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Vacina contra malária quase pronta

Por admin

A vacina contra a malária, diversas vezes testada em Moçambique, é segura e eficaz, revelando capacidade imunológica considerável. A boa nova vem do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, que desde 2002 está no centro das atenções do mundo inteiro.

Eusébio Macete, director do centro, disse ao domingo que os resultados da pesquisa feita na Manhiça serão próximo ano submetidos à Organização Mundial da Saúde (OMS) antes de rumarem à Agência Europeia dos Medicamentos, etapa que precede o registo.

Dados disponíveis indicam que informação adicional sobre os efeitos protectivos da vacina, 30 meses após a terceira dose, estará disponível em 2014.

O QUE REVELARAM AS PESQUISAS?

Os primeiros resultados do estudo de Fase III demonstram que o produto candidato à vacina contra a malária ( RTS,S) reduz de doença para metade em crianças africanas com idades entre os 5 e os 17 meses.

Trata-se de resultados que induziram clima de enorme satisfação e expectativa no mundo em geral. Com efeito os primeiros resultados de um ensaio em larga escala de Fase III da RTS,S, publicado electronicamente a 18 de Outubro de 2011, no New England Journal of Medicine, já demonstravam que a vacina candidata proporciona às crianças africanas protecção significativa contra malária clínica e a malária grave com um perfil aceitável de segurança e tolerabilidade.

Segundo Eusébio Macete todo o optimismo em volta da vacina contra a malária no mundo resulta do apuramento de resultados da Fase III em Novembro de 2012, que revelaram que a mesma era eficaz um ano depois da vacinação.

De notar que a Fase III das pesquisas é um dos estágios finais na avaliação da eficácia e de segurança da vacina candidata em bebés e crianças em larga escala antes da submissão do ficheiro às autoridades reguladoras.

Os parceiros no desenvolvimento do RTS,S  em Moçambique colocaram maior ênfase na saúde e na segurança dos participantes do estudo. O estudo da Fase III foi desenhado com consultoria às autoridades reguladoras apropriadas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) e conduzido de acordo com os padrões mais elevados de segurança, ética e boas práticas clínicas.

A VACINA NÃO SERVIRÁ

APENAS MOÇAMBIQUE

Eusébio Macete, jovem médico moçambicano formado pela Universidade Eduardo Mondlane, revela grande esperança. “Os resultados têm sido uniformes. “Estão de acordo com parâmetros científicos de aceitação”, diz ele à nossa Reportagem na Manhiça.

Acrescentou que na última fase de pesquisas já não bastavam as crianças moçambicanas na Manhiça. Era preciso envolver crianças de outros países no estudo.

Foi desta forma que os ensaios saíram para fora de portas. Mais sete países foram mobilizados, nomeadamente Malawi, Tanzânia, Gabão, Quénia, Burkina Faso e Gana.  Porque há países com mais centros, acabaram sendo 11 os centros de investigação que participaram na pesquisa.

O ensaio, conduzido em 11 centros em sete países da África Subsahariana, incluindo o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, demonstrou que três doses do produto candidato testado na Manhiça ( o  RTS,S) reduziram o risco das crianças sofrerem malária clínica e malária grave em 56 e 47 por cento respectivamente.

Esta análise foi realizada com dados das primeiras 6 000 crianças com idades entre 5 e 17 meses, para um período de 12 meses após a vacinação.

Refira-se que a malária clínica resulta em febres altas e calafrios. Pode rapidamente progredir para malária grave, caracterizada por efeitos severos no sangue, cérebro ou rins que se podem tornar fatais.

Estes primeiros resultados da Fase III estão em concordância com os estudos prévios da Fase II, o que multiplica as esperanças do mundo inteiro. “A vacina não será só para Moçambique. Daí a necessidade de testes em diferentes substratos de ponto de vista genético e até étnico para se apurar se a eficácia é a mesma nos diferentes meios”, esclarece ainda Eusébio Macete, director do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça.

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