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Farmacêuticos apostam numa formação integrada

Por admin

A garantia de condições de funcionamento das farmácias e formação destes profissionais é fundamental para se assegurar a qualidade e efectividade na utilização dos medicamentos e dispositivos médicos nos hospitais. Para o efeito, a agremiação pretende vencer as diferenças existentes entre os países membros no sentido de caminharem juntos.

Uma das formas sugeridas pelo novo Presidente da Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), Valmir Santi, que rendeu o moçambicano Lucílio Williams, é apostar em intercâmbios semestrais para troca de ideias e experiências e adoptar a formação com curriculum integrado entre os países membros.

Segundo o brasileiro Valmir Santi é preciso buscar a experiência dos países mais evoluídos na área, como Portugal, onde o farmacêutico já actua na clínica, próximo do paciente, e com um sistema de farmácias estabilizado.

No Brasil, por exemplo, existem cerca de 200 mil farmacêuticos e outras milhares de farmácias, mas, pelo que se ouviu e disse no congresso, o sistema não está tão evoluído quanto o português.

Já nos países africanos que mais intervém na AFPLP, Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe deve-se aumentar os níveis de formação e farmacêuticos e aprimorar a legislação para que se estabeleçam as respectivas Ordens dos Farmacêuticos (OF), sendo que neste momento apenas existe em Angola e Cabo Verde.

As ideias acima referenciadas foram defendidas por Valmir Santi que entende serem aqueles os pressupostos para que os farmacêuticos se organizem melhor e mais facilmente beneficiar do processo de formação de quadros sobretudo ao nível de pós graduação.

Outra medida apontada pelo novo Presidente, é que haja maior número de intercâmbios entre os países membros, disseminação das publicações (revistas cientificas) produzidas em Angola, Brasil e Portugal. Desta forma, ele acredita que poderão conseguir até financiamento junto de parceiros para que forneçam bolsas de estudo completas com viagem, estadia, alimentação paga durante o curso, para os níveis de licenciatura e pós graduação.

Numa outra abordagem, a fonte falou da necessidade de haver flexibilidade política para que a Ordem dos Farmacêuticos possa vir a ser realidade em todos países africanos de Língua Portugesa (PALOPs), pois tal depende de aprovação governamental.

Ele entende que, por exemplo, os farmacêuticos moçambicanos devem exercer alguma pressão, no bom sentido, ao Parlamento para que este aceite agendar o debate com vista a criação da ordem.

Em Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde já existem as respectivas ordens, basta que se cria outra lei que se assemelhe e fazer com que seja promulgada pelo Presidente da República, defendeu Santi, disse tendo acrescentado que tal constituiria um avanço visto que as profissões no mundo inteiro tem ocupado o seu espaço através de leis específicas, sublinhou.

Justa homenagem

Moreira Chonguiça

O Presidente cessante, Lucílio Williams destacou que no seu mandato de dois anos conseguiram desenvolver a profissão do farmacêutico graças as parcerias estabelecidas ao longo de 20 anos entre os países membros.

Como presidente da AFPLP teve o privilégio de ver instituídas duas Ordens de Farmacêuticos, nomeadamente de Angola e Cabo Verde.

Outro ganho importante foi ver os profissionais de farmácias deixarem de ser simples dispensadores de medicamentos e passarem a fazer serviços farmacêuticos.

Ficou provado cientificamente que graças a acção dos farmacêuticos os governos conseguiram elevar os indicadores de saúde em termos de cobertura vacinal e gerar poupança em termos de custo de saúdeque foram usadas para outras áreas de saúde mais carenciadas. 

O presidente cessante destacou também o papel do farmacêutico na melhoria de acesso aos serviços de saúde.

Ainda no rol dos ganhos do seu mandato, Williams distinguiu a criação do Centro de Medicamentos da Universidade Lúrio (UNILURIO), bem como a assinatura de acordos de cooperação entre Angola, Brasil, Moçambique e Portugal com aquela instituição de ensino superior.

Lucílio Williams aproveitou também a oportunidade para se referir a justa homenagem, a título póstumo, feita a Chonguiça Moreira Chonguiça que com o seu saber e experiência profissional contribuiu sobremaneira para a dignificação da profissão no país.

 No sentido contrário, Lucilio Willmans lamentou o facto de não terem conseguido promover ou patrocinar a participação de estudantes lusófonos em cursos de doutoramento.

Quanto a instituição da Ordem dos Farmacêuticos de Moçambique, ele escusou-se a comentar, contudo mostrou-se satisfeito pela declaração de intenção do Governo de tudo fazer no sentido de criar este organismo.

À semelhança dos outros países, brevemente Moçambique terá uma Ordem de Farmacêuticos com apoio do executivo moçambicano, disse.

Concluiu agradecendo o apoio que teve dos seus correligionários durante o biénio que esteve em frente da AFPLP e da intervenção destes para a melhoria da saúde das populações.

Jaime Cumbana

 

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