“Os sábios escondem a sabedoria; mas a boca do tolo é uma destruição” Provérbios 10:14
Designa-se por “Trampolim”, àquela prancha elástica que fornece impulso para uma pessoa saltar geralmente para o mergulho em piscinas. Portanto, Trampolim pode ser visto como espécie de “padrinho”, um “deus” para o sucesso de quem deseja catapultar-se para outros patamares. No tempo em que o pai do meu falecido pai era vivo, e a tradição funcionava, a vida do nosso clã, dependia da comunicação que ele (meu avô), mantinha com os nossos antepassados através de “Ku phahla”, na grande árvore sagrada, uma espécie de Tabernáculo, respeitada e venerada por todos nós, do mais velho à criancinha. A galinha, que levava mais de um ano para crescer, (não o frango), sem mácula (ou completamente branca ou totalmente negra dependendo do caso – “mhaka”), era sacrificada para o deleite dos espíritos dos Makanze, Litole e M´dzime, debaixo daquela árvore e todas as nossas preocupações ficavam dissipadas. Portanto, “Ku phahla” era o nosso trampolim para os nossos sucessos. Hoje em dia, “Ku phahla”, como tradição já nãos faz qualquer sentido e não passa duma simples palhaçada. Agora, ogrande “deus” da actualidade é sem dúvida a Televisão. Com poder absoluto, domina as mentes, ésoberana incontestável e inquestionável, abrangente, sem discriminação de classe social no sentido de que da mesma maneiraque entra na casa de quem tem muitas posses também entra na cubata dos “economicamente débeis”, dependentemente é claro do tamanho do ecrã. Por isso é que em quase todas as casas, a televisão ganhou destaque principal, tendo nalgumas residências uma espécie de “Altar, Thempele ou Maganzelo”, onde os sofás, poltronas, bancos ou esteiras, ficam voltados para o aparelho da TV, da cidade ao campo onde houver energia. As ideias disseminadas são as mesmas. Por isso, a televisão devia ser também um instrumento de cidadania, pois por meio das notícias que veicula podemos saber o que está acontecendo no País e no mundo, tomar posição a respeito de diferentes assuntos, usar a informação como arma para nos defendermos e fazer escolhas acertadas, sejam elas no campo político, económico ou dos nossos direitos. No começo eu até achava muita piada assistir televisão. Disputava com os pequeninos um lugar nos sofás para melhor posicionar-me no pequeno ecrã. Mas, à medida que se multiplica o número de estações televisivas com os seus diversos programas, com destaque àqueles que os chamados “experts”, homens e mulheres, tão vaidoso(a)s da sua ciência que presumem que os outros não podem ignorar menos nem saber mais do que eles e que são esses que dão os seus “valiosos pontos de vista”, mais me convenço que é mais salutar fechar-me no meu cubículo e saborear uma boa obra literária do que expor-me a absorver as balbúrdias desses “eleitos” sábios que pululam em todas as Televisões cada um disposto a formular a sua opinião, muitas vezes mais inútil do que construtiva, sobre matérias que não só não entendem, como só servem disso para fazer gala à sua própria ignorância. Porém como disse um dia o prestigiado filósofo, escritor e politico brasileiro Mariano José Pereira da Fonseca, mais conhecido por Marquês de Maricá: “Os velhacos têm por admiradores, todos os tolos, cujo número é infinito”. E disse mais aquele douto homem: “As opiniões (dos velhacos) circulam como as moedas, poucas pessoas são capazes de verificar o seu peso, toque e valor intrínseco”. Assisti há dias, numa dessas Televisões a afirmação absurda proferida por um proeminente “Bispo”, duma dessas seitinhas florescentes, a dizer que a Medicina Tradicional, (Fototerapia), uma das mais antigas práticas terapêuticas usadas pelo Homem, era “Obra dos Demónios”. Valha-nos Cristo! Um Telespectador perguntou ao “Reverendíssimo” se o Remédio da Lua que o próprio tomou em criança foi obra do Diabo!? O “Sábio Bispo” engasgou-se! Senti falta do meu “ignorante”Avô!
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
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