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Quero devolver alegria ao futebol

Por admin

Manuel Chang está na corrida para suceder Feizal Sidat no cargo de presidente de direcção da Federação Moçambicana de Futebol (FMF). Em entrevista ao domingo, o economista justifica haver necessidade urgente de devolver a alegria ao futebol moçambicano e o público aos estádios.

Chang assumiu recentemente a candidatura para dirigir a FMF, em resposta a um convite que lhe foi formulado pelo movimento Futebol para o Futebol, alicerçado na Associação de Veteranos de Futebol de Moçambique.

O candidato ainda não possui um manifesto para apresentar publicamente, mas adianta que o mesmo está a ser aprimorado, devendo aglutinar ideias de Cremildo Goncalves e Tico-Tico, os quais, lideravam grupos com intenção de submeter candidaturas.

Em entrevista ao nosso jornal, Manuel Chang assume as razões do desafio que assumiu, esclarece que pode ser deputado e em simultâneo presidente da federação e responde que não é estranho ao futebol nacional.

De resto, Chang lembra que jogou futebol federado na Académica e no Nacional Africano e sempre fez questão de vincar no seu curriculum que é apaixonado pelo futebol.

O que o leva a candidatar-se a presidente da federação de futebol?

Primeiro porque me considero futebolista, gosto de futebol, também considero que o movimento Futebol para o Futebol traz um programa sério, as pessoas que estão atras deste programa também são sérias. O manifesto que está em preparação, mesmo a constituição do gabinete de apoio ao candidato são coisas sérias, por tudo isso acabei aceitando este desafio. Também quero ajudar no desenvolvimento do futebol. Não posso dizer que agora não está bem, mas o que queremos é muito mais. O futebol tem de se desenvolver mais em termos de competição, tanto interna, nos clubes, como em competições externas dos clubes e também da selecção nacional. Seria bom que estas equipas em competições internacionais trouxessem mais alegria ao povo moçambicano. Como se diz muitas vezes o futebol é um dos alimentos do povo e nós queremos que o povo esteja sempre alegre, portanto, a ideia de que devemos devolver alegria ao futebol, devemos devolver as enchentes ao futebol, está subjacente naquilo que são os meus ideias em relação a esta candidatura.

É nessa perspectiva que convidou figuras como Tico Tico e Cremildo Goncalves?

É no sentido de que eu candidato-me não para mim pessoalmente, mas candidato-me para juntar-me aos outros e tentarmos resolver os problemas do futebol. Sei que eles são uma mais-valia para esta campanha, tanto o Cremildo, como o Tico-Tico são figuras importante que deram muito ao futebol. Mas há outros como Nuro Americano, Jota-Jota, Naldo, são pessoas importantes que julgo que podem trazer muito mais conhecimentos aos mais jovens nesta ideia também que está subjacente de formação. Penso que teremos que apostar seriamente na formação de jogadores, criação de competições de infantis, juvenis, juniores, é preciso haver um movimento muito grande. Julgo haver vontade de todos nós, mesmo de pessoas que estão fora do futebol, que nos falam que podem ajudar e se isso acontecer penso que podemos mudar as coisas.

Olhando hoje para o futebol nacional, o que mais lhe alegra e o que mais lhe entristece?

O futebol não é alegre, não há alegria, quero que se volte àqueles tempos do Estádio da Machava que as pessoas iam vibrar, as pessoas tem de vibrar pelo futebol. Se há um jogo que não há nada, na verdade as pessoas acabam não indo, isto é que me entristece, penso que o futebol pode fazer mais. Sou dos tempos que só o campo do Xipamanine para nós era uma alegria estar ali a jogar e as pessoas estarem a vibrar. O que me entristece é não haver essa alegria e nós estamos apostados em trazer essa alegria de volta ao futebol.

Como espera emprestar a sua imagem ao engrandecimento do futebol moçambicano?

Acho que o convite da forma que veio, percebi que se acredita que posso encontrar mais-valia para o futebol usando os conhecimentos que tenho. Não é um convite para substituir seja quem for, mas para ajudar a desenvolver o futebol.

Quais são os pontos fortes que identifica neste futebol?

O principal ponto forte é que Moçambique é uma fonte de talento por natureza, o problema é que não estamos a saber utilizar esse potencial que temos. É por isso que falo de formação e aproveitamento de talentos, corrigir os defeitos que os miúdos possam ter e permitir que possam crescer e eles crescendo cresce o país e cresce o futebol nacional.

À primeira vista para aqueles que vivem o quotidiano do futebol, quando ouviram o seu nome como candidato levantaram várias questões, considerando-no uma pessoa estranha ao futebol. Qual é o seu comentário?

Não sou estranho, quem quiser pode verificar o curriculum oficial, no fim está indicado lá que gosto de futebol e que pratiquei futebol na Académica e isso esteve sempre no meu currículo quando integrei o Governo. Na primeira apresentação da minha candidatura, na sala estava cheio de pessoas que me conhecem como praticante. O Altenor Pereira foi meu treinador na Académica, o Nuro Americano quando estava nos seniores eu jogava nos juniores, O Dr. Achirafo jogou comigo no Nacional Africano, as pessoas me conhecem. Julgo que as coisas ficarão mais claras, mesmo quando estava no Governo nunca me dissociei do desporto, muitos problemas que surgiram tiveram a minha mão para a sua resolução.

Há uma possível candidatura do actual elenco. Como encara essa  possível competição?

Em relação a todos que tem ideias convergentes connosco estamos abertos para nos juntarmos, No caso de as ideias não serem comuns, ai estamos abertos para irmos à competição eleitoral e ver quem é que fica e ver a quem os presidentes das associações pretendem, se eles ou nós. Mas nós temos ideias claras para aquilo que queremos, e digo que a juncão de mais gente significa que estamos certos no caminho que estamos a seguir.

Um dos problemas que temos são equipamentos. Consigo haverá maior financiamento?

Está dentro da nossa perspectiva, o alargamento das fontes de financiamento da nossa federação, iremos transmitir o nosso pensamento, temos em vista doações e sobretudo iniciativas que gerem receitas para a federação.

Deputado pode ser

presidente da federação

Manuel Chang é deputado da Assembleia da República pelo partido Frelimo, cumprindo o seu primeiro mandato depois de ter dirigido o sector de finanças nos últimos anos. Como se impunha, questionámo-lo sobre a forma como pretende lidar com a situação.

Como é que espera compatibilizar a sua função de deputado da Assembleia da República e o eventual cargo de presidente da federação de futebol?

Primeiro, não há incompatibilidades: segundo, para aqueles que me conhecem, não faço pessoalmente o trabalho, o que interessa é montar a máquina e a máquina funcionar. Em segundo lugar, nessa montagem da máquina sempre privilegiar os mais jovens, que é para quando nos retiramos seguirem sempre em frente. Portanto, não vejo problemas nesse sentido, julgo que é possível fazer-se e sem problema nenhum.

Se venderem votos o futebol

vai continuar como está

Nas últimas eleições reclamou-se viciação de resultados ou compra de votos. Está preparado para esse cenário?

Confesso que não estou a pensar nisso. Estou a ir para esta candidatura aberto, para que as coisas sejam feitas de forma transparente e clara e que vença o melhor. Se isso acontecesse, o futebol continuaria como está, não sei se é isso que querem os presidentes das associações provinciais. Iremos visitar todas as províncias, vamos visitar todas associações provinciais, iremos falar com os clubes, aqui em Maputo já começamos a falar com os clubes e vamos transmitir a todos eles a nossa mensagem e vamos ver o que eles decidem no fim se querem ou não querem as ideias que estamos a transmitir.

Quem é Manuel Chang?

Manuel Chang nasceu a 22 de Agosto de 1955, na província de Gaza, mas foi registado mais tarde na cidade de Maputo. É o segundo dos sete filhos de Chang Dai Fão, agricultor chinês naturalizado moçambicano, e de Angelina Mugabe, doméstica, ambos falecidos. Com cerca de 5 anos passou a viver no Bairro de Chamanculo. Fez o ensino técnico na Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque em 1974.

Logo a seguir começou a trabalhar no Ministério das Finanças, tendo sido sucessivamente aspirante e 2º oficial. Ao mesmo tempo que trabalhava, continuou os estudos, e fez o curso propedêutico na Universidade Eduardo Mondlane, de 1979 a 1981. Neste ano, matriculou-se na mesma universidade para cursar Economia, tendo concluído o bacharelato em 1985. Mais tarde veio a fazer o Mestrado em Finanças, a distância, pela Universidade de Londres, entre 1989 e 1992.
Ao longo da sua carreira profissional, assumiu várias vezes funções de chefia e de direcção, tendo sido substituto do Chefe de Secção (1977), Chefe de Secção em comissão de serviço (1979), substituto do Chefe de Departamento do Tesouro (1987), Chefe do Departamento do Tesouro (1988), Director Nacional Adjunto do Tesouro (1989) e Director Nacional do Orçamento (1993).
Foi nomeado Ministro das Finanças em 2005, cargo que desempenhou até 2014. Foi Vice-Ministro do Plano e Finanças de 2000 a 2005. Naquele ministério, dirigiu o Departamento do Tesouro, até 1989, Director Nacional Adjunto do Tesouro, de 1989 a 1993, e Director Nacional do Orçamento, de 1993 a 1996. 
Manuel Chang é casado com Lizete Izilda Adriano Simões Maia, com quem tem três filhos: Gizela, Gerson e Manuela. É membro do partido Frelimo e professa a religião cristã, na Igreja Católica. É católico. Fala Português, Cishangana e Inglês.

No futebol, representou a Académica e o Nacional Africano, na posição de guarda-redes.

Texto de Custódio Mugabe
custódio.mugabe@yahoo.com.br
fotos de Carlos Uqueio

 

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