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Trabalhador da IMOVISA expulso por práticas racistas

Por admin

O encarregado geral da Imovisa, Fernando Rodrigues, foi expulso daquela empresa como consequência directa das reclamações dos trabalhadores acusando-o de atitudes racistas. Para pressionar o patronato, os trabalhadores daquela empresa ameaçaram paralisar todas as actividades da empresa.

A IMOVISA é uma empresa que actua em todo o território, em vários sectores de actividade com negócios próprios e através de parcerias com empresas locais econta com cerca de 600 trabalhadores.

Segundo apuramos, junto de alguns trabalhadores daquela empresa, Fernando Rodrigues, de origem portuguesa, contratado em Fevereiro de 2013, não tinha bons modos, insultava os trabalhadores e violava sucessivamente a Lei de Trabalho em vigor no país.

Em Junho do ano passado, na sequência das reclamações dos trabalhadores, foi marcada uma reunião entre a massa laboral, o encarregado geral e os responsáveis do Grupo Visabeira tendo como epicentro as acusações contra aquele dirigente que, por sua vez, comprometeu-se a melhorar. Nada. Tudo continuou na mesma.

“Chegamos a uma situação que quase nos levou a uma paralisação geral. Houve tanta confusão devido ao racismo e aos maus tratos que ele perpetrava. Só para citar alguns exemplos, era proibido fritar ovos na copa, porque alegadamente cheiravam mal. Recusava que participássemos de cerimónias fúnebres, embora esteja estatuído que podíamos pedir dispensa para tal e nem sequer podíamos sair de férias”, disseram os trabalhadores.

Naquela empresa foi construído um posto médico para os empregados, no entanto o encarregado não tolerava a ida daquele grupo e muitas vezes ordenava que recebessem apenas paracetamol, sem prescrição médica. 

domingoapurou que numa segunda tentativa de reconciliação realizou-se uma reunião, em Dezembro último, que não resultou em nada. Ele não demonstrou a mínima vontade de mudar o comportamento. Mais um episódio de maus tratos chocou os trabalhadores quando numa das obras trabalhou-se até meia-noite, porque estavam num “bate-boca” com aquele responsável devido ao tipo de cabos que deviam ser inseridos.

Os trabalhadores optaram por remover o cabo mas, quando chegou o dia verdadeiro, para meter o cabo nos termos em que ele queria, não deu certo. Outro dia chegou ao estaleiro e começou uma confusão; chamou os trabalhadores de cambada de burros. Todos nós ficamos indignados. Foi uma aberração. Noutro dia, um dos trabalhadores picou-se com prego durante um trabalho, e ele disse que era carne de cão e que sarava rapidamente”, lamentaram.

Depois das infrutíferas conversas, o Sindicato dos Trabalhadores da IMOVISA optou por abordar o administrador do grupo Visabeira para explicar a situação. A seguir foram ao Ministério do Trabalho (MITRAB) onde submeteram uma queixa. O encarregado foi notificado, mas não houve nenhum feedback do ministério e os maus tratos continuaram.

“A direcção da IMOVISA não reagiu, dai o ultimato: Ou ele ou nós. Discutimos com a direcção e só na segunda-feira passada conseguimos que ele fosse afastado definitivamente.

Um dos episódios que agravou a relação entre os trabalhadores e aquele dirigente foi aquando da contratação, mês passado, de três jovens que, por serem novos da empresa tinham horário diferente dos outros, não tinham direito ao pagamento das horas extras.  

Ele os obrigava a trabalhar até as 12 e tinham apenas uma hora para almoçar, regressavam as 13 e só saiam as 18. Se trabalhassem, por exemplo, connosco as horas extras (das 17.30 as 20h) eles não eram pagos porque eram contratados. Esses trabalhadores novos foram pedir o valor das horas extras, infelizmente foram expulsos como se fossem lixo”, lamentaram os trabalhadores.

Acrescentaram que viram a necessidade de reagir, pois tratava-se de cidadãos com direitos como todos e acima de tudo eram moçambicanos, “Às vezes obrigava o motorista a exercer funções de contínuo, pormenor que não consta no contrato de trabalho”.

Segundo contam os trabalhadores foram diversos episódios de maus tratos na empresa, sempre que tentassem contestar recebiam mais insulto. Outro episódio triste aconteceu num dia chuvoso quando os trabalhadores molharam a caminho do serviço, viram a necessidade de pendurar a roupa e o encarregado recolheu a roupa destes para o lixo.

Ele mandou recolher toda roupa dos trabalhadores que estava pendurada para secar, juntar num saco plástico e deitar na lata de lixo. Foi uma situação que mexeu com todos. Já não podíamos aceitar”, concluíram.

Salientar que o Comité Sindical da IMOVISA havia convocado aos trabalhadores a paralisarem as actividades por tempo indeterminado, caso a empresa não aceitasse a retirada do então encarregado geral.

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

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