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Gabriel Mufundissi: o melhor ouvinte da RM

Por admin

O título em epígrafe não é nosso. É um epíteto atribuído ao nosso entrevista em resultado de uma condecoração em reconhecimento do seu contributo na área de radiodifusão. É um dos ouvintes assíduos que interage bastante com os fazedores da rádio em programas que são passados à escala nacional.

Estamos a falar de Gabriel Mufundisse, homem que diz usar um celular para fazer as chamadas durante as emissões da rádio e o outro apenas para ouvir os programas.

A conversa com este grande ouvinte e o maior participante de programas televisivos do país decorreu na nossa Redacção onde deslocara-se a nosso convite. O que nos impressionou logo à primeira, foi a sua pontualidade.

Para iniciarmos esta conversa foi-nos um pouco difícil porque todos queriam matar directamente alguma curiosidade sobre o homem que parece dormir e acordar com o seu receptor ao lado para não perder as emissões radiofónicas.

Puro engano, Mufundisse sendo jardineiro de profissão trabalha a escutar a rádio através do seu celular de marca Nókia enquanto usa Alcatel para fazer chamadas por considera-lo potente, resistente na carga e eficiente para as conexões com as linhas telefónicas das rádios.

Aliás, este ouvinte diz ter na sua mente os números interactivos da maioria das estações radiofónicas e de televisão, o que faz com que logo à primeira ligue e entre no ar para qualquer que seja o programa, até porque afirma conhecer os horários em que estes são passados.

A paixão pela rádio começou em 1981 e a curiosidade era ver as pessoas que falavam a partir do receptor, o que o levou a deslocar-se para a Rádio Moçambique, onde foi recebido por um senhor chamado Relógio Mahangue.

O senhor Mahangue, segundo nos revelou, foi quem facilitou para que Mufundissi conhecesse os locutores da rádio sendo que o primeiro foi Abner Mucavele e a partir daí passou a fazer o programa Karingana Wa Karingana no Emissor Provincial de Maputo com ajuda de Elias Machava e Albino Machava que desempenhavam o papel de netos nos contos tradicionais.

Assim, começava a ligação deste homem com a rádio o que lhe valeu a distinção com o certificado de melhor ouvinte da Rádio em Moçambique.

Questionado sobre como consegue ouvir tantas rádios e ligar para os programas de interactividade, Mufundisse revelou-nos usar dois celulares, um para fazer as chamadas e um outro para escutar as emissões radiofónicas.

“Como sou jardineiro de profissão, gosto de interagir com os locutores para criar alegria e amizade com eles, por uma lado, e por outro, com os ouvintes espalhados pelo país. Hoje, por exemplo, já falei para as rádios Cidade, Politécnica e SFM esta manhã e às 11.30, vou entrar na Antena Nacional da Rádio Moçambique no programa “Parabéns a Você”,disse Gabriel Mufundisse.

Sobre o custo das chamadas, disse não gastar muito dinheiro e que sendo jardineiro não pode ficar sem nenhum tostão para se comunicar com os seus patrões. “Para ligar para a rádio, uso um telefone muito simples que é rápido e conserva carga por muito tempo que é de marca Alcatel. O outro é Nokia e uso para escutar os programas entrar no fecebook e whats-up”.

E acrescentou: “o crédito provém dos rendimentos de jardinagem. O jardineiro não pode ficar muito tempo sem contactar os seus patrões. Às vezes recarrego com vinte meticais e consigo falar para três programas diferentes”.

Para ele, o tempo em rádio é muito precioso e não se pode levar muito tempo em antena sob o risco de ser repetitivo e não dizer patavina. “As vezes aguardo muito tempo na linha, mas basta entrar no ar, só falo um minuto e meio ou dois minutos. Não gosto de ocupar a linha por muito tempo, porque para falar a verdade basta a penas um minuto. Se a pessoa fala até três minutos já está a repetir as palavras”.

Perguntamos-lhe a ele como é que consegue acompanhar as várias emissões e interagir com os seus locutores ao que respondeu nos seguintes termos: “Sendo jardineiro tenho facilidades, porque trabalho sempre com o receptor por perto, enquanto estiver a regar ou a cuidar das plantas. Também conheço as estações e os horários dos programas das várias rádios e os seus respectivos números de telefone, aliás, atrevo-me a dizer que sou o jardineiro mais famoso de Moçambique”.

Mais adiante o nosso interlocutor afirmou que com os rendimentos de jardinagem está a custear os estudos universitários de dois filhos, uma que está a cursar Tradução e outro Ciências Políticas, na Universidade Eduardo Mondlane (UEM). “Também tenho uma filha casada que fez o curso de enfermagem com os meus rendimentos”, disse.  

QUEM È GABRIEL MUFUNDISSI?

Trata-se de um homem que vai para além dos 50 anos, pois, completou no dia 10 de Junho último, 52 primaveras na escada da vida. Nasceu na localidade de Lionde, distrito de Chókwé, província de Gaza.

Seu nome de registo é Gabriel Moisés Uqueio. Este nome foi-lhe atribuído pelo seu tio materno, uma vez que alguns meses após o seu nascimento os país divorciaram-se e ele levado para a casa da sua avó materna.

O seu nascimento foi uma história arrepiante, mas de se lhe tirar chapéu. É que a sua progenitora, procedeu pessoalmente ao corte do cordão umbilical através de uma lâmina que havia preparado antecipadamente antes de entrar no trabalho do parto.

“Fruto dessa ousadia e valentia, a mãe decidiu atribuir-me o nome de Mufundissana em reconhecimento ao facto de ela própria ter procedido sem dificuldades com os procedimentos preliminares pós-parto”,explicou o nosso interlocutor.

Mais tarde, quando já percebia das coisas, ele próprio atribuiu-se o nome de Gabriel Mufundisse Manjoco Nhlana. Manjoco é seu pai e Nhlana tem haver com a sua valentia até, porque diz ser um descendente dos nguni de onde é originário o imperador de Gaza, Ngungunhane.

UM JARDINEIRO DE MÃO CHEIA

O primeiro trabalho de Mufundisse como uma outra criança nascida no campo foi pastorícia. O seu rebanho era constituído por três cabeças de gado.

Actualmente, o nosso entrevistado está a gerir uma pequena empresa de jardinagem com cinco trabalhadores, cuja sede se localiza no bairro do Aeroporto, concretamente na sua antiga residência em Maputo, uma vez que neste momento reside na Zona Verde, no Município da Matola.

A sua vinda a Maputo foi a 28 de Dezembro de 1978 na companhia do seu primo e o seu primeiro emprego foi vender flores no Cemitério de Lhanguene antes de ser empregado doméstico, vulgo trabalhador do quintal, no bairro do Jardim. Antes, passara pelo distrito de Xai Xai, onde a sua mãe fora reassentada devido às cheias de 1977, em Chókwé.

Dada a precariedade do serviço doméstico, no ano seguinte passou a vender espelhos e outros artigos de bijuteria no famoso mercado de Xipamanine para pouco tempo depois passar a padeiro na Padaria Lafões, onde o salário era em pães que depois os vendia no bairro.

Em 1981 passou a trabalhar na então Companhia de Transformação de Alimentos da Matola, onde hoje funciona uma empresa de refrigerantes junto à Estrada Nacional Número 4 no desvio para a Cimentos de Moçambique, na Matola.

Nessa altura, frequentava a sexta classe, quando pouco tempo depois foi um dos apurados pelo Ministério do Trabalho para trabalhar num restaurante no bairro do Aeroporto.  

Ele tem fãs do Rovuma a Maputo. O seu número é público e muitos dos ouvintes o têm felicitado nos vários programas de rádio. Com tantos admiradores, conseguiu-se fundar uma igreja na província de Manica uma vez que houve pessoas que se apaixonaram e quiseram lhe seguir as peugadas. “Por ser chamado de Mufundisse as pessoas achavam que fosse pastor e o objectivo era rezar juntamente comigo e ouvir a minha pregação. Então, elas ligavam a dizer: senhor pastor, gastávamos de rezar consigo e eu dizia que sim é possível, mas não sou pastor e dei os números dos meus pastores para facilitar a criação da igreja e assim criou-se uma paróquia em Gôndola, Posto Administrativo de Amatongas, em Zimpinga,” contou, sublinhando que participou na primeira reza dessa igreja.

A PAIXÃO PELA TELEVISÃO

Relativamente à televisão, explicou que tudo começou no programa “Mais Jovem da Televisão de Moçambique”, mas porque era apresentado de noite, ele não levou muito tempo ali, tendo passado para o “Moçambique em Concerto”. “Havia o programa “Mais Jovem” da Televisão de Moçambique, cujo apresentador era Jorge Rebelo, mas como era de noite e eu vivo na Zona Verde não foi fácil, porque não tenho transporte próprio. Isto é, não ficava bem andar atrás de chapa no fim do programa”, disse Mufundisse.

Homem bastante solicitado, o nosso entrevistado diz que está com todos os finais de semana preenchidos, ora em casamentos, xitiques e participação nas cerimónias de lobolo, onde tem desempenhado o papel de Madoda.

Mufundisse diz mesmo ser o melhor ouvinte da rádio em todo o território nacional e a sua voz até é ouvida nas rádios comunitárias. “Sou melhor ouvinte da rádio do Rovuma ao Maputo, até porque tenho o diploma desse mérito”.

HÁBITOS ALIMENTARES

Prato predilecto: cacana com xima

Sapato – 42

Fato – 42 ou 43

Camisa – 2XL

Gosta de usar fato e camisas de capulanas como sua principal indumentária mas a roupa predilecta são fatos de cor azul ou preta.

 

 

 

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