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Crianças driblam pais e caem na noitada ao longo da EN1

Por admin

Texto de Carol Banze e Fotos de Jerónimo Muianga

Menores de idade divertem-se como adultos ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN1), sobretudo nas noites de sexta-feira, sábado e domingo. Em barracas fixadas a poucos metros da estrada assiste-se a uma verdadeira subversão de valores: crianças, algumas aparentando menos de 10 anos, bebem, fumam e namoram sem peso de consciência. 

 Alguns pais têm conhecimento da ocorrência desses factos, no entanto, ao que tudo indica, estão de mãos atadas sem poder alterar o cenário.

 domingoparou num desses pontos de encontro, concretamente em Mabil, cidade da Maxixe na província de Inhambane. Lá conversou com os protagonistas da perigosa maratona das noites.  

João, Ngila e Rungo, três estudantes, residentes na Maxixe, cujas idades variam entre os 10 e 14 anos, faziam parte de um grupo de crianças que se encontrava a passar o tempo em barracas “curtindo e dançando”, mas principalmente“procurando pitas”.

 Apesar de se divertirem praticamente colados à estrada, garantiram não correr nenhum perigo de atropelamento porque, segundo eles, as bebidas alcoólicas não entram no seu círculo de brincadeiras por, curiosamente, reconhecerem que “ainda somos crianças”.

Trata-se, realmente, de meninos (e meninas) que, no entanto, imitam o adulto no traje, no trago e na ginga.

Os mais adultos, com alguma coragem, divulgaram o que as noites têm para oferecer. Aqui na Maxixe txila-se, disse Teresa Rafael, estudante de 19 anos. “Há música, dança, bebida, carne assada…”.

domingoviu. Estava tudo exposto aguardando, apenas, pela vontade de crianças, homens e mulheres.

E foi na conversa com Teresa que se confirmou que a estrada tem sido um dos grandes vilões daquelas brincadeiras de adultos que conta com uma considerável colaboração de crianças. “Tem havido acidentes por aqui que resultam em mortes”, garantiu-nos.

Efectivamente, é uma animação cheia de nódoas, não obstante, acolhida e aprovada pelos seus actores. Augusto António, também estudante de 19 anos, descreve as noitadas da Maxixe como sendo “o máximo!”. Motivos, na sua óptica, existem de sobra mas, dentre vários, agrada-lhe o facto de haver bebida à fartura. “Bebemos para relaxar”. E vão mais longe. Durante as sessões de dança identificam e, sem muito esforço, “carregamos as pitas para casa”. É o que também anima Josefa Luís, estudante, de 17 anos, que a dado momento da nossa conversa, numa tentativa de suavizar a sua participação nas noites, criticou os que se embebedam e deitam-se na estrada. “Esses é que estragam o nosso divertimento”, considerou.

Não fosse esse porém, conforme deixou transparecer, estaria tudo de acordo com a lei, apesar de, numa clara contradição, confessar que a ida à festa da rua acontece nos momentos em que seus pais se encontram a dormir e, acto contínuo,sonhando com as estrelas. Ou seja, lançam-se à farra sem o conhecimento ou consentimento dos seus pais e/ou encarregados de educação.

Este facto foi confirmado por alguns responsáveis por estas crianças e jovens. Custódio Capitão, de 50 anos, pai de quatro filhos, residente na Maxixe, abordado pela nossa equipa de reportagem, desaprovou o comportamento dos que se espalham pela EN1, sob pretexto de se divertirem. No entanto, devo declarar que a situação está fora do controlo.” No meu caso,“dificilmente fico a saber quando os miúdos me escapam para essas noitadas, pois dormimos em barracas separadas”. Adiante, demonstrou aflição por, “nossos filhos estarem a frequentar ambientes onde se aprende a beber, fumar e até a prostituir-se.” Segundo ele, a situação é agravada por, hoje em dia, as crianças não respeitarem os seus pais, dispensando, portanto, os seus ensinamentos.“Tudo isto deixa-me inquietado, pois tenho filhas que um dia podem aparecer grávidas, como resultado dessas brincadeiras”.

O posicionamento de Custódio é reforçado por Felismina Pedro, de 49 anos, mãe de seis filhos. “Não gosto nem de pensar que eles saem para essas brincadeiras. Há muitos perigos na estrada: desencaminhamento de conduta, gravidez, atropelamento. Já tomamos conhecimento de alguns casos de acidentes de viação, as crianças atravessam a EN1, dum lado para o outro. Ouvimos dizer que, também, ficam sentadas na berma da estrada. Já houve mortes por lá, por isso pedimos ao Governo que nos ajude a tirar as nossas crianças desse perigo e da perdição”.

ESTAMOS A TOMAR MEDIDAS

– Boaze Mapilele, Vereador da Juventude, Desportos, Educação, Saúde e Recreação

As movimentações de risco a que se assiste ao longo da EN1, especificamente na cidade da Maxixe, são do conhecimento das autoridades municipais e não só. O vereador da Juventude, Desportos, Educação, Saúde e Recreação do Município da Maxixe, Boaze Mapilele, disse ao domingoque se trata de um problema antigo, que levou a que fossem formadas equipas de patrulha com o objectivo de desactivar esses pontos de risco. De qualquer modo, o que se vê é que o movimento de pessoas não pára, o que denuncia alguma falha nas acções das autoridades.

 Sobre esta questão, Mapilele esclareceu que as lacunas se devem ao facto de, até ao momento, “capitalizarmos as acções de fiscalização na zona de cimento”, em prejuízo de locais como Mabil, Agostinho Neto, entre outros.Contudo, avançou que outras acções estão em curso, tais como, apelos feitos durante as presidências participativas do edil da cidade da Maxixe, bem como encontros com os secretários dos bairros que, por seu turno, “levam até aos chefes de quarteirão e outras entidades locais mensagens cujo teor chama a atenção da população em relação ao risco que corre divertindo-se na estrada”.

Ainda de acordo com o vereador Mapilele, pela grandeza do problema, as acções das autoridades conhecerão avanços a partir do momento que a sensibilização principalmente dos jovens passará a ser feita, igualmente, nas escolas e se intensificarão as reuniões com os pais.

Em relação à actividade das barracas que, até certo ponto, serve de chamariz para a aglomeração de crianças e adultos ao longo da estrada, Mapilele deixou claro que, pela lei, esses estabelecimentos de comércio devem encerrar a partir das 21 horas.

Havendo violação, garantiu que será feita uma fiscalização acirrada e, caso se mostre necessário, a aplicação de multas aos que permanecem em funcionamento fora da hora estipulada e contribuem para o desencaminhamento de menores de idade.

Carol Banze

 

carolbanze@yahoo.com.br
FOTOS de Jerónimo Muianga

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4 comments

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