Entre nós Cidadãos Moçambicanos existem aqueles que se destacam e se notabilizam como eleitos para serem donos do Povo e outros “Eu” que se sentem e vivem pensando que são os representantes desse mesmoPovo. Explico-me melhor. Os que se dizem donos do Povo são aqueles de entre esses “Eu” cuja voz soa alto. Os primeiros desses “Eu”, orgulham-se de ter o
seu Povo nas suas mãos: “O meu Povo está contente; O meu Povo me ama; o meu Povo está comigo”.Os outros desses “Eu”, orgulham-se e se dizem porta-vozes do Povo: “O Povo está cansado. O Povo já está farto, o Povo não quer nada disso”. Mas o Povo, esse sábio Povo, que nunca poderá ser representado por ninguém e nem pertencer a ninguém, vive calmo, sereno e tranquilo. Assiste muitas vezes com tristeza às danças rocambolescas desses “Eu”, feitos Políticos e Pseudo Políticos que o agita, o divide o abusa, o mata e o confunde. Infelizmente, muitas vezes nenhum dos dois “Eu”, aparece na hora exacta em que oPovo necessita da melhor clarividência para tomar uma decisão Sábia. Nenhum dos dois “Eu” se materializa, em termos de acções concretas que viabilizem a tranqüilidade e a segurançadesse “SeuPovo”. Não se traduz e nem se acha nenhum daqueles dois “Eu” na hora das calamidades. Fica-se com a impressão de que há momentos em que o Povo fica entregue a si próprio, pois tanto nas investidas dos malfeitores na calada da noite, munidos de armas de fogo ou armas brancas, (catanas, machados, gazuas, varapaus), nem mesmo nas estúpidas velocidades de motoristas bêbados e irresponsáveis, não aparece nenhum dos dois “Eu” a apontar uma saída airosa. Quando o Povo, “cansado” de ser engomado com ferros em brasa, violentado e violado, humilhado em frente dos seus próprios familiares directos (marido, mulher, filhos, noras e netos), dizia “eu”, quando Povo não dorme e nem se sente seguro, nenhum dos dois “Eu” aparece a dizer: “meu povo, o caminho certo para a nossa salvaguarda é este; ou eu como vosso representante digo que me sigam para estarmos salvos sem problemas.” E, quando o Povo recorre a outros meios poucos ortodoxos, a “Lei e Ordem” surge do nada a impor-se. Numa democracia, como a Moçambicana que é tão bebé,o recenseamento e as eleições são de fundamental importância, porque, além de representaremactosde cidadania,possibilitama escolha de representantes e governantes que fazem e executam leis que interferem directamente nas nossas vidas. Não há sombra de dúvidas deque ainda não aprendemos a escolher bem os nossos representantes. Votamos em qualquer indivíduo e, muitos deles, notoriamentedesqualificados morais. Oferecemoso nosso voto por gratidão em alguém que nos pagou uma cerveja, que nos “vendeu” um talhão, que nos prometeu um empregoou que nos fez algum favorzinhoqualquer; votamos numbeltranoque é nosso amigo, nosso parente, ou conhecidode um colega de serviço; votamos num sicrano que é nosso correligionário ou é nossovizinho,companheiro da farraetc. etc., isso porque não nos aparece nenhum daqueles dois “EU”, o representante do Povo e o Dono do Povo a nos abrir bem os olhos na hora certa, fora das agitações Politicas.. Votamos em indivíduos que no ano eleitoral desfilam sorridentes pelos Mercados Municipais e Ruas, abraçando e beijando criancinhas pobres e suas raquíticas mães; candidato que aparece nanossa Igreja, um herege que nunca o frequentou antes, mas aparece agora que quer o nosso voto, dando-nos palmadinhas nas nossas costas, perguntando “interessado” pelas crianças (que, nem sempre temos); elogiando a nossa ”saúde” (que nem sempre temos) e muitas outras baboseiras pré-eleitorais.Votamos ainda, em Partidos, sem nos preocuparmos com a idoneidade moral e psíquica dos candidatos que eles nos oferecem. Praticamos, ainda, um crime social, quando, nas filas de recenseamento aparecem indivíduos a se recensear que nem se quer vivem em nenhum dos Bairros da nossa Autarquia. É gente humilde mobilizada não se sabe em que aldeia poroportunistas “forçando-a” a votar. Continuamos a votar pela beleza física, erudição, riqueza e carisma de certos candidatos que não servem nem para serem eleitores, quiçá para representantes sérios e honestos.Escolher um péssimo governante pode representar uma queda na qualidade de vidapara a construção duma Nação.Muitos deles serão eleitos e irão governar ou desgovernar as 53 Povoações escolhidas como Municípios desta nossa Pérola do Indico. Mas, poucos de “Nós outros” sabemos se podemos ou devemos exercer esse direito, e deixamos que esse tais “Eu” que se julgam nossos “donos” ou “representantes”, decidam por nós. Votar em qualquer um pode ter consequências negativasmuito sérias no futuro, sendo que depois é tarde para o arrependimento. Em resumo quero eu dizer que, há necessidade de esses dois “Eu”, o dono do Povo e o Representante do Povo estar sempre junto do Povo, porque só aparece a reivindicar esse seu estatuto, nos actos eleitorais, fora disso, o Povo que se dane.