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Do boicote do diálogo pela Renamo

Por admin

…..ou a confirmação do insucesso da tentativa de transformação de um movimento armado em partido político?

Seria suavizar demais as manobras da delegação da Renamo junto ao governo, na mesa do dialogo, chama-las tão simplesmente de boicote.

Deste grupo, Renamo, antigo, diga-se, esperam-se outras coisas, colaboração, sentido de estado, coerência, prudência, lucidez, etc, atendendo ao seu actual e quase findo estatuto de maior partido da oposição, ou mesmo a sua auto intitulada máxima de ter sido ele, o ainda movimento armado, que trouxe a democracia como se depois da independência tivesse tido paciência de esperar para ver o que se seguiria.


O boicote, em diálogo de seriedade do nível do que está em curso, não pode ser esperado da parte de quem o solicitou. Poderia ser por parte de um terceiro qualquer, mas nunca por parte de uma das delegações. Uma, ja dissemos, por ter solicitado o diálogo e outra, por ser o governo em legítimo exercício do seu mandato, mandato conferido pelo povo, em eleições descritas aqui e lá como tendo sido justas, livres e transparentes.


Poderia, o boicote, ser perpetrado por um grupo de marginais que, sem perceberem a importância do normal curso das abordagens em curso, fossem ao centro de Centro de Conferencias Joaquim  Chissano, tocar apitos, tambores, fazer barulho, e com isso impropiciar a realização da conversa ou dialogo.


Poderia ser também, de um grupo de pessoas que tendo sido habituadas ao mato, onde o espaço se mostra tão grande e a acústica larga, permitem que  A grite e faça o mais alto barulho que a sua voz pode produzir, sem que com isso B se perturbe.

Poderia ser ainda, um grupo de pessoas que, estando em lugar incerto, mas afinal certo, onde supostamente poucos as conseguem ver, pelo menos a olho nu, fizessem, donde estivessem, tanto barulho tal que as pessoas reunidas no Centro de Conferências Joaquim Chissano, não mais conseguissem conversar e ouvir umas as outras.

Sim, num dos casos que referi a acima e noutros análogos, poderia eu aceitar que há boicote ou de qualquer outra forma equiparável a aquelas.


Doutro modo, e entendo ser este o caso, deveremos ser cautelosos ao qualificar as atitudes da Renamo na mesa do dialogo com governo, tendo sempre por base a importância deste grupo de cidadãos moçambicanos, enquanto actores políticos, os mais antigos depois da própria Frelimo, eles enquanto movimento armado que desestabilizou o pais durante 16 anos, e esta enquanto movimento de libertação nacional rumo a independência nacional, isso ontem, e hoje rumo ao desenvolvimento, mais tarde ambos transformados em partidos políticos.

Eles enquanto actuais proponentes e exclusivos actores da actual desestabilização político-militar a que alguns intitularam crise, e estes últimos enquanto governo legitimo e ciclicamente eleito para governar o pais.


Nesta última parte, das transformação dos dois em partidos políticos, começa o reboliço comportamental da Renamo a que interessa lançar mão, principalmente porque há círculos moçambicanos que tendem a reduzi-lo a um simples boicote.

A Renamo não boicota porque ela tem muito interesse no desfecho do assunto.
Ela, a Renamo, não boicota e nunca vai boicotar porque o maior interesse dela está no encerramento do processo de integração dos seus homens, das suas lideranças, dos seus assessores de imprensa e outros. Ela está profundamente preocupada com isso.

O governo, aceitando as colocações da Renamo, já iniciou o acolhimento das chefias e de assessores de imprensa e outros da Renamo, ao nível de órgãos como comissão nacional e provinciais de eleições.

A Renamo, não percebeu a razão por detrás da qual o governo acomodou e aceitou alguns absurdos e de tudo fez para que alguns fossem inclusivamente enquadrados nalgumas leis.


Não percebeu, a Renamo, que o governo não o fazia porque houvesse fraqueza no exército. Não percebeu ainda que os homens armados da Renamo são também moçambicanos, até prova em contrário, e que nessa condição de serem nossos concidadãos, a sua vida, vivência e sobrevivência também preocupam o Estado, que não pode, só porque actuam ilegalmente armados, decidir por assim dizer, dar-lhes cabo a todos como forma de garantir a paz. Não percebeu ainda a Renamo que, ao governo que dirige o Estado, o óptimo seria que todos os homens armados da Renamo fossem encontrados vivos e reinseridos na vida social e económica do país, com todo atraso que a paixão pelas armas e pelo sangue humano derramado lhes provocou, sem uma única morte e que este constitui o motivo essencial porque não há uma espécie ataque por parte das forças de defesa e segurança mas apenas retaliações com carácter defensivo e de protecção as populações. Não, não percebeu. 


Não percebeu a Renamo ou percebeu muito de lado, a atitude do governo, e, por causa das suas primeiras colocações, aceites pelo governo, ela embalou na loucura de acreditar que se tratava de uma auto estrada sem sinalização, quer dizer, acelerar, acelerar, acelerar e que os peões acabarão fugindo da faixa de rodagem. Que leitura!


A Renamo, faz mais do que um boicote, ela SABOTA o diálogo, isso sim ela muito bem capaz. Sabota e no interesse próprio. A sabotagem, desta feita, consiste em paralisar o diálogo, colocando na mesa questões que nunca se ouviu em parte alguma terem sido colocadas a um governo legítimo e por quem esteja na oposição. Quer dizer, a única coincidência que identificamos aqui entre a sabotagem e o boicote esta no facto de com ambas resultar o não avanço, o susto do povo, o suspense, a discórdia, a confusão, a incerteza popular, o medo, etc.


O que dissemos acima, torna-se muito preocupante quando lembramos que se trata de um movimento armado que há mais de vinte anos vem ensaiando a sua transformação em partido político. A conclusão sobre o facto de, efectivamente, o movimento armado ter logrado esse desiderato deverá ficar ao critério de cada um sendo porém facto assente que como movimento armado, continua, e infelizmente nesse sentido continua um grupo de impacto, não se podendo, nem mesmo de esguelha dizer o mesmo na perspectiva de partido político.


De 1992 a esta parte o que se tem visto, é um grupo armado encarnado num pseudo-partido político, que, de entre outras situações:

·         Não percebe o estado e seu funcionamento.

·         Não aceita as leis mesmo as aprovadas com a sua participação e aclamação.

·         Não respeita as instituições e seus dirigentes mas quer dirigi-las.

·         Não participa em eleições quando entende e quer governar.

·         Quando participa em eleições sonha sempre fraudes e acorda e as pronuncia.

·         Não percebe o estado de direito democrático sobre que diz ter lutado.

·         O seu líder, desaparece da sua casa e fica em lugar incerto, mas certo e de la fala e lança impropérios à nação, assusta os moçambicanos, faz pedidos e imposições sem sentido.

·         Promete paz e faz guerra.

·         Mantém um exército armado na mata e outro verbal mas que ao falar quase cria o mesmo impacto que os disparos, nas cidades, mesmo sabendo que tal contraria a lei dos partidos políticos e se auto ilegaliza.

·         Apresenta-se com discursos contrários a ordem pública e tranquilidade dos moçambicanos, ameaçando dividir o país em partes, carregando armamento de um lado para outro.

·         Seus porta-vozes insultam os dirigentes do Estado e ameaçam o povo mais ou menos com o mesmo prazer com que os artistas cantam suas melhores composições a tal ponto de um deles ter chegado a ser detido, correndo ainda os tramites judicias do seu processo.

·         Seus membros, a todos os níveis, assaltam instituições, matam e ferem cidadãos moçambicanos.

·         Etc etc etc.


De um grupo que se dedica as acções acima elencadas e a muitas outras nefastas ao processo de paz e desenvolvimento o que se dirá? O que se chamará? Moçambicanos normais? Simpáticos com o povo? Honestos consigo mesmos? Prudentes? Exército paralelo? Padres? Artistas? Crianças? Bandidos? o quê? Políticos é que não podem ser pois a política tem um conjunto de orientações éticas para que delas se aproveitem os que nela se metem.


Na política não pode funcionar a lei de que quem mais estupidamente conseguir falar mais razão tem em relação aos outros. Quem mais ameaças proferir ao povo via imprensa mais razão tem. Quem mais dirigentes e famílias importantes dos pais insulta tem razão. Etc, etc, etc.

Não devemos ser ingénuos e devemos sempre procurar aferir de tais bocas que só sabem pronunciar insulto e ameaça, a sua limpeza, prudência e intenções, longe do que parece.

Devemos, vinte e tal anos depois, nos questionar sobre onde cada um de nós terá cometido o erro no insucesso da tentativa colectiva dos moçambicanos para a urbanização e transformação do movimento armado Va ma tsanga em partido politico Renamo.

Sob o ponto de vista estritamente legal, toda a legislação respeitante ao assunto político ilegaliza a Renamo. Por tanto esforços que fizéssemos, nunca lograríamos enquadrar legalmente as atitudes da Renamo no contexto de um Estado de Direito Democrático. Só se pode perceber a sua contínua existência como Partido Politico no quadro da compreensão e paciência excessiva dos moçambicanos, mal compreendia pela Renamo, que nos toma a todos por loucos e sem capacidade de lhe analisar a incongruência politica com que actua e contundência bélica contra o povo que com suor e sacrifício fiscal, remunera benesses de seus membros no parlamento e já agora na CNE, CPEs e sei lá onde mais.

Sob ponto de vista social, perdemos a batalha de se ter tentado inculcar nas pessoas que os matsangas ja não existiam porque se tinham transformado em pessoas normais e são nossos irmãos, porque a própria Renamo não consegue se desligar do seu modus operandi. Matar pessoas, queimar casas e destruir edifícios públicos, saquear, assaltar, etc, continua a ser o seu forte e se assim continuar, de forma definitiva, não será possível evitar que as pessoas retomem aquela designação.

Cabe a própria Renamo a escolha de se consolidar como Partido Politico e com isso manter a designação de POLÍTICOS para os seus membros ou, continuar com o actual comportamento e com isso nós, o povo, não termos outra hipótese e retomarmos a designação de seus membros, todos eles incluindo os que habitualmente falam em nome dos outros, de va ma tsanga, vaku dlaya vanu, vaku balesela, vaku hisa tiyindlu, vaku yiva tihomu, etc etc etc(que matam pessoas, que disparam, que queimam edifícios, que robam gado bovino, etc etc etc).

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