A semana passada serviu – bem no meio da crise – aumentar alguns tostões nos bolsos das operadoras de telefonia móvel; os donos do whatsapp devem estar a esfregar as mãos de tão contentes que estão. Idem servidores de serviços para celulares, entre outros.
Sem esquecermos, claramente, o facebook… todos ganharam alguns cobre… bem, Bula – bula deve ter sido o único que não levou nada para casa!
E o que enriqueceu, ainda que um bocadinho, esses operadores?
Simples: Uma mensagem convocando todos os moçambicanos bons para uma manifestação ou uma greve na última sexta-feira. A mensagem circulou via whatsapp, primeiro, e depois via facebook. Bula – bula também recebeu a referida mensagem… afinal também, por muitas razões, usa as redes sociais apesar de um certo senhor de negócios lá da terra dos palancas negras ter dito que se calharia seria aconselhável fechar as redes sociais e deixar apenas o facebook… mas voltando a vaca fria, a referida mensagem convocava para uma manifestação visando exigir-se a devolução dos milhões de dólares que estão na boca do povo e na ordem do dia.
Ora a mensagem não dizia claramente como é que os tais dirigentes iriam devolver os milhões de dólares. Mais grave ainda, a mensagem vinha sem rosto. Quer dizer ninguém assumia publicamente a responsabilidade sobre a marcha. Era uma mensagem do além a despertar a populaça para arruaça.
O que deixou Bula – bula mais preocupado foi saber, por portas e travessas, que a mensagem e depois o cartaz – convite, tinham sido engendrados por um compatriota actualmente radicado em paris, França. Que de lá das terras de Charles de Gaulle, no conforto de uma casinha tranquila e bem ventilada, degustando queijo e vinho, decidiu incendiar a sua própria terra e aguardar pelo noticiário da noite…
Bula – bulacaiu de quatro… como era possível que um moçambicano de gema (?) pudesse agitar os seus concidadãos e depois ficar a bebericar vinho?
A questão aqui não é a justeza ou não da marcha. A questão é perceber até que ponto podemos ser manipulados a favor de causas que nem sequer temos ideia do que sejam. A semana também propiciou a circulação de imagens de outras marchas mas que eram apresentadas como “estando acontecer agora no sítio X”. Outras imagens davam conta de polícias dispersando manifestantes. Tudo imagens de outras paragens e datas.
A talhe de foice vale lembrar que semana antepassada circularam mensagens dando conta que o edifício das finanças estava em chamas. Outro post dava conta sobre um certo massacre de inocentes no centro do país alegadamente perpetrado pelas FADM. A verdade é que tanto num caso (incêndio) e noutro (massacre) tratava-se de imagens do Brasil de 2012 e do Congo de 2011.
Porquê enganar as pessoas se a causa é justa?
O que intriga ainda mais a Bula – bula é que gente aparentemente de boa índole apareceu publicamente a apoiar a manifestação sem contudo conhecerem o organizador-mor. Uma reacção do tipo Maria vai com as outras…
Bula – bula também está preocupado com a coisa da dívida… também acha que o Governo deve dizer alguma coisa (coisa que o PM fez, entretanto) e embora o esclarecimento deixe ainda muitas perguntas, não deixa de ser interessante que assim tenha sido.
Vivemos realmente num país atípico, como disse o PM. Temos um partido com representação no Parlamento que é uma versão ampliada de Dr. Jekyll e Hyde: um tipo respeitável de dia mas um terror na calada da noite.
Temos também pessoas que se pré-diopoem a marchar sem saberem bem porquê. Ninguém viu o rosto do organizador mas manifestaram disponibilidade… á semelhança da auxiliar de serviços da casa de Bula – bula quena véspera da anunciada manifestação disse o seguinte: “patrão amanhã (sexta-feira) não virei trabalhar. Vou a manifestação. Tenho mesmo que ir senão não vou beneficiar da redução dos preços no arroz, óleo, sabão, etc.”
Bula – bula perguntou: E como é que vão saber que participaste na marcha?
Resposta: …!
A verdade é que quando olhas muito tempo para um abismo, ele também olha para dentro de ti!
