EDSON MUIRAZEQUE *
EDSON.MUIRAZEQUE@GMAIL.COM
Foi realizada, semana passada, a badalada reunião dos BRICS na África do Sul, com o evento sendo marcado pela decisão de expandir o Fórum para incluir mais seis países. Das mais de duas dezenas de países que perfilavam para serem admitidos ao fórum, os BRICS decidiram convidar o renegado Irão e os tolerados Arábia Saudita, Egipto e Emirados Árabes Unidos (EAU), todos do Médio Oriente, três deles ricos em petróleo. Para solidificar a aparente vontade de estabelecimento de um fórum “realmente multipolar”, os BRICS convidaram também a Etiópia e a Argentina para se juntar ao grupo, talvez num gesto para demonstrar alguma representatividade continental do chamado Sul Global. Com a decisão, os BRICS pretendem mostrar que, por um lado, são um fórum aberto à diversidade, isto ao fortalecerem a “amizade” dos arqui-inimigos do Médio Oriente e, por outro, a sua agenda está virada também para controlar a região do Médio Oriente, cujas riquezas energéticas fornecem poder a quem a controla.
Depois de muito “burburinho” sobre a participação ou não de Vladimir Putin, presidente da Rússia, a cimeira dos BRICS acabou sendo realizada na ausência deste. Meses anteriores, a África do Sul encontrava-se numa “saia justa” por ser a anfitriã e ter de lidar com o delicado imbróglio criado com o mandado internacional de captura do líder russo, emitido pelo “Tribunal de Penitência dos Africanos”, o Tribunal Penal Internacional (TPI). O dilema da África do Sul residia na decisão a tomar entre convidar Putin para a Cimeira, que é o lógico por a Rússia ser parte integrante dos BRICS, e ter de deter o líder russo caso este colocasse o pé no país, por Pretória ser membro do TPI. Para o bem da diplomacia sul- -africana esse imbróglio foi ultrapassado atempadamente com o anúncio das autoridades de Moscovo de que Putin enviaria o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros Leia mais…
