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OS MEDOS E TRUQUES DA RENAMO!

Por admin

Não nos escapa à análise os últimos acontecimentos vividos no país, particularmente, a barbárie perpetrada pela Renamo, que se “acusa”, sem provar, ter lutado pela democracia e manter um 

verdadeiro exército, em manifesto contra-mão aos ditames de um Estado de Direito Democrático. Para nós, os ataques a alvos civis são apenas o culminar do que em tempos já vaticinávamos, apesar de termos sido vilipendiados só porque não defendíamos posições que alguns pretendiam.

O comportamento da Renamo é resultado de avaliação que ela mesmo fez: a menos que haja um cataclismo, é pouco crível que a Renamo alcance o poder pela via de eleições nos próximos 20 anos (apenas porque não pretendo ser mais cruel). É que pelo trabalho desenvolvido pelo Partido Frelimo nos últimos tempos, com um forte enraizamento nas bases e o legado que já vai sendo deixado pelo Presidente Guebuza – apesar de reinar ainda uma certa percepção e visão selectivas quanto ao imenso qualitativo  trabalho consubstanciado na liderança do Presidente – aliado a um total desnorte da Renamo, esta sabe que não tem argumentos suficientes para contrariar a tendência do voto. Por assim ser, vai ensaiando alguns truques falaciosos para aceder ao poder, sem necessidade de degladiar nas urnas.

Como primeiro truque tentou fazer crer que deviamos voltar a discutir o Acordo Geral de Paz, mas como demonstramos, a seu tempo, que este documento cessou a sua vigência com a tomada de posse dos órgãos democraticamente eleitos em 1994, ensaiou um ataque a alvos civis, em Muxúngué, sem não antes ter convovado a imprensa para Santunjira, com o fito de anunciar uma suposta mudança da ordem política em Moçambique, dando a sensação de se tratar de uma “virgem ofendida” o que, estranhamente, mobilizou a simpatia de alguns que horas antes a diabolizavam e maldiziam o seu líder. Estamos em crer que as guluseimas e cervejas servidas catalisaram esta brusca e repentina mudança de posicionamento.

Os primeiros ataques da Renamo a alvos civis representam a primeira chantagem, visando forçar o Governo a satisfazer as suas exigências, uma vez que dias depois, em carta dirigida ao Presidente da República, solicitam o início de uma ronda de conversações, visando por fim ao que chamaram de  instabilidade política – por eles criada. Aqui, uma vez mais, usando artifícios jocosos, a Renamo queria que se discutisse subtilmente o AGP, tendo por base as pré-condiçoes apresentadas: a libertação incondicional dos detidos na sequência dos ataques, apresença de observadores no processo de conversaçoes e a retirada das Forças de Defesa e Segurança posicionadas em Gorongosa. Foi relativamente fácil desconstruir esta tese, sendo que a própria Renamo abandonou as citadas pré-condições, o que dava a ideia que estava criado o ambiente para prosseguir-se com um diálogo franco e aberto.

A outra forma de chantagem que a Renamo encontrou e pôs em prática é a de voltar a protagonizar actos que melhor domina: usar o povo como seu escudo e com recurso a armas exigir, entre outros, paridade na Comissão Nacional de Eleições. Apesar de ter havido quem tentasse dar a entender que os ataques poderiam ter sido perpretados por “fantasmas”, não pderiamos dissoci­á-los (os ataques) do carregado discurso belicista do seu líder, do Secretário-Geral e de outros quadros e, mais recentemente do Sr Jerónimo Malagueta. O mais caricato em disto tudo é que quem faz declaração de guerra passeia a sua classe em Maputo, sorvendo cervejas, assitindo programas de televisão sentado em poltronas confortáveis, á custa dos impostos pagos pelas pessoas que estão sendo sacrificadas na Estrada Nacional n 1, a pretexto de se procurar defender o mesmo povo que é sacrificado. Aliás, uma vez que não faria sentido voltar a discutir o AGP, estando o país em paz por 21 anos, a Renamo optou por protagonizar ataques, para fazer crer que a paz não é efectiva e que está em posiçao de força para fazer exigencias. Portanto, o que a Renamo quer é guerra por ela protagonizada, para criar condições e se sentir com legitimidade para se discutir um novo AGP.

A nosso ver, a Renamo ainda não disse claramente ao povo moçambicano quais a suas reais pretensões, pois mesmo que houvesse uma alteração pontual a lei da CNE, acomodando a referida exigência de paridade, não custa perceber que a Renamo não estaria preparada para os pleitos eleitorais. Basta ver o nível de total desorganização a que ela está votada – pelo menos na componente política – para concluirmos que o objectivo central é acomodar alguns quadros seus, sem necessidade de eleições. Perguntamos, a propósito, se ao nível deste movimento foi aberto o ciclo eleitoral, mormente a escolha dos candidatos para as Assembleias Municipais e Presidente do Conselho Municipal.

Por outro lado, para a Renamo, dialogar significa o Governo acolher a tudo o que Afonso Dhlakama e seus acólitos querem, mesmo que isso signifique pontapear a Constituição da Repúbliva, violar o princípio de separação de poderes e esvaziar a vontade popular, que legitimou o actual Governo e Presidente da República com mais de 75% de votos. Seria o mesmo que por um Governo a reboque das pretensões da Renamo, em claro contraste com as regras democráticas que a Renamo diz defender. Justamente porque o Governo não ve como possa agir fora do quadro constitucional vigente e, por isso, desatendendo os caprichos da Renamo, o caminho fácil é o de chamar o Governo de arrogante e inflexível. Está em execução, de novo, a estratégia de auto-qualificaçao de virgens ofendidas.

Aliás, seria bom que o Governo e a Renamo tornassem público o teor integral das matérias em discussão com a Renamo e as propostas concretas que esta apresenta. Assim é porque, por exemplo, no que à paridade na Comissão Nacional de Eleições diz respeito, o que a Renamo quer é apenas integrar mais 3 membros do que os que tem direito por lei? É que se for isso, lembrando a maturidade política do Governo e do Partido Frelimo, não vejo  que isso possa consituir óbice de monta. Porém, não me parece prudente elaborar muito sobre isto enquanto não tivermos a clareza do que efectivivamente a Renamo entende da chamada paridade nos órgãos eleitorais, despartidarização do Estado, despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e nas chamadas questoes económicas. Embora haja quem de boca cheia já emita posições e que por isso lhe confira direito para chamar o Governo de arrogante, prefiro voltar a aflorar esta matéria assim que estiver claro o que realmente a Renamo pretende.

Mas com esta panóplia de factos sou compelido a concluir que a Renamo está agir com chantagens e ameaças, com o fim de levar o Governo acomodar as suas pretensões, todas elas inconstitucionais, o que se resumiria em voltar ao formato do Acordo Geral de Paz. pois sabe que por via democrática não irá alcançar o poder, como reflexo da sua total desorganização.

O tempo será o nosso juiz.

PS: Acho que chegou a altura de exigirmos a Renamo que se posicione definitivamente, dizendo se pretende continuar a fingir fazer politica, vivendo dos impostos dos moçambicanos ou se prefere juntar-se ao seu líder em Santunjira a protagonizar ataques contra moçambicanos indefesos. Ela não nos pode fazer crer que existem duas Renamos com missões diferentes, mas sob “umbrella” do mesmo líder – uma para matar e outra para entreter o povo com política.

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