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Fiquei chocado com violação de aluna grávida

Por admin

A nossa conversa de hoje é com Domingos Chale Jemusse, professor. Formado pela Universidade Pedagógica, lecciona desde o ano de 1989. Actualmente é Director Pedagógico da Escola Secundária Mateus Sansão Muthemba.

 Para este professor, a segurança e ordem na escola são fundamentais para o sucesso de um estudante. Foi marcado pela negativa pela violação sexual de uma aluna grávida, motivo que o catapultou para a luta contra todas formas de violência nas escolas por onde tem passado.

Depois da Escola Primária Completa de Noroeste 1, esta é a segunda escola onde implementou o combate a todas formas de violência no recinto escolar. O que lhe motiva a lutar por esta causa? Tudo começou quando dava aulas na Escola Primária CompletaNoroeste 1, no curso nocturno. Certo dia, aconteceu algomacabro no campo da escola. Uma aluna grávida foi violada pormarginais que invadiram o recinto escolar. Já acompanhava actosde vandalismo perpetrado por marginais até contra professores,mas aquele caso chocou-me.

Como implementou o programa de luta contra violência? Comecei a dar aulas na Escola Primária Completa de Noroeste1 em 1989 e saí em 2011. A dado momento ascendi ao cargode coordenador do sector pedagógico. E no curso nocturnotínhamos alguns polícias a frequentarem a 10ª classe.

Decidimos fazer uma parceria com a PRM. Eles policiavam a escola e em contrapartida nós abríamos vagas para polícias interessados em beneficiarem de ensino gratuito. Passamos a ter dois polícias à paisana no recinto escolar. Proibimos as pessoas de ficar no portão da escola. Qualquer sinal de marginais ligava-se à Polícia que vinha recolhê-los à esquadra…

Sente-se confortável mesmo sabendo do risco de vida que corre?

Assumi esta luta mesmo tendo consciência do risco que corria. Na “Noroeste 1” quando os marginais se sentiram ameaçados começaram a perseguir-me. Certa vez fui ameaçado com uma arma de fogo à saída da escola. Estavam habituados à impunidade. Alguns marginais eram alunos das escolas e ameaçavam os próprios professores para lhes dar nota no final de ano. Outros estavam envolvidos com drogas.

Alguma vez passou por isso?

Sim. Na “Noroeste 1” tive um aluno na décima classe que se recusava a fazer testes e acabou excluindo à secção de letras. Os meus colegas tinham medo dele. Aconselharam-me a dar-lhe nota. Não fiz isso e acabou reprovando. Por isso procurou-me e chegou a agredir-me.

Participei o caso e dias depois foi preso. Até que recebi na minha casa os pais que imploraram-me que retirasse a queixa pois estava sendo levado o caso ao tribunal. Fiquei sensibilizado e voltei atrás.

Factualmente qual é o cenário que se vive na Escola Primária Mateus Sansão Muthemba?

Os marginais invadiam mais a escola no curso nocturno. Chegou-se a ponto dos marginais que tinham as suas namoradas a estudar aqui, invadirem a escola e sabotar as aulas. Chegaram até a ir ao transformador e desligar o disjuntor que fornece-nos corrente eléctrica para parar com as aulas. No momento estamos a combater outros problemas ao nível interno que é o consumo de drogas como a soruma e álcool. Conseguimos encontrar 16 membros. Desfizemo-la e confiscamos os telemóveis. Prometemos devolvê-los no final do semestre se eles aprovassem. Caso contrário, dissemos que perderiam o direito a matrícula.

Luísa Jorge
luísajorge@snoticias.co.mz
 

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