“Se não te dedicas a algo que amas intensamente, nunca saberás o que poderias ter sido” – Amy Winehouse
Pedem-me que faça uma pequena apresentação do Grupo Alambique antes dos artistas se fazerem ao palco para, a seu jeito, dizerem quem de facto eles são. Fiquei com a sensação de estar a cair numa armadilha. Afinal o meu discurso é inútil. O que conta mesmo, para esta noite, é a música. É o espectaculo.
Portanto, o meu discurso é de uma inutilidade gritante. Os “Alambiques” não precisam que um aprendiz de feiticeiro venha a terreiro dizer quem eles são. Acredito piamente que, apesar da brevidade da minha intervenção, alguns dos presentes estejam já de cenho franzido porque expectantes demais pelo início do espectáculo.
Mas – acho que até o especáculo terminar ficarei a saber porquê – aceitei fazer este papel. O de reavivar a memória colectiva sobre este mítico grupo que nasceu em 1986 numa iniciativa de dois grandes músicos: Arão Litsuri e Hortêncio Langa. A eles juntaram-se outras sumidades, nomeadamente Celso Paco, Childo Tomás e Adérito Gomate.
O Alambique chegou a terreiro com uma energia invulgar. Nos alforges, o sonho de fazer algo novo; a ideia de base era misturar sentimentos e sons. Fazer música que explorasse harmonias largas e dissonantes, através de uma combinação hármonica de vozes e instrumentos. Na realidade, Alambique é pioneiro de um género de música moçambicana que mistura ritmos tradicionais e acordes de Jazz. Seria esse o princípio da chamada música de fusão?