Nyusi enfatiza valores da unidade nacional

"A unidade nacional nos permite vencer os desafios que temos pela frente e reencontrarmo-nos como um povo coeso. As diferenças devem ser encaradas como oportunidade de reforço das energias para enfrentar as dificuldades”, defendeu Filipe Jacinto Nyusi, candidato da Frelimo às eleições presidenciais de Outubro próximo, por ocasião da digressão que efectuou há dias às províncias de Niassa e Cabo Delgado para se apresentar e dialogar com militantes, simpatizantes do seu partido e população em geral.

Filipe Nyusi, que falava a jornalistas no fim da visita que efectuou àquelas províncias, sublinhou que a unidade nacional é “uma oração” que deve ser alimentada permanentemente, através de actos conducentes à coesão nacional de todos os moçambicanos, independentemente das suas convicções políticas e religiosas.

Para Nyusi, os interesses são complexos, entretanto, não podem ultrapassar o sonho do arquitecto da unidade nacional, Eduardo Mondlane, que conseguiu unir o povo moçambicano em torno do mesmo objectivo, que foi a derrota do colonialismo português.

“Assim sendo, todos os moçambicanos devem unir esforços no sentido de entenderem que cada um é útil no processo de construção de um Moçambique próspero e indivisível”, disse Filipe Nyusi.

Acrescentou que a preservação da paz deve constituir prioridade de todos os cidadãos, uma vez que os conflitos são maus e vão retardar cada vez mais o desenvolvimento de uma economia sustentável, sobretudo quando desembocam em violência.

“Por isso, apelamos às pessoas a não aderirem à guerra, porque é prejudicial para todos nós. Também exortamos as populações a fazerem de tudo para que a paz prevaleça. Sem ela, não podemos produzir a riqueza que tantos precisamos para a melhoria das nossas condições de moçambicanos. Neste contexto, reafirmamos que a nossa candidatura realça a confiança na mudança, desenvolvimento sustentável, novo ciclo de coesão nacional e solidariedade social”,disse Filipe Nyusi.

Ainda sobre a unidade nacional, o candidato da Frelimo deu vários exemplos da sua implementação, entre eles, o facto de um cidadão de Niassa poder constituir uma família com uma cidadã de Maputo e fixar residência em qualquer ponto do país à sua escolha.

Num outro momento, o candidato da Frelimo falou da coesão interna no seio do partido, tendo afirmado que um dos exemplos disso foi a presença na delegação que escalou a província de Cabo Delgado, para além da presidente da Assembleia da República (PAR), Verónica Macamo Dlhovo, de Óscar Monteiro, antigo ministro na Presidência, no Governo do Presidente Samora Moisés Machel.

A respeito da coesão interna, Óscar Monteiro afirmou, num comício, que a Frelimo é um partido histórico, com capacidade extraordinária de escolher dirigente para as necessidades de cada momento.

“Um dos aspectos que nos faz ser diferente de outras formações políticas é o facto de sabermos eleger dirigentes justos para cada momento e neste caso optamos por Filipe Nyusi, porque tem um coração grande que o permitirá resolver as preocupações dos moçambicanos”,disse Óscar Monteiro para depois acrescentar:

“Ele é um candidato de transição das gerações, representa a coesão de todos, traz a paz no coração e quem está com a paz pode desenvolver o país, para além de que já demonstrou a sua competência nos cargos de direcção que já assumiu. Portanto, estamos perante um quadro competente e solidário com todos os moçambicanos”.

Por sua vez, Verónica Macamo disse que o candidato da Frelimo era um homem visionário e com qualidades excelentes para o actual estágio sócio-político económico do país.

Verónica Macamo, que apresentou Filipe Nyusi em “Ximakonde” às populações dos distritos de Pemba, Macomia, Balama, Mocímboa da Praia e Nangade, disse que o candidato da Frelimo vai produzir “mel” para os moçambicanos.

“Ele é “produtor de mel”. Vai trazer coisas boas para o país e como sabem, o nome dele significa abelha e este animal não anda sozinho, mas sim com outros, razão pela qual temos que estar com ele na construção de um Moçambique próspero”,disse Verónica Macamo.

A mensagem da PAR não levou muito tempo para ser posta em prática, pois a população de Mocímboa da Praia, acompanhada de um líder local, fez questão de frisar que o candidato da Frelimo conquistou os seus corações, de tal forma que não há nada a fazer que não seja avançar rumo à vitória nas eleições de 15 de Outubro próximo.

Nesse contexto, a população ao som dos ritmos típicos daquela região entoou cânticos, dançou e ofereceu um protótipo de um barco, onde Filipe Nyusi vai remar com a população rumo à vitória.

NANGADE EUFÓRICO     

Um dos momentos mais altos da passagem de Nyusi pela província de Cabo Delgado, aconteceu no distrito de Nangade, onde um “mar” de gente acorreu à antiga pista da “Operação No Górdio” para cantar vivas à Nyusi.

A euforia foi tal que num ápice tudo ficou parado, pois ninguém queria perder de vista a passagem por aquele distrito do já designado candidato do povo, de tal forma que numa atitude pró-activa a multidão percorreu mais de dois quilómetros a pé em saudação a Filipe Nyusi.

Dirigindo-se à população, que lotou por completo um campo local, o candidato disse que “escalámos este lugar para preparar a vitória e estamos encorajados a prosseguir firmemente, porque as populações se identificam com o nosso projecto de continuidade da construção do país”. 

Depois do comício, o candidato orientou uma reunião com a associação local dos combatentes, aos quais garantiu que as preocupações desta agremiação merecerão atenção durante a sua governação.

Aliás, respondendo a uma pergunta deste jornal sobre o porquê da atenção especial a esta camada social, Filipe Nyusi respondeu nos seguintes termos: “Nós temos a nossa própria mensagem para cada tipo de associação, no sentido de satisfazer as suas preocupações, porque antes de tudo ouvimos das próprias pessoas quais são as prioridades”.  

Não menos importante, foi a rendição, em plena conversa numa lareira, do régulo Assani Somar, antigo membro da Renamo, que se mostrou arrependido por ter estado nas fileiras do partido de Afonso Dhlakama.

O mesmo disse que regressava ao partido das conquistas, uma vez ter participado na luta da libertação nacional. Entretanto, pediu para que também fosse abrangido pelos vulgos “7 milhões de meticais”.

Reagindo a esta solicitação, o candidato disse que para se aceder aquele dinheiro existem mecanismos próprios e que esperava que a rendição não seja pela ansiedade do dinheiro.

JORNALISTAS FALAM DA DIGRESSÃO DE NYUSI

No périplo que Filipe Nyusi efectua às províncias faz-se acompanhar de um batalhão de jornalistas sedeados na capital do país, bem como das províncias. Neste contexto, o nosso jornal ouviu parte deles sobre a digressão.

“Transmite confiança na mudança”

– Salomão Muiambo, jornalista do Notícias

Para Salomão Muiambo, jornalista do Notícias, a digressão que Filipe Nyusi está a efectuar às províncias reveste-se de um significado importante para os quadros e militantes do partido e para a população em geral, ao mesmo tempo que transmite a confiança que as pessoas devem ter na mudança.

“Trata-se pois, da sua aparição pública desde que a 2 de Março último o partido Frelimo anunciou em sessão do Comité Central, como seu candidato às eleições presidenciais de 15 de Outubro”,disse Salomão Muiambo, para quem mais do que se apresentar o candidato, ausculta-se as preocupações da população ao mesmo tempo que se recebe conselhos para solucionar os múltiplos desafios que o país tem pela frente.

Sobre que aspecto reteve dos comícios do candidato, o nosso interlocutor afirmou que Nyusi transmite aos populares a confiança no futuro e fala de mudanças. “Mudanças não no sentido de destruir o que foi construído pelos seus antecessores, nomeadamente, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, mas no sentido de consolidar e adequar a nova realidade o conceito de unidade nacional, do amor a pátria, da paz e do desenvolvimento”.

Para Salomão Muiambo, o distrito de Nangade foi exemplo do quão as pessoas querem ver e ouvir o candidato e em segundo plano aparece a cidade de Nampula. “Mas de um modo geral, Filipe Nyusi está a ter muita aceitação popular e cresce cada vez mais a crença de que ele é o futuro Presidente da República de Moçambique”.

“Está a promover a sua imagem”

– Argunaldo Nhampossa, do Savana

Por sua vez, Argunaldo Nhampossa, do Semanário Savana, diz que a digressão de  Filipe Nyusi pelas províncias visa promover a sua imagem e dar a conhecer o seu projecto de governação ao eleitorado.

“Trata-se de pré-campanha para puxar o eleitorado ao seu lado. Oficialmente, há dois candidatos e Nyusi decidiu entrar em cena primeiro para criar bases para campanha eleitoral e ganhar popularidade, principalmente ao nível dos distritos”,disse Nhampossa.  

Relativamente às mensagens, Nhampossa diz que o candidato tem privilegiado um discurso de fortalecimento da coesão social e da unidade nacional e “constato que consegue ser fiel a este discurso, mesmo em casos que os seus acompanhantes, da "Comissão Política", fujam desta mensagem. Ele faz de tudo para alinhar o discurso dos seus camaradas ao seu”.

Sobre o grau de aceitação e maior enchente, aquele jornalista considera o distrito de Nangade como sendo o que registou maior aderência desde que iniciou com a pré-campanha na província de Gaza. 

 “Apresenta as suas próprias ideias”

– Emília Moiane, jornalista da TVM

Emília Moiane, jornalista da Televisão de Moçambique, diz que o périplo que o candidato da Frelimo efectua às províncias é uma oportunidade para se apresentar e dar a conhecer as suas próprias ideias de governação.

“Existia na mente das pessoas, a ideia de que Filipe Nyusi estava praticamente a ser “levado na boleia” pelo Presidente Armando Guebuza. Este périplo está a ser importante para o candidato mostrar que tem as suas ideias, a sua visão do país, uma visão de continuidade, mas com aspectos inovadores”,disse Emília Moiane.

 “Tenho visto que a população corresponde ao discurso do candidato. Ou seja, há uma percepção de que a sua mensagem está a ser muito bem recebida pela população”,disse Emília Mioane.

Para ela, o distrito de Nangade foi o ponto que surpreendeu pela positiva. “Toda a população saiu de casa. Foi um momento de grande exaltação. Portanto, este local foi o ponto mais alto, apesar de em Cuamba também ter havido uma mobilização positiva”.

“Marco histórico na arena política”

– Humberto Saete, Rádio Índico

Humberto Saete, jornalista da Rádio Índico, classifica o périplo do candidato como sendo um marco histórico na arena política nacional, tendo em conta que estamos perante a deslocação de um futuro dirigente do país que com determinação está a auscultar as autoridades locais e população em geral para buscar conselhos no sentido de resolver as preocupações dos moçambicanos.

“Caso Filipe Nyusi vença as eleições que se avizinham, creio que será um presidente presente e com experiência suficiente para dirigir os destinos do país, dada a atenção que ele tem demonstrado em ouvir a opinião dos diferentes grupos sociais, para superar os desafios que perturbam os moçambicanos”,disse Humberto Saete.

Sublinhou que a paz, coesão social e o desenvolvimento sustentável, são os principais marcos inesquecíveis que norteiam o discurso do candidato da Frelimo às eleições presidenciais de Outubro. “Quem ouve Filipe Nyusi a falar, consegue rever-se e reviver os ideais dos anteriores presidentes, mas com um olhar contemporâneo”.

No tocante à enchente, Humberto Saete é de opinião de que em todos os lugares escalados, o candidato movimentou milhares de pessoas. “O nível de aceitação é arrebatador. Molduras humanas acompanharam Nyusi desde o princípio até ao fim da sua visita. Todos queriam conhecer a nova figura que poderá lhes representar como líder da Nação”.

“Manter o contacto imprescindível…”

– Xadreque Gomes, do Público

O jornalista do Jornal “Público” diz que o périplo de Filipe Nyusi pelas províncias é de extrema importância, “porque constitui o momento em que o candidato da Frelimo mantém contacto directo com as bases do seu partido. É nestas ocasiões, sobretudo em comícios que tem dirigido em diversos pontos do país, que mantém o contacto com o público em geral. Um contacto imprescindível, porque é através deste que ele se torna conhecido e o eleitorado também passa a saber como é que ele pensa e quais são os seus sonhos ou ideias sobre Moçambique”, disse Xadreque Gomes.

Relativamente às mensagens durante os comícios, Xadreque diz que lhe chamou atenção o facto de o candidato mostrar abertura para responder às preocupações das populações. “O mais importante é que ele mostra abertura e a sua disponibilidade em apostar numa governação participativa, em que o povo faz parte das soluções dos seus problemas. Mostrou igualmente estar preocupado em manter a paz, consolidar a democracia e acima de tudo manter a coesão entre o povo moçambicano”.