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SOBRE CIDADE DE MAPUTO DIRIGIDA AO GOVERNO E MUNICÍPIO

Por admin

Sem querer roubar a coluna do meu confrade que se dedica a esta urbe, gostaria de me dirigir com sugestões ao Governo e Município da nossa capital e dou os meus parabéns pelos 125 anos ora completados.

Dizem-me os engenheiros experimentados na construção de estradas que o custo por quilómetro, incluindo com algumas pontes pequenas, não ultrapassa os dois milhões de dólares. Para 70 Km da circular, significaria um máximo de cento e quarenta milhões. Qual o preço real, o dos engenheiros ou os 350 milhões anunciados na comunicação social? Afirmam-me gentes do ramo que o custo para um ferry-boat novinho em folha andaria pelos cinco milhões de dólares, uns seis ferries custariam trinta milhões, mais os bons acessos, andaríamos pelos quarenta, muito longe dos mil milhões da ponte para a Catembe, custo mais juros, e não contando a manutenção.

De acordo com as estatísticas o Distrito Urbano de Ka Mavota (assim se escreve?) conta com a maior população da urbe e encontra-se em primeiro lugar no abastecimento à cidade.

Neste distrito paga-se uma taxa de lixo e jamais aí se recolheu o lixo.

Tirando a Cândido Mondlane (vulgo Dona Alice) não existem vias decentemente transitáveis. As lombas surgem verdadeiros muretes, muitas vezes sem sinalização. As valas tornaram-se criações de mosquitos e bicharia. Os TPM para não destruírem os seus veículos não circulam pela Rua da Linha (também conhecida por Estrada Velha de Marracuene, Rua da Igreja), D. Alexandre, para grande dano dos habitantes do distrito mais populoso da cidade.

Sempre se fazem promessas, anos e anos a fio! Não sobrará nada para melhorar a vida destas gentes? Afinal sempre há mais gente neste distrito que na margem sul da baía.

Para mal dos pecadosdos pobres habitantes do distrito, chapas e carrinhas de caixa aberta surgem como a única alternativa para o transporte das pessoas e dos verdes que abastecem os diversos mercados da capital. O transporte das pessoas em chapas sem travões, luzes, pisca-pisca, viaturas de caixa aberta, seguro verdadeiro e não simbólico e mínimo para os transportados e terceiros constitui violações flagrantes do Código da Estrada, uma ameaça à vida dos passageiros e das viaturas que com eles cruzam. Quem liga aos mortos e feridos, aos danos? Apenas as estatísticas.

Aparentemente ninguém liga, pese a legislação e embora a decisão de só se autorizar viaturas para trinta passageiros no mínimo. Que empresa, que investidor arriscaria os seus cabedais para sofrer a concorrência mais que desleal de chapas em quinta mão e carrinhas de caixa aberta? Mais de 100 autocarros dos TPM alugados em Tete!

Os CFM prometeram introduzir automotoras ao longo da Rua da Linha, existem duas ou três que circulam de vez em quando, raramente durante todo o dia útil, havendo muito poucas nas horas de ponta.

Certamente que o Município e o Governo da cidade se deveriam lembrar dos muitos, fora dos períodos eleitorais, se não desejam que existam sempre mais abstencionistas que votantes. Não creio que se recolham muitos votos das empresas construtoras de pontes e da população na margem sul da baía, para compensar a indiferença dos que sofrem calados e que quando indignados, queimam pneus, põem barricadas nas artérias e ameaçam o comércio e viaturas.

Quando se atribui orçamento aos distritos, inclusive urbanos, em função das receitas cobradas e o município não instala postos de cobrança nas sedes dos mesmos, os habitantes fora do centro da cidade vêm-se forçados a deslocarem-se para o centro da capital, se desejam cumprir as suas obrigações fiscais. Beneficia o Distrito Urbano número 1, o mais rico porventura de todo o país do Rovuma ao Maputo!

As gentes alicerçam as sociedades, as urbes, a economia, elas produzem, votam, elegem e fazem cair governantes. O egoísmo e ganância deste ou daquele negociante ou investidor sem qualidade não resolve os problemas dos muitos e, a tanto sufocar o povo este explode.

Ao longo de muitas décadas da História da FRELIMO as pessoas aprenderam que as direcções dialogam com as bases para nelas buscarem as ideias, as soluções, as vias mais correctas para se enfrentarem as dificuldades.

Criar-se o pensamento comum dá força ao dirigente por ele apoiado e garante o sucesso do empreendimento. Os sacrifícios aceitam-se melhor quando houve discussão. Lembremo-nos como fazíamos nos tempos do se não fosse ele, da cerveja só sai com petisco, das bichas para o pão, para o carapau, para o dia da carne. Tudo se aguentou porque compreendíamos.

Longe de mim o pretender dar lições a quem governa a cidade e o município, mas ao transmitir sugestões, parte do muito ouvido pelas ruas, recordando as nossas vivências e referências anteriores, não creio poder entender-se como lições, mas apenas como contribuições para reflectir e melhorar o bom que se vai fazendo e diminuir as mazelas que se sofrem.

Um abraço forte ao Município e Governo da cidade se ouvirem.

Sérgio Vieira

P.S. Lá para Tete fecharam durante dois anos a ponte Samora Machel, reabriram há um ano, voltam a fechar porque o pavimento está-se a descascar.

Quem fiscalizou a obra e a aceitou? Quem vai e como compensar os utentes?

Os mesmos que fizeram asneira constroem a nova ponte. Que garantias de seriedade, à parte de que se trata de estrangeiros a fazerem a obra?

Um abraço à seriedade,

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