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Renamo entre o suicídio e a sobrevivência política

Por admin

Sempre que lhes dá na real gana os dirigentes da Renamo fazem  ameaças, de forma a lembrar aos moçambicanos que  estão ao alcance das suas armas.

A ameaça de activar antigas bases militares pelo país sôa, entretanto a falso.

Esta ameaça velada de António Muchanga  é mais política, numa  intenção em manter sitiados os moçambicanos, em especial o governo, entre o medo da guerra e uma paz podre,…um erro de cálculo.Na verdade o que se passa é  que a Renamo começa a sentir-se asfixiada e cercada  das exigências de uma cultura democrática do qual nunca teve apego, e nem esteve preparada.

A Renamo é que deve por-se a páu de uma potençial nova ordem que está a chegar.Uma nova ordem que a todo o custo deve ser recriada para estancar a cultura de violência, do terrorismo, destruição e chantagens com fins políticos.Crimes perpetrados de gente, pertencente a uma organização política, com assento parlamentar e no Concelho de Estado.

Cidadãos moçambicanos  vêm sendo mortos e feridos ,entre  crianças, mulheres, jovens, velhos,alguns simpatizantes do MDM,Frelimo, e outros partidos extraparlamentares.Somos uma Nação inteira ameaçada às mãos da Renamo.

A meu ver chegamos a um ponto sem retorno, não se podendo dar um passo em falso em direcção ao que Renamo pretende,Estamos numa democracia plena sedimentada ou não?

A Lei eleitoral aprovada pelo parlamento como uma exigência da Renamo, foi ao meu ver um passo em falso, dado pelo governo.Partidarizar a STAE e a CNE ou politizar orgãos eleitorais;foi uma compra de milandos desnecessária,e oxalá me engane, quando se deveria ter  aberto um concurso público e professionalizar o sector.Seria uma forma de envolver formalmente  a sociedade civíl num processo eleitoral.

Esta permissividade minou de certa forma  a confiança do cidadão no executivo como pólo decisor político, e foi uma luz verde para que a Renamo pusesse mais pressão militar no troco-Muxungue-Save na provincia de Sofala, para obter mais concessões.Desde Abril do ano passado  até  hoje, dezenas de mortos na maioria civis têm sido vitimas da Renamo.Sempre que lhe convém Dlhakama aciona os seus homens para fins políticos de seu interesse, e o governo nesse aspecto fica a perder por as FDS não poderem estar em todo lado em defesa da população.

Neste diálogo a decorrer com a Renamo  é impensável pôr de lado a dissuasão militar, sendo esta a única arma capaz de resultar.Já vimos que a linguagem da democracia com Dlhakama não funciona, por desiquilibrar esteios de uma confiança que não existe, em relação ao poder constituido e em relação a outros actores políticos.A Renamo não vai desarmar facilmente com receio de desaparecer.Paridade para Renamo significaria igualdade em tudo,incluindo riqueza,….um absurdo e contraproducente.Moçambique tem um governo eleito, e vivemos em democracia pluralista e multipartidária.Há muito saimos do AGP, temos as FDS devidamente despartizadas, o país não vai recuar a esse  passado.

Temo que o comunicado da Chancelaria em Maputo sobre as ameaças de António Muchanga não vai resultar numa contenção da Renamo, mas confirmam que os Estados Unidos estão monitorando às movimentações da Renamo em querer disturbar a democracia. No fundo tanto os Estados Unidos, quer o Canadá assim como a União Europeia sabem que a Renamo está empenhada a fazer aquilo que sempre se propôs a fazer desde a sua criação:matar moçambicanos inocentes, até  que alguém considere tratar-se de actos de desumanismo.

Enquanto Samora Machel esteve vivo, a Renamo como instrumento do regime do apartheid tentou em vão derrubar o governo de Maputo.Veio a AGP  e a consequente democracia, a Renamo parecia acomodada às circunstâncias, contudo nunca abandonou a ideia de dividir o país ou derrubar o governo.Paz,Reconstrução e Reconciliação  para a organização de Dlhakama é tudo notas soltas no ar.

Logo após a tomada do primeiro governo saido do  AGP  a Renamo foi montando estratégicamente a sua acção, fazendo batota com uma força residual como grupo de pressão política contra o governo, ao mesmo tempo em que era usada  para mobilizar  a opinião geral do cidadão, contra a incapacidade do governo, em neutralizar os ataques.

Como se pode ver é tudo premeditado.A democracia para a Renamo vale nada.A Renamo  tambem teria na forja um pano B., um vazio político em Moçambique. Esta situação seria  resultante do clima de bloqueio ao acto eleitoral, precedido de ataques sistemáticos a postos de votação.

Dlhakama diz numa entrevista telefónica recente ao jornal País, que “Moçambique  não pode ficar refém de Guebuza, Presidente da Frelimo, referindo-se ao chefe de estado“Pois bem, Moçambique e a sua democracia é que não podem  ficar reféns do terrorismo de que Afonso Dlhakama é o principal mandante.O chefe de estado foi eleito de uma maioria absoluta,enquanto que Dlhakama neste momento  se encontra algures escondido.Ao atentar contra  a dinâmica da  democracia para sublevar  a constituição revelou a sua  incompatibilidade total  de coabitação com o sistema.A democracia moçambicana pode muito bem passar sem Afonso Dlhakama .

No seu estilo imútavel e dogmático tém- se gabado sempre que  lhe dá na real gana de ser um estratega.Essa inconsequente narrativa presume ao facto de apesar do AGP ter tido a capacidade de manter um exército secreto  (e não uma guarda presidencial) conforme acordado no AGP, capaz de a qualquer momento  alterar as regras do jogo de uma democracia que ele não acredita.

Até ao momento tem sido uma aposta inteligente e eficaz com fins políticos,mas tudo tende a mudar. O partido Frelimo é vocacionado ao poder, e o governo não pode pactuar com o terrorismo.

Claro  que o governação por imperativos nacionais vinha condescendendo,..um verdadeiro teste à capacidade de cedências, sem contudo assinar um cheque conforme Dlhakama na sua estratégia pretendia.

Entre tantas arbitrariedades acontecendo no pais, gostaria de perguntar a alguns desses ilustres diplomatas com chancelarias em Maputo cuja missão entre outras parece tentar atribular a democracia moçambicana, se nos seu países os orgãos eleitorais são partidarizados? A ser verdade que uma chancelaria situada em Maputo aconselhou Dlhakama a não se recensear, para desta forma impedir uma transferência de votos capazes de garantir  uma maioria absoluta  ao partido Frelimo e Filipe Nyussi, partindo do pressuposto Afonso Dlhakama tornou-se um impecilho, e perdeu espaço politico.Isto  quererá dizer que o MDM na óptica ocidental passará a ocupar o lugar anteriormente ocupado pela Renamo como maior partido da oposição.Terá sido a mesma chancelaria a aconselhar os propósitos das movimentações de Dlhakama de Maputo a Nampula e dali para Muxungue para dali dar início ao sistema de  chantages?

O governo não se terá precavido devidamente ,enquanto a Renamo sorrateiramente foi usando a força residual fazendo-a crescer no espaço como pedra de arremesso político.Só muito tarde o governo despertou  quando o quadro adensou.Houve uma quebra grave na recolha de dados para a inteligência.O ataque ao paiol de armas foi a ponta do icebergue , contudo já antes os discursos inflamatórios sucediam-se,  prometendo o  que estaria para vir. Depois da lei eleitoral que foi votada e aprovada no parlamento,partirização dos argãos eleitorais, agora a chegarmos ao ponto de mais uma exigência,..intragável dada a natureza inconstitucional impossível de realizar.

Quantos mais moçambicanos terão de ser mortos para acontentar as exigências da Renamo? A democracia confiou ao governo a gestão do país e  a Renamo não deve exigir dos moçambicanos aquilo a que não tem direito.

Os moçambicanos exigem a cessação das hostilidades militares dos ataques da Renamo contra cidadãos civis e destruição dos bens públicos e privados. Que haja uma desmilitarização da Renamo, e  a reinserção económica e social dos seus homens. A sustentabilidade democrática de qualquer país assenta na moderação política e  respeito pela constitucionalidade existente, e rompe com radicalismos com origem em agentes politicos  proponentes do ódio, animosidade e destruição.

Joaquim Chissano ex-presidente disse recentemente que a  Renamo tem a possibilidade de criar alguma perturbação entre as populações, mas duvido que tenha força capaz de enfrentar uma guerra».Eu acrescento que tirando a senhora Alice Mabota, que age como uma extensão da Renamo,  os moçambicanos não se revêm nas acções criminosas de Afonso Dlhakama e do seu bando.Como consequência se a imagem da Renamo junto aos moçambicanos estava em decadência, ficou diluída  a numeros expressamente ínfimos.
"O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz", já dizia Aristóteles.

 A Renamo não é suficientemente forte para conter o governo de varrê-la se necessário do mapa.“Precisamos de falar, dialogar, mas tudo tem os seus limites….

Finalmente e ainda num último suspiro como um recuo no repensar de estratégicas, a Renamo na voz do mesmo António  Muchanga, veio a público afirmar que afinal  iria dar ponto final aos ataques na zona Muxungue –rio Save.Faltando apenas dois dias do fim do periodo do recenseamento oficial,  isto poderá significar que entre o suicidio e a sobrevivência politica a Renamo  terá preferido sobreviver.

Mocambique Rumo ao Progresso

Inácio Natividade

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