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“Ajudei Paulina Chiziane a vencer o obsessor que a atormentava”

Por admin

– Calane da Silva, académico e espírita

Como recebeu e ajudou a escritora Paulina Chiziane quando passou por momentos difíceis, associados ao espiritismo?

Há uma expressão que todos aqueles que já fizeram certa caminhada no campo da auto-descoberta espiritual conhecem, e que hoje muita gente também a utiliza sem saber o que está verdadeiramente por detrás dela e que é: “nada acontece por acaso”.

De facto, não foi por acaso que em tempo certo e no momento certo – embora já conhecesse a Paulina há pelo menos uns trinta anos, sem que nunca me tivesse apercebido nem conversado sobre os seus problemas de foro mediúnico – que uma certa noite telefonam-me o Matteo Angius, da Embaixada de Portugal, primeiro, e logo a seguir o Mia Couto, aflitos, informando-me e solicitando-me que fosse socorrer a Paulina que tinha saído do hospital e que se encontrava no Centro Cultural Português em transe agressivo.

Fiquei agradavelmente surpreendido pelo facto de me terem pedido esse socorro pois os que me contactaram certamente reconheceram a minha qualidade já publicamente manifestada de espírita, de aderente à filosofia espírita, e às possibilidades que isso me deu e me dá para lidar com questões de foro mediúnico e, por outro, pela descrição antecipada do que se estava a passar o que me fez apressar a minha ida para o local e estar já pré-preparado para o que ia encontrar e fazer.

O que aconteceu exactamente quando chegou ao Instituto Camões e encontrou a escritora Paulina Chiziane naquele estado?

Efectivamente, depois de ter mandado retirar a maior parte das pessoas presentes e ter solicitado a presença apenas de algumas que seguiram as minhas recomendações espirituais, fiz um breve trabalho para tirar a Paulina do transe em que estava, melhor dito, ter conseguido libertá-la naquele momento do obsessor que a atormentava.

Com a ajuda da Manuela Soeiro levámos a Paulina para a casa da Manuela à espera que os filhos depois a viessem ali buscar.

De novo, na casa da Manuela, a Paulina entrou em transe mediúnico com a manifestação do mesmo obsessor que a tinha arrastado e a queria humilhá-la frente a muita gente culta da cidade no Centro Cultural Português.

Na casa da Manuela o meu trabalho espiritual teve de ser mais completo em relação à doutrinação que tive de fazer ao referido obsessor, que prometeu finalmente deixá-la em paz, mas que ameaçava voltar àquele corpo apesar de saber que já não seria tão fácil assim.

Que passos se seguiram?

A partir daqui, desencadeou-se em minha casa, primeiro – onde faço o Evangelho do Lar há mais de 20 anos – e depois na Comunhão Espírita Cristã, o Centro Espírita (Kardecista) existente em Maputo há mais de 40 anos, uma ajuda e apoio espiritual ao processo mediúnico da Paulina.

Na verdade, não se tratava nem se trata de nenhuma doença mental que a afligia mas, fundamentalmente, de uma situação de mediunidade, melhor dito, de uma manifestação mediúnica de incorporação e que a Paulina precisava de ajuda para poder lidar com esse fenómeno espiritual e não deixar que qualquer espírito a qualquer hora e momento viesse atormentá-la incorporando sem “autorização” naquele corpo.

Entre as pessoas que mais directamente começaram a trabalhar com a Paulina Chiziane foi a nossa querida médium Maria do Carmo da Silva (médium de incorporação e psicográfica) com quem a Paulina Chizina assina a sua obra Na Mão de Deus.

Assim, a propósito da afirmação da Paulina de que a mim deve a libertação da sua alma, devo dizer que nós espíritas – eu neste caso também incluso – somos apenas instrumentos, canais instrutivos para a consolação e autodescoberta, para cura espiritual e às vezes também física de todos os que nos pedem apoio.

Na verdade, o fruto-tempo dela tinha amadurecido, infelizmente, pelo sofrimento, para a sua própria libertação, para o controlo da sua mediunidade que nela aflorou muito cedo, mas que certo desconhecimento científico-espiritual desse fenómeno na sociedade, nas famílias e mesmo no seio de algumas religiões não permitem, nem ajudam à solução do fenómeno, mas muitas vezes o agravam.

 

 

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