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Criatividade em todo lugar a todo momento

Por admin

Os residentes da cidade de Mocuba e de toda a região norte não tem muitos motivos para sorrir. Quis a mãe natureza livrar-lhes do fornecimento da corrente eléctrica sob pretexto de cheias. A água, que como diz o ditado, é mole, mas tanto bate até que fura, pôs a vida de todos às avessas. Literalmente de pernas para o ar.

De noite para o dia, milhões de pessoas se viram privadas de coisas do dia-a-dia. Água potável, luz eléctrica, vias de comunicação, roupa, dinheiro e até da possibilidade de se reunirem em família para celebrar alegrias e tristezas da vida. Parou tudo.

No dia 12 de Janeiro, o país acordou retalhado. Ficou impossível sair do Norte para Sul e de Este para Oeste porque várias pontes se dissolveram nas enxurradas. Morreram homens e mulheres de bem, sobraram órfãos e a indigência assumiu a liderança da vida de muitos concidadãos. 

Há exactos 21 dias que a escuridão está a tomar conta da vida da população urbana e rural da Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, coisa inimaginável de suportar, particularmente para os que tomam as redes sócias como muro de lamentações. Bula-bula nem quer imaginar o que seria da EDM se esta tragédia se tivesse abatido sobre a cidade de Maputo, a capital dos analistas, críticos e editores do facebook. Se em cinco minutos de corte de energia quase desfazem a empresa, imagine-se em 21 dias de escuridão total.

Privados de luz, os residentes destas quatro províncias decidiram buscar fontes alternativas. Compraram geradores e, depois de poucas horas de uso perceberam que são geradores piratas. Avariaram em dois tempos e o dinheiro gasto na compra jamais será devolvido. Pior, já não há geradores a venda. Nem originais, nem piratas. Só resta levar aquelas maquinas aos mecânicos que, como se sabe, reparam quando lhes apetece e para quem paga mais.

Quem não tem posses para tanto fica a ver navios. Mas, há sempre um ombro onde chorar. O estaleiro da Movitel de Mocuba é um desses locais. Uma enorme multidão aflui ao local todas as manhas. Bula-bula ficou semanas a fio convicto de que aquela empresa estava a contratar trabalhadores para ajudarem a repor as linhas de fibra óptica que eventualmente terão caído por ai.

Porque um pouco de dinheiro e canja de galinha não fazem mal a ninguém, decidimos fazer fila para apresentar o CV e ver o que aquilo podia dar. Procuramos o ultimo na fila e, nicles. "Quer o último na fila? Que fila? Estamos aqui a carregar os telemóveis. Não temos energia e a Movitel ofereceu  uma extensão para carregar". Engolimos em seco.

Lançamos o olhar mais adiante e, de facto, aquela multidão está ali a carregar os telefones celulares. Cada um traz uma extensão e liga o seu carregador e dos amigos, e fica ali à espera. Se entra uma mensagem ou chamada, todos se movem para ver qual dos telefones tocou porque em muitos casos, os telefones são "chineses" e o toque é o mesmo.

O tempo passa, a conversa flui como nos transportes semi-colectivos apelidados de "My Love". Não se conhecem mas viram amigos de circunstância como a população dos subúrbios de Maputo e Matola fazia no tempo dos famigerados G20 ou engomadores nocturnos!

Bula-bulavai oferecer a Movitel o prémio de responsabilidade social pela concessão de uma extensão para que as vítimas das cheias e da queda das torres da EDM se possam comunicar sem problemas. 

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