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Imprensa na Democracia

Por admin

Três bancadas parlamentares da República Portuguesa – PS, PSD e BE -, quiseram que Sérgio Figueiredo, Director de Informação do canal televisivo, TVI, revelasse a fonte que esteve na origem da notícia de 13 de Dezembro de 2015 e que, alegadamente, precipitou o colapso do BANIF, um dos bancos mais emblemáticos daquele país Ibérico.

Na verdade, naquela data, o canal divulgara, como notícia de última hora, de que a instituição bancária estaria prestes a fechar e de que havia o risco de perdas significativas para os depositantes.

A notícia terá levado à uma corrida dos depositantes ao banco e se pensa tenha resultado na fuga de 900 milhões de euros em depósitos. Os responsáveis do Banif justificaram logo a seguir que a perda dessa liquidez contribuíra, grandemente, para o colapso da instituição que veio a ser alvo de uma injeçcão de capitais públicos no valor de 2.255 milhões de euros.

No entender dos três partidos é obrigação do director de informação da estação televisiva revelar a identidade da fonte que espoletou a notícia, quer pelas consequências que esta teve, quer para esclarecer porque é que esta informação foi dada e que mecanismos de validação foram adoptados.

Na audição da comissão parlamentar especializada, passada em directo pela mesma TVI, que aconteceu durante cerca de cinco horas de tempo, na última terça-feira, os deputados “espremeram” o jornalista a modos que se parecia uma humilhação que o escriba não aceitou e em mais de duas vezes se esqueceu de usar o qualificativo senhor, dirigindo-se ao deputado do PSD.

Dir-se-ia que não estou a dizer nada sobre o nosso país, exactamente porque falo do que teve lugar a 10.000 quilómetros de Moçambique e nada implica a nossa sociedade. Não, há sim, senhor!

A chamada do director de Informação da TVI foi na sequência da percepcao de que à notícia, que até teve uma rectificacao, na mesma estação televisiva, duas horas depois, dando mais um condão que minorava as possíveis consequências, estava a ser responsabilizada o facto de os depositantes terem corrido a tirar o seu dinheiro, com o receio de que o perdessem.

Por ai, quis-se empolar a responsabilidade da resolução ou fecho do bando àquele órgão de comunicação social, com todos os inconvenientes que se conhecem na influência política e social de Portugal nos últimos tempos. Ora, entre nós tudo se pode publicar, sem o mínimo de rigor e com consequências terribilíssimas para a vida de todo um povo.

Entre nós se pode levar a foto de um prédio em chamas no Rio de Janeiro, há mais de 10 anos, para dizer que é incêndio do Ministério das Finanças que quer apagar pistas das dívidas.

Pode publicar-se uma foto de um genocídio no Ruanda ou torturas nas zonas onde o clima de segurança é de todo insuportável, para dizer que são cenas macabras de Moçambique, assim como se pode falar, levianamente sobre uma vala comum com mais de 100 corpos, etc.etc.

Não acontece nada, não há nenhum poder que chame! Mas na mesma audição parlamentar alguém disse e bem: A democracia é alimentada por uma imprensa responsável.

Texto de Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

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