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Meu azar é ser temido por todos

Por admin

Paulo Jorge recusa-se a ser chamado de ex-pugilista. Argumenta que só parou de combater devido a falta de adversário no país. O patrono da academia que leva seu nome recorda que “chegou certa altura em que todos procuravam alterar seus pesos para não calharem comigo em nenhum evento, então passei a não ter adversário, o que muito me dói.”

Para o pugilista, a prática de boxe corresponde a fazer exercícios físicos todos os dias.

“Faço boxe como exercício físico. Sempre que tenho alguém para bater sinto-me bem. Infelizmente, todos têm medo de combater comigo. Isso mesmo, tenho azar de ser temido por todos”, confessa.

E garante que a sua academia forma atletas e não bandidos.

“Temos que fazer algo para a divulgação e popularização do boxe no país como desporto e não como modalidade de defesa pessoal. A minha academia, apesar das inúmeras dificuldades para o seu funcionamento, tem procurado formar bons pugilistas que, infelizmente, são preteridos pelo gabinete técnico da federação. São pugilistas descobertos e treinados por mim e por Eduardo Eduarte, um grande treinador de boxe.”

Paulo Jorge faz saber que o boxe “não é modalidade de marginais ou de pessoas que não pensam. É, isso sim, a nobre arte que também tem aulas teóricas. Estuda-se.”

Apesar de dizer que sempre lhe apetece bater em alguém, Paulo Jorge defende que “o pugilista não pode andar a espancar pessoas na rua, deve protege-las, separa-las quando estiverem a lutar.”

PRONTO PARA COMBATE DO ANO

A Federação Moçambicana de Boxe tem planeado para Junho um combate de boxe semiprofissional, que servirá para a modalidade assinalar de boa maneira os 40 anos de Independência Nacional.

Até aqui apenas se sabe do nome de um dos intervenientes desse combate, que é Paulo Jorge. O oponente ainda é incógnito.  

“Desde que me disseram que em Junho vou combater, intensifiquei os treinos. Sempre me treino, mesmo sem prever combate”, afirma Paulo Jorge.

Tudo indica que dentro de dias haverá assinatura de confirmação da realização do referido combate, que mexe com Paulo Jorge.

“As minhas mãos já andam com comichão, pior quando me falam desse combate, que poderá servir de prova que neste país não tenho adversário.”

Quanto ao valor a ser atribuído ao vencedor do combate, Paulo Jorge considera ser baixo.

“O dinheiro proposto para o prémio do combate é pouco. Cinquenta mil meticais é pouco dinheiro. Foi o que recebi da vez que venci Nelson Benjamim (falecido), o que já era pouco. Desta vez deve ser um valor maior, com o qual eu possa apetrechar a minha academia de equipamentos que não tem”, sublinha, sem, no entanto, pôr em causa a efectivação do combate de Junho, que acontecerá em uma noite de gala de boxe.  

A federação e associações

prestam mau serviço

A seguir os socos de Paulo Jorge são direccionados à FMBoxe e as associações provinciais, sobretudo a da capital do país.

“É fácil notar que a federação e as associações provinciais funcionam sem programas de trabalho. Somos comunicados da realização de provas repentinamente, o que é muito mau. Numa quarta-feira  se comunica que na sexta-feira haverá combates desta ou daquela prova. O que é isso? Os clubes e as academias devem conhecer o programa anual da associação. Só desse modo teremos pugilistas preparados para cada prova agendada”, lamenta.

Da federação, Paulo Jorge ataca a comissão técnica e começa por dizer que “tenho um campeão nacional dos 91kg, Leonécio Inácio Chidambo, e um vice-campeão dos 49kg, Manuel Alberto, que não são chamados à selecção nacional. Afinal, quem são os que vão à selecção nacional, os bons ou os maus? Com esses privilegiados quantas medalhas de ouro foram ganhas no campeonato regional realizado recentemente na África do Sul, em masculinos?” 

E vai mais longe afirmando que “não podemos brincar com a Bandeira Nacional. A selecção não se faz por mera indicação da comissão técnica. Tem de ser constituída por melhores pugilistas do país e não por sobrinhos, primos, enteados, amigos dos elementos da comissão técnica ou da federação no seu todo. O país não pode continuar a ser defraudado por interesses mesquinhos de um grupinho de indivíduos que se consideram donos do boxe nacional. Quando se leva medíocres para a selecção, os bons desistem da prática de boxe. No geral o nosso boxe está bastante crítico.”

Manuel Meque

malembalemba@gmail.com
fotos de César Bila

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