Início » “Temos de investir no Homem”- Jorge Nhambiu, Ministro da Ciência e Tecnologia

“Temos de investir no Homem”- Jorge Nhambiu, Ministro da Ciência e Tecnologia

Por admin

O Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional (MCTESTP) definiu como umas das prioridades para o presente quinquénio o ensino técnico profissional. A medida assenta na visão do novo Governo que é investir no homem, criar emprego, auto emprego e capacidade de trabalho para as instituições que estão a surgir no país.

Para o comprimento desse desiderato, várias equipas trabalharam recentemente a nível nacional para apurar o número de instituições do ensino técnico profissional, tipos de cursos leccionados e número de alunos em formação.

Do levantamento efectuado, apurou-se que há 121 escolas do ensino técnico profissional em todo o país, onde foram matriculados mais de 59 mil alunos.

O Ministro de tutela, Jorge Nhambiu, disse há dias que os dados colhidos pelas equipas são um dos instrumentos que vão ajudar a sua direcção na planificação das actividades do seu sector.

Para tal, está agendada para o próximo mês de Junho a reunião nacional dos Directores das Escolas e Institutos Técnicos, onde serão debatidos assuntos relacionados com o desempenho do sector e propor estratégias para o seu melhoramento.

Na reunião de Junho será feita, entre outras actividades, a avaliação dos principais programas no âmbito da Reforma da Educação Profissional (REP) e implicações futuras, a avaliação e certificação nos cursos que introduziram as novas qualificações, e a análise da descontinuidade do nível básico.

A reunião vai ser uma boa oportunidade para discutir o que realmente queremos com o ensino técnico-profissional. Recentemente trabalhamos nas províncias de Cabo Delgado e Nampula para aferir mais de perto o que está a acontecer”, disse.

Nhambiu revelou que durante a visita que efectuou deparou-se com situações desagradáveis no que tange ao apetrechamento de laboratórios.

Por exemplo, encontramos uma universidade que lecciona curso de engenharia mecânica, mas não tem nenhum laboratório. Trabalha com apenas um motor velho e faltam docentes. Já num instituto de formação técnico profissional equipado com máquinas de última geração, de comando numérico, os professores não sabem usar o equipamento”, contou.

Para inverter este cenário, o ministro disse que o Governo vai apostar na formação de professores para o sector, pelo que neste momento decorrem diligências com vista à construção de um Instituto Superior de Formação de Professores. A instituição deverá funcionar em regime de internato devido a intensidade da carga horária.

Para ser professor do ensino técnico, o educando deverá ter aulas de pedagogia, psicologia, meios de ensino, organização e higiene escolar, para além das disciplinas relacionadas com o curso que vai leccionar”, sublinhou.

De recordar que o Banco Mundial disponibilizou, recentemente, ao MCTESTP um donativo no valor de 45 milhões de dólares americanos, fundos adicionais para projectos ligados ao Ensino Superior, Ciência e Ensino Técnico Profissional.

É um dinheiro que vamos usar para melhorar a distribuição de conhecimento por todo o país e aumentar o número de investigadores e aquisição de equipamento para diversas instituições”, referiu Nhambiu.

Averiguar o nível

de formação superior

Dados apurados pelo nosso jornal indicam que no país existem 39 instituições de ensino superior, sendo 21 privadas e 18 públicas onde estudam cerca de 154 mil estudantes.

Jorge Nhambiu defende que o Ministério deve regular e averiguar o nível de formação que está a ser feito em todo o país, pois existem mecanismos para tal.

Temos regulamentos que estão em fase de revisão e, dentro em breve, serão submetidos ao Conselho de Ministros para apreciação e posterior submissão à Assembleia da República (AR). São instrumentos que vão servir para regular professores e investigadores”, referiu.

No que toca aos problemas do ensino superior, Jorge Nhambiu mostrou-se preocupado com algumas instituições que abrem tendo como principal objectivo fazer dinheiro.

Por essa razão, defende que os instrumentos de regulamentação devem se fazer sentir. No entanto, entende que as escolas do ensino superior privadas existentes a nível nacional ajudam na formação dos moçambicanos, dai que devem ser acarinhadas, pois só assim é que poderão atingir o nível formação ideal.

Uma das coisas que queremos fazer com o Fundo de Desenvolvimento Institucional é investir nestas escolas para que os moçambicanos que saiam de lá tenham capacidade de produzir. Vamos impor as leis. Quem quiser abrir um curso de engenharia terá que mostrar laboratórios”, sublinhou.

O preço médio de um laboratório é estimado em pouco mais de 500 mil de dólares americanos. “Um curso de engenharia precisa, no mínimo, de cinco laboratórios. São cerca de três milhões de dólares. Então, o refúgio é abrir um curso que precisa de uma sala de computadores e livros bastando para isso entre 150 mil e 200 mil dólares, concluiu Jorge Nhambiu.

Pagar pela investigação

Jorge Nhambiu, Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, defende que a investigação é uma actividade que consome tempo, dai a necessidade de remuneração. “A investigação tem que ser levada a sério e deve ser compensada de alguma forma. Até porque tem obrigações nos seus lares. Outros só se interessam por trabalhos que dão dinheiro, disse, tendo acrescentado que“Moçambique tem investigadores de renome, mas muitos deles só investigam quando estão a fazer o seu doutoramento. A base de dados deste sector está 80 por cento concluída”.

TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA

Jorge Nhambiu disse que foi criado o centro de transferência de tecnologia que desempenha várias funções, com destaque para a validação das inovações junto das instituições de ensino superior para, depois, transferi-las para as comunidades. Por outro lado, as inovações que ficam nas universidades e sem divulgação também serão abrangidas.

É por isso que precisamos de uma base de dados onde consta tudo que é inovação. A partir daí tanto nós, assim como o público em geral, poderá ter acesso a informação com os respectivos direitos do autor e utilizar para fins de desenvolvimento”.

Para materialização deste plano, o Fundo Nacional de Investigação (FNI) deve resgatar todos os projectos apresentados e ver quais os que podem ser aplicados na comunidade, pois muitas vezes são desembolsados valores para que se façam estes trabalhos mas tudo acaba ficando no papel.

De referir que foi criada uma expedição científica, composta por um conjunto de investigadores, que vão se deslocar para algumas províncias e distritos para averiguar que tipo de investigação deve ser feito em cada local de acordo com as necessidades da população. As províncias de Nampula, Zambézia e Cabo Delgado, afectadas pelas cheias, serão as primeiras.

Centro de dados do governo concluído em Junho

O Centro de Dados do Governo, localizado no Parque da Ciência e Tecnologia da Maluana, que vai permitir o armazenamento digital de documentos, estará pronto no próximo mês de Junho.

Com este mecanismo, o Governo passará a conter gastos com o armazenamento de documentos em papel e diminuirá os custos de operação dos arquivos existentes.

A edificação do Centro de Dados está avaliada em cerca de 35 milhões de dólares americanos, concedidos pelo Exim Bank, da China. As obras estão a cargo da empresa chinesa Huwaei.

Para além de proceder à construção da infra-estrutura, a empresa irá participar na colocação de tecnologias avançada de extrema importância para o armazenamento de dados informáticos e electrónicos.

Guardar dados é um negócio rentável. Já temos grandes empresas que querem ser nossos clientes. Este centro tem a parte comercial que será o dinheiro que vai pagar o empréstimo do Exim Bank.

Fotos de Juma Capela

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana