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“Machava” lidera casos de tuberculose resistente

Por admin

 

O Hospital Geral da Machava(HGM) registou nos primeiros nove meses do presente ano 60 casos de tuberculose multirresistente ou resistente de um universo de 2mil e 430 casos diagnosticados.

Em 2014 aquela unidade sanitária diagnosticou 41 casos como resistentes, contra 42 casos diagnosticados em 2013. Do total de 2mil e 430 casos registados até Setembro do presente ano, 638 resultaram em óbitos.

Localizado na província de Maputo, o Hospital Geral da Machava( HGM) é conhecido como a unidade sanitária de referência no tratamento da tuberculose.

Actualmenteconta com 260 camas distribuídas pelas cinco enfermarias existentes. Do universo de camas acima referido, 174 se encontram nos serviços de Tisiologia, ou seja, nas enfermarias de internamento de doentes com tuberculose.

De acordo com a Directora daquele hospital, Paula Rodrigues, o crescente número de casos pode estar associado também ao facto das pessoas começarem a ter consciência da importância de dirigir-se à unidade sanitária para tratamento.

Antes os doentes optavam primeiro por outras formas de cura usando a medicina tradicional. Nesse tratamento ficavam muito tempo sob observação enquanto a doença se alastrava e só eram levados ao hospital em estado muito avançado da doença, o que resultava em morte, explicou.

Com a implementaçãodo Programa de Busca Activa nas comunidades, em que técnicos de saúde e outros activistas comunitários fazem palestras e identificam casos suspeitos, o cenário tem vindo a mudar para melhor.

Para a Directora Geral daquela unidade sanitária este pode ser um dos factores que leva a que o número de casos tenha aumentado e reduzido o número de mortes.

TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE

Cinquenta por cento dos casos de tuberculosemultirresistentes são resultado de abandono do tratamento, pois a interrupção da toma de medicamentos contribui para maior resistência das bactérias no organismo.

Paula Rodrigues afirma que a tuberculose resistente também pode ser fruto de uma contaminação. Este foi o caso do filho de Gina Cossa que se encontra hospitalizado há duas semanas naquela unidade sanitária.

Gina conta que antes de estar internada com o pequeno Elbeth, fez tratamento no centro de saúde por um mês mas nada mudava.

Meu filho iniciou com uma tosse e febres que não passavam. Fiz tratamento no centro de saúde por um mês, mas não detectaram tuberculose. Acabei vindo para este hospital e aqui descobriram que ele tinha tuberculose resistente, partilhou dona Gina quem acredita que seu filho tenha sido contaminado por um familiar que padece da mesma doença. Hoje o pequeno está melhor e conta voltar ao conforto familiar em breve.

No entanto, quando esta doença associa-se a outras como o HIV/SIDA ou diabetes por exemplo, a imunidade reduz e este facto contribui para a morte.

Outro factor apontado que pode levar o organismo a desenvolver resistência é, segundo António Ngovene, ponto focal da tuberculose e tuberculose resistente, a forma como é executada a toma de medicamentos nas unidades sanitárias.

Na toma de medicamentos é importante que esta seja feita religiosamente a hora determinada. E isto nem sempre acontece,explicou.

Para António Ngoveneo trabalho de sensibilização e preparação dos doentes com tuberculose resistente revela-se fundamental . São 24 meses de medicação. Este tempo é fundamental para se garantir a cura. Nos primeiros seis meses o paciente deve tomar diariamente injecções, facto que não se revela fácil.

Neste momento estão internados 13 doentes com tuberculose resistente. Este internamento é fundamental para estes casos pois o risco transmissão é grande e só depois de se tornar negativo é que pode ter alta. Depois o doente pode ter alta e ser referenciado para um centro de saúde onde continua com a medicação,explicou Ngovene.

NOVO EQUIPAMENTO DE TESTAGEM

O laboratório do Hospital Geral de Machava conta desde Abril último com novo equipamento de testagem de tuberculose denominada Genexpert, uma máquina cuja técnica é detenção molecular.

De acordo com o ponto focal de tuberculose, esta máquina tem capacidade de testar por dia 15 amostras. Esta leva, por cada sessão de duas horas, quatro amostras.

 

40mil dólares para  tuberculose até 2017

O país está a registar uma tendência crescentede casos de tuberculose nos últimos anos. Dados revelados pelo Ministério da Saúde, mostram que no ano passado os serviços de Saúde notificaram cerca de 59 mil casos em todo o país contra 53 270 e 50 827 casos registados nos anos 2013 e 2012respectivamente.

De acordo com o responsável pelo Programa Nacional de Tuberculose no Ministério da Saúde(MISAU), Ivan Manhiça, este aumento de casos notificados pode ter como razão a melhoria de condições de detenção nas unidades sanitárias.

É verdade que a tendência dos casos é de aumentar, mas não podemos olhar para esta realidade com muito pessimismo pois também pode serfruto de melhoria de serviços de diagnóstico. O país possui um total de mil e 400 unidades sanitárias a nível nacional e todas elas possuem capacidade de fazer diagnóstico de tuberculose, argumentou Ivan Manhiça.

Sendo a tuberculose uma doença de notificação obrigatória, o diagnóstico é sempre registado. Porém, vários são os factores que influenciam no comportamento da doença.

Dentreeles destacam-se a densidade populacional e factores históricos com destaque para a migração para a Africa de Sul. Assim sendo a zona sul do país tem- se revelado a de maior registo de casos, seguida da região centro e por último o norte do país.

No ano passado (2014),a Zambézia,uma das províncias mais populosas do país, foi a que registou maiornúmero de casos de infecção.Foi seguida pela província de Nampula, Sofala e cidade e província de Maputo.

Face a este cenário, o Programa Nacional de Controlo da Tuberculose do Ministério da Saúde conta, até 2017, com um fundo de 40 mil dólares americanos para a implementação da estratégia de luta contra este mal.

 

HCM em vigilância contra tuberculose

O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, conta com um departamento de vigilância da Tuberculose- o Núcleo de Tuberculose do (HCM).

Esta sessão trabalha em coordenação com os diferentes departamentos e os bancos de socorro que também constituem portas de entrada de doentes.

Segundo a Directora do Núcleo da Tuberculose, Elizabete Nunes, o hospital não procede ao internamento de pacientes padecendo desta doença infeciosa. Contudo possui no Banco de Socorro um laboratório de diagnóstico da TB em funcionamento por 24 horas.

Todos os doentes com tosse têm prioridade de atendimento em qualquer dos bancos de socorro que o hospital possui.Lá, o doente é observado e feitas as analises em caso positivo é encaminhado para as unidades sanitárias de referência para tratamento, explicou Elisabeth Nunes.

Para reduzir o índice de transmissão da TB foram tomadas algumas medidas de prevenção no hospital.Melhoramos o atendimento de pessoas pelas portas de entrada sobretudo dos bancos de Socorro da Ginecologia obstétrica, pediatria, esclareceu a nossa entrevistada.

 

Luísa Jorge

 

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