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SAN quer mais algodão caroço

Por admin

A companhia Sociedade Algodoeira de Niassa (SAN) propõe-se a comprar dos produtores da província de Niassa, este ano, mais de 12 mil toneladas de algodão caroço, contra as cerca de seis mil conseguidas na época anterior, informou à nossa reportagem o director de produção daquela unidade fabril, Ivan Amade.

Em Niassa, o algodão continua a ser a cultura de rendimento que movimenta milhares de camponeses, com destaque para os distritos considerados tradicionais produtores desta cultura de rendimento, nomeadamente Cuamba, Nipepe, Maúa, Marrupa, Mecanhelas, Metarica e Majune.

Este ano, de acordo com informações fornecidas pela Direcção Provincial da Agricultura do Niassa (DPA) o número de produtores que aderiu à produção do chamado ouro branco subiu substancialmente, prevendo-se que mais de 30 mil pessoas estejam neste momento envolvidas nesta cultura, considerada uma das principais fontes de rendimento da maioria da população da parte sul da província mais extensa de Moçambique.

Porém, a incerteza quanto ao preço a ser praticado na presente campanha continua a inquietar os produtores. Enquanto isso, a nossa fonte garantiu que a discussão e divulgação de preços pelo governo, sindicatos, associações, fomentadores e produtores vão acontecer nos finais de Maio próximo.

Sobre o assunto, alguns produtores contactados pela nossa reportagem mostraram-se agastados com o período escolhido para discutir os preços, propondo o início da campanha agrícola como sendo o momento ideal para o efeito.

“A discussão de preços deve acontecer antes da campanha iniciar para, em função dos preços acordados, os produtores optarem pelo aumento ou não da sua produção”, aconselhou Ana Florinda, justificando que o debate em meio a campanha faz com que os produtores se desmotivem, depois de chegar à conclusão que os preços acordados não vão de encontro com as expectativas esperadas, tal como aconteceu na época 2011/2012, quando os camponeses foram surpreendidos com a queda do preço do algodão dos 15 meticais/quilo para 10 meticais.

Enquanto os preços constituem um mistério, a SAN continua a distribuir insumos agrícolas pelos camponeses envolvidos nesta estratégica cultura, nomeadamente 10000 enxadas, 10000 catanas e 10000 sacos de sal.

Entretanto, segundo pudemos ver no terreno, nem tudo é um mar-de-rosas. Em algumas machambas, nota-se rebentamento precoce do algodão, fenómeno que, segundo Ivan Amade, é associado à falta de uniformização da época de sementeira, que este ano é agravada pela queda excessiva de chuvas na província.

“Nós tentamos todos os anos uniformizar a época de sementeira, mas torna-se difícil uma vez que cada produtor tem as suas necessidades e prioridades. Uns estão no milho, outros no tabaco e outros ainda em outras culturas. O importante para nós é que as populações dêem igual tratamento as culturas alimentares e de rendimento”, avisou aquele técnico, que aponta também as condições do terreno de cada região como sendo um dos factores que contribuiu para o rebentamento precoce do ouro branco que, entretanto, “não vão influenciar negativamente o sucesso da presente campanha”.

Entretanto, a nossa fonte disse que a época passada serviu de lição e que este ano tudo está acautelado, com a mobilização de meios de transporte, dinheiro, sacaria e recursos humanos.

Ainda de acordo com Amade, outro factor que dá garantias àquela empresa do Grupo João Ferreira dos Santos que a época deste ano será um sucesso absoluto é a capacidade de a empresa absorver toda a produção da província, depois que uma nova fábrica de processamento de algodão foi construída e inaugurada no ano passado na cidade de Cuamba, substituindo a anterior que funcionava desde a década 50.

De referir que em Niassa, a cultura do algodão é praticada na parte sul da província. Na época passada, aquela fomentadora fez uma experiência no distrito do Lago, no norte da província, sem, contudo, lograr sucessos desejados.

Sobre o assunto, Ivan Amade explicou que a incursão da sua empresa sobre a zona do Lago aconteceu a convite do director dos serviços distritais das actividades económicas (SDAE) daquele distrito lacustre, mas que os resultados desaconselharam a não continuar, uma vez que a população do Lago não tem tradição na cultura do algodão. “A população do Lago está acostumada a pescar e não praticar agricultura”, disse, a terminar.

André Jonas

Andremuhomua@gmail.com

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1 comment

Tarot Reader 27 de Agosto, 2023 - 11:12

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