. Segurança e combate ao terrorismo no topo da agenda da reunião
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, participa hoje, na cidade sul-africana de Joanesburgo, na Vigésima Quinta Cimeira Ordinária da União Africana (UA) que amanhã termina. Espera-se que participem no evento a maioria dos pouco mais de cinquenta chefes de Estado e de Governo de toda Africa, estando no centro da agenda o debate em torno da segurança e terrorismo. Trata-se da primeira participação do estadista moçambicano nas reuniões da mais importante entidade diplomática do continente.
O evento servirá para Moçambique manifestar, uma vez mais, o seu compromisso de seguir a agenda africana, que vinca a necessidade de promoção da paz, a par da aceleração da integração económica do continente.
O Chefe de Estado poderá discursar esta tarde, à semelhança de outros estadistas africanos recém-eleitos, nomeadamente, da Nigéria e da Namíbia, saudando seus pares e reafirmando que Moçambique está com África na busca da estabilidade sócio-economica e politica.
Jakaya Kikuete, da Tanzânia, participa no evento pela última vez, prevendo-se que se despeça dos seus pares na tarde de hoje.
Nyusi faz-se acompanhar nesta deslocação pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, pelo Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, pela Ministra do Género e Accão Social e pelo vice-ministro da Saúde, uma delegação que espelha as expectativas de Moçambique neste encontro.
Sob o lema ano de empoderamento da mulher perante agenda até 2063, as reuniões começaram no domingo passado, envolvendo reuniões paralelas dos diferentes órgãos da União Africana.
Destes encontros, particular destaque mereceu a reunião do Conselho Executivo cuja cerimónia de abertura contou com a intervenção da Presidente da Comissão Africana, Nkosazana Dlamini Zuma.
Na ocasião, falou da necessidade de os estados-membros da união olharem para o seu percurso e reflectirem sobre os desafios que enfrentam sobretudo na questão da integração.
Por seu turno, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Zimbabwe, Simbarashe Mumbengegwi, presidente de mesa do Conselho Executivo, apelou aos ministros dos estados-membros para a necessidade de revisão dos métodos de trabalho dos diferentes órgãos da união africana visando sua eficiência no cumprimento de diferentes mandatos.
PREOCUPACÕES EM TORNO
DA EXPANSÃO DO TERRORISMO
O terrorismo destaca-se como ameaça real com expansão de acções de movimentos radicais no continente, sobretudo na Nigéria e na Somália.
Aliás, vislumbra-se nesta cimeira a preocupação com medidas amplas de segurança, com mobilização de fortes unidas da polícia e das forcas armadas.
O acesso a sala de convenções de Sandton, em Joanesburgo e bastante limitado, marcado por protocolos secretos em matéria de segurança, protocolos que restringe, até certo ponto, a actividade da Imprensa africana que marca presença em peso.
Não obstante, as ruas de Joanesburgo encontram-se engalanadas, destacando-se o apego ao arco-íris, que retrata as cores de uma Nação que soube vencer a violência racial.
A 25ª Cimeira de Chefes de Estado e Governos que hoje inicia tem como ponto crítico a análise do teor do relatório trazido pelo Conselho da Paz e segurança. Este conselho congrega quinze países. Moçambique, África do Sul e Namíbia representam a SADC neste fórum privilegiado.
Espera-se, neste encontro, que a Presidente da Comissão Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, exija soluções práticas que visam o combate efectivo do terrorismo em África que ganha terreno com acções bárbaras do Boko Haram (na Nigéria) e do Al-Shabaab no sul de da Somália.
Nkosazana Zuma falará ainda do conflito, cada vez tenso, entre o Sudão e o Sudão do Sul, que grassa ambos países desde 2013, sem deixar de fora a instabilidade política prevalecente em alguns estados africanos, designadamente, Líbia, Burundi, República Centro Africana, dentre outros.
A adopção de reformas estruturantes nas Nações Unidas exigem dos africanos o esboço de um plano conjunto e não passara a margem da cimeira que hoje começou.
Prevê-se que amanhã decorra a eleição de três membros do Comité de Peritos para o Bem-estar da criança e de outros seis para a Comissão Africana dos Direitos Humanos. Moçambique não apresentou candidatos para estas comissões.
OBJECTIVOS DA UNIÃO
Recorde-se que a União Africana foi fundada a 11 de Julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade Africana (OUA), criada a 25 de Maio de 1963.
O órgão segue o modelo de integração da União Europeia e do NAFTA (Acordo de Comercio Livre da América do Norte). A substituição da OUA pela União Africana teve como ponto de partida o desajustamento de alguns dos seus objectivos, como a independência dos países africanos então colonizados e o da luta contra toda e qualquer manifestação do colonialismo ou neocolonialismo face ao actual contexto histórico-político dos seus estados-membros. Por outro lado, a instituição foi criada com o objectivo de não só colocar o continente africano no panorama económico mundial como também para resolver problemas sociais, económicos e ate políticos dos estados africanos. Nas nossas próximas edições, retomaremos este assunto.
Instituições internacionais em alerta
O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, disse ontem em Joanesburgo, África do Sul, que as instituições internacionais, entre as quais a União Africana (UA), estão em alerta máximo relativamente à situação de paz e segurança em Moçambique.
Baloi que falava à margem da XXVª cimeira da UA acrescentou que o Governo não tem ainda reacção relativamente ao discurso da Renamo porque foi pronunciado e reproduzido nos últimos dois dias. Contudo, sublinhou que a comunidade internacional está atenta com a situação aguardando o relatório do Governo moçambicano para que haja uma resposta em prontidão.
Bento Venâncio,