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Há um banco que não quer dinheiro

Por admin

Um amigo do Bula Bulaanda desiludido com o seu banco. Equaciona até voltar aos tempos da latinha para guardar os seus cobres. O pior é que a zanga está direccionada mesmo para um banco estabelecido há dezenas de anos no país, pese embora ao longo destes anos ter mudado por duas vezes de nome. Mas esses são outros pontos e contos…

O intrigante é que Bula Bula estava convencido – antes do episodio com o meu brada – que um banco existe para captar dinheiro dos seus clientes, via depósito, e depois pegar nesse dinheiro para conceder empréstimos a outros clientes e desta forma cobrar juros (aqui os juros bancários continuam a ser usurários como nos agiotas) e assim ajudando a circulação da massa monetária no país.

Em Moçambique, os bancos conseguem obter lucros fabulosos, através desses juros, das taxas cobradas pelas transacções efectuadas, nas ATM´s (aqui há também cada taxa!), com manutenção de contas, com tantas outras taxas por eles inventadas.

Em palavras cruas, nuas mesmo, a verdadeira natureza dos bancos comerciais é comprar e vender dinheiro. Compram barato, porque o cliente se dirige voluntariamente para lá com o seu saco de notas que lhes entrega para eles guardarem e não deixarem roubar, por via disso, eles pegam no teu dinheiro e vendem-no caro a outros que não o tem naquele momento e precisam dele…e isso inclue o depositante!

Mas vamos ao interessante episódio e este é o seguinte: há quase cinco semanas, o amigo do Bula Bula  tinha lá umas poupanças e decidiu dirigir-se  a um banco mais perto da sua casa, na zona do Alto Maé, na cidade de Maputo. Queria deixar as suas poupanças naquela instituição, porque como a vida está o que está, o diabo podia tecê-las. Chegado lá preencheu os habituais impressos, muitos deles com letras tão fininhas que só se lê usando uma lupa.

Processo concluído com as assinaturas apostas, na hora de depositar o dinheiro, o funcionário que lhe atendeu, disse-lhe: – não vale a pena mexer na sua bolsa, porque não vamos hoje ficar com o seu dinheiro. Já abrimos a tua conta, mas estamos sem sistema. Vai para casa e depois nós telefonamos para si”.

Intrigado, não entendeu nada, mas mandou-se para a casa. Uma semana passou, nenhum telefonema daqueles lados. O funcionário não se terá esquecido? Na semana seguinte decidiu apresentar-se ao mesmo balcão. “Venho saber se a minha conta já pode receber os meticais…”.

Nada, não podia. Não havia sistema ainda. Que ficasse em casa, que não se preocupasse, logo que o dito cujo (o sistema) aparecesse, ligariam para ele concerteza, sem problemas.

Mais duas semanas depois lá se apresentou de novo e foi mandado aguardar em casa, com o seu dinheiro no bolso. Ele não entende isto (e muito menos nós) essa de os bancos não poderem receber dinheiro para as novas contas por “problemas de sistema”. Por isso, fomos a correr para a sede do banco, bem pertinho aqui na Redacção do “Bula Bula”, para contactar a direcção e respigar explicações sobre o fenómeno.

Disseram-nos que desconheciam por completo a situação que se passava na sua dependência e que iam se informar melhor e depois nos contactariam. Por isso aguardamos, esperando que não passem também cinco semanas para nos darem as respostas que o(s) nosso(s) leitor(es) precisa(m).

Agora – se perguntar ofende – para que raios investem em tecnologias de ponta se depois não sabem como servir-se delas? No tempo do papel e da caneta esses problemas não existiam… há com cada uma!

 

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