A Sociedade Moçambicana, de um modo geral, e os membros do Partido Frelimo em particular, estão muito interessados em conhecer o candidato do Partido Frelimo às eleições de 2014, este interesse é manifestado por se saber que, independentemente das margens de vitória, este, será, sem dúvidas, o próximo Presidente da República, o Presidente de toda a sociedade
Moçambicana, este é o fardo que a Frelimo carrega. O facto de, o Partido Frelimo não ter anunciado esse candidato, tem sido motivo de várias especulações, pelos de “dentro e de fora” parafraseando, Margarida Talapa, Chefe da Bancada Parlamentar do Partido Frelimo.
Os órgãos de comunicação social e, na falta de informação precisa, igualmente têm especulado que baste; a última especulação dava como certo a sucessor de Guebuza, o antigo combatente Feliciano Gundana, alegadamente, apresentado ao Presidente da República Popular da China, por Guebuza, como seu sucessor. Esta informação, não só viola o preceituado nos estatutos da Frelimo, como denigre a imagem do próprio Armando Guebuza, que o coloca como o “todo-poderoso” da Frelimo. A quem interessa veicular esta especulação? Se o estimado leitor estiver recordado, Gundana é uma figura que tem sido anunciada por diferentes sensibilidades, com destaque para o académico e antigo combatente Dr. Filipe Couto, antigo Reitor das Universidades Católica e Eduardo Mondlane. Na opinião de Couto, este iria garantir uma transição “suave” para a geração 8 de Março, a geração que carregou o fardo de fazer funcionar as instituições do Estado com o advento da independência nacional em 1975. Mas, como disse acima, muitas são as especulações avançadas, de tal sorte que, alguns enunciados, de tanto se falar deles sem nunca ninguém desmentir, acabaram assumindo que são efectivamente candidatos e, encontraram surpresas no X Congresso do Partido Frelimo em Cabo Delgado, ao não conseguirem renovar dos seus anteriores mandatos.
Esta não renovação de mandatos em sede do X Congresso por parte de pessoas que, na opinião pública seriam Presidenciáveis, levantou outras especulações, de que foram eliminados para “deixarem o caminho livre” para a escolha do actual Presidente. Essas vozes referem que Armando Emílio Guebuza pretende indicar alguém a quem possa “telecomandar” a partir do seu cadeirão na sede do Partido Frelimo em Maputo, na sua capacidade de Presidente do Partido com mandato até o XI Congresso em 2017. Como dizia acima, tudo isto são meras especulações, em parte derivado da falta de informação ou da decisão do próprio Partido Frelimo. Na verdade, me parece não haver nada de concreto em tudo isto, esperando surpresa no seio dos próprios camaradas.
A este propósito, escrevi um artigo de opinião em 2011 com o título “CONTRIBUTO AO X CONGRESSO DO PARTIDO FRELIMO”, curiosamente, neste artigo desafiava a Frelimo a separar as funções de Presidente do Partido e do Chefe do Estado, na minha argumentação duas razões de fundo pesam para esta separação, a saber;
1) A sociedade Moçambicana através do MARP diz haver necessidade de separar as funções de Presidente da Frelimo e do Chefe do Estado, que não se reconhece a diferença entre um cargo e outro nas actuais condições, sobretudo nas Presidências abertas e inclusivas que, para além dos Governos locais o Presidente reúne com os membros do Partido Frelimo. Ao aceitar esta separação, estaríamos, aos olhos da sociedade a separar Frelimo do Estado; aliás, não seria esta, uma forma de contributo para a “despartidarizaçao” do Estado? Queremos ou não queremos claramente esta separação!
2) Há necessidade de se obter um novo perfil de candidato do Partido Frelimo, em face da actual conjuntura global do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, os desafios da governação electrónica e a emergência de exploração dos Recursos Naturais que, desafiam as lideranças a terem uma visão sobre a economia mais vasta, não bastando os domínios da política mas, e sobretudo, o estudo dos mercados.
Mas há mais! Existem aqueles que, apontam o actual dinamismo de governação de Guebuza como sendo um sinal de que este não pretende “deixar” a presidência da República, apesar de ter dito e reiterado que não pretende se recandidatar porque é contra a Constituição da Republica que jurou defender. Esse dinamismo, na verdade, consubstancia aquilo que caracterizou a sua governação desde o primeiro mandato, que são as grandes obras, uma aposta em Infra-Estruturas Públicas, (as Pontes Armando Emílio Guebuza, de Unidade e Guijá) para citar algun; na Julius Nyerere está em curso uma grande obra na Presidência da República, esses detractores de Guebuza questionam “construir um gabinete para o seu sucessor?” estes são aqueles que, na gíria popular, se recusavam ou se recusam a plantar um coqueiro porque, iriam morrer antes de dar fruto, no entanto, eles deliciavam-se ou deliciam-se de cocos plantados por outras pessoas que não conheceram. Na minha opinião, Guebuza é dessas personalidades que se preocupa com o bem comum. Os outros apontam as Presidências abertas e inclusivas continuadas, como indicador de que Guebuza não pretende deixar o poder, ora, o mandato de Armando Guebuza termina em Fevereiro de 2015, efectivamente, ele deve continuar a fazer aquilo que o caracterizou na sua governação. Na minha opinião, tudo que fosse “hibernação de Guebuza” porque não é próximo candidato, acabaria por manchar todo o exercício ate aqui realizado e, diga-se, bem realizado.
A primeira-dama da República, a senhora Maria da Luz Dai Guebuza, deu entrevista a STV e o País onde reitera que Armando Guebuza não se vai recandidatar e di-lo assim “digo com toda a franqueza que Armando Guebuza não vai recandidatar-se. Ele disse várias vezes em público e eu digo aqui que ele não se vai recandidatar. No fim do mandato ele vai entregar as pastas ao novo Presidente. Então não adianta criarmos preocupações ou insistências. A verdade é uma. Ele não vai se recandidatar.” Mais adiante decepa equívocos sobre a sua própria candidatura a Presidência da República nos seguintes termos “Impossível, sou quadro sénior da Frelimo mas não é possível, nunca me passou pela cabeça candidatar-me”.
O receio de mais uma derrota, por parte do nosso maior perdedor de todos os tempos, fez emergir uma nova especulação. Esta consiste em se constituir um GUN em virtude de não haver condições para a realização das eleições gerais em 2014, aliás, agora ensaia-se o adiamento das autárquicas alegadamente, porque o pacote eleitoral está em debate nas conversas do Governo e a Renamo. Na minha modesta opinião, todas estas são apenas especulações, a Frelimo irá indicar o seu candidato às Presidenciais de 2014, tal como vem fazendo, em sede dos seus órgãos e, esses órgãos não são o Presidente do Partido, até porque, na minha opinião, a Frelimo está concentrada nas autarquias ou seja, não deve desviar o seu foco de atenção com o sucessor de Guebuza. Se não na vitória nas eleições autárquicas de 20 de Novembro, que são meio caminho para a vitória nas gerais e presidenciais de 2014.