicação da infecção pelo estreptococo. Essa infecção é mais comum em ambientes de baixo nível sócio-económico, onde vivem um número grande de pessoas em pequenos espaços facilitando a proliferação da infecção. Como as condições gerais de vida da população melhoraram, tem-se visto infecções com menos freqüência, tratando-se melhor os pacientes com infecção já estabelecida. Esse tratamento é feito com base no uso de antibióticos.

Para os pacientes que já desenvolveram a febre reumática, o tratamento é específico para a região envolvida: uso de repouso e antiinflamatórios nas artrites, medicamentos específicos para o coração, corticóides e repouso absoluto na cardite (inflamação do coração), drogas específicas para o Sistema Nervoso Central e corticóides para a coréia.

Após a crise, coloca-se o paciente em um esquema de prevenção da infecção pelo estreptococo, usando-se a penicilina benzatina a cada 21 dias. Se ocorreu o envolvimento cardíaco, deve-se usar a profilaxia para o resto da vida ou, na impossibilidade disso, até os 30 a 35 anos de idade. Nos pacientes não portadores de lesão cardíaca, fica determinado seu uso até os 18 anos de idade.

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