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Fúria das águas e pilhagens arrasam Chókwè

Por admin

A cidade de Chókwè, província de Gaza, encontra-se submersa em resultado das descargas de água efectuadas a partir dos países vizinhos e com influência directa sobre 

a barragem de Massingir, que provocou inundações. Enquanto isso, populares iniciaram uma onda de pilhagens e saques a estabelecimentos comerciais e outros, particularmente de produtos alimentares, electrodomésticos e residências. A polícia não consegue conter a situação.

 

A vida dos residentes e a própria cidade de Chókwè estão paradas desde a noite da última terça-feira, quando começaram as descargas da barragem de Massingir, deixando a urbe às escuras, sem água, hospital, polícia e com todos serviços encerrados.

A nossa reportagem deslocou-se à cidade de Chókwè para ir ver “in loco” os estragos causados. Numa ronda efectuada de barco pelas principais artérias da urbe, foi possível verificar o grau de destruição e a dor no semblante de cidadãos que se viam impotentes perante tanta água que chegou quase de repente. Uns continuavam sitiadas nos tectos das residências e outros “impedidos” de sair das próprias casas. Havia imóveis submersos, com todos os haveres, armazéns e estabelecimentos comerciais, prenhes de mercadorias, em situação idêntica. As ruas da cidade pareciam largos rios de água densa e avermelhada.

Noutro ponto, tractores e várias culturas agrícolas tinham sido arrastados pelas águas São extensas áreas agrícolas dadas como perdidas, o que poderá condicionar a vida dos agricultores, nos próximos tempos.

Com a cidade completamente submersa e sem habitantes, nem serviços a funcionarem, emergiram os oportunistas para desencadearem uma onda de pilhagens e assaltos a estabelecimentos comerciais, residências, lojas de electrodomésticos e outros.

Quando o pico da onda estacionou, populares concentraram-se nas proximidades dos estabelecimentos para tomar de assalto as lojas, restaurantes, residências, onde se apoderavam de produtos como arroz, farinha, bolacha, óleo, panelas, bebidas e electrodomésticos. Mesmo com as águas à altura do peito, as pessoas arriscavam as suas vidas, entrando e roubando em casas e/ou em lojas, agudizando a desgraça de outros.

Aliás, na manhã da última quinta-feira, um grupo de jovens entrou na casa duma idosa, Alima Abdul Narciso, onde recolheu vários bens. Segundo contou aquela anciã, os vizinhos tentaram ajudar a recuperar as coisas, mas sem sucesso.

A força policial lá ia tentando pôr cobro à situação, posicionando-se nas imediações dos estabelecimentos, mas sem sucesso devido à falta de meios para fazer patrulha na água e à exiguidade de efectivo para tanta gente sedenta de desgraçar o próximo.

O Presidente da Associação dos Comerciantes de Chókwè, Cassamo Regunate, disse que a onda de assaltos deve-se ao facto de a Polícia estar a trabalhar em número reduzido. Por isso, não consegue fazer face à investida dos malfeitores.

Ele preferiu guarnecer pessoalmente o seu estabelecimento na companhia do filho e de um elemento da segurança. “Reconheço que em alguns casos a água arrastou os produtos que podem ser aproveitados pelas pessoas, mas quando há uma intenção deliberada de invadir as lojas, estão a incorrer em crime. Isso deve ser tratado como tal”, defendeu Regunate. 

Acrescentou que a Polícia não estava devidamente preparada para controlar a cidade e evitar os assaltos, pois não dispõe de meios circulantes, como uma embarcações para patrulha. 

Um outro empresário teve que se conter para não deitar lágrimas devido ao sucedido. As palavras não lhe saíam, mas deixou escapar um “já morri. Perdi tudo”.

Muitas famílias passaram vários dias em cima das residências, sem saber como sair e onde ir buscar algo para consumo. A movimentação das famílias iniciou na quarta-feira, tendo prosseguido na quinta-feira, sendo possível ver pessoas em carroças de gado bovino que transportavam para Xihaquelane, parte dos utensílios que  tinham conseguiram recuperar.

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