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Morreu JJ, o “capitão”

Por admin

Morreu ao princípio da noite de sexta-feira passada, Joaquim João, também tratado por JJ, antigo futebolista do Ferroviário de Maputo e da Selecção Nacional. O “Capitão”, como também era tratado, perdeu a vida no Hospital Provincial de Inhambane, onde havia sido internado no dia 1 de Abril corrente.

Joaquim João Fernandes nasceu a 1 de Outubro de 1952, no distrito de Mopeia, província da Zambézia. Começou a sua carreira futebolística no Ferroviário de Quelimane e, em 1969, chega à capital do país, para alinhar pelo Ferroviário.

Durante 20 anos foi jogador activo, dos quais 10 ostentando a braçadeira de capitão dos “locomotivas” e da selecção nacional. Teve uma passagem de uma época pelo Maxaquene.

Em reconhecimento aos seus feitos, foi galardoado com a Ordem Nachingweia.
JJ esteve presente na assinatura dos Acordos de Nkomati, em 1984, entre os Governos moçambicano e sul-africano. Foi várias vezes convidado para cerimónias de Estado na Ponta Vermelha, assim como para a investidura dos Presidentes Joaquim Chissano e Armando Guebuza.

Foi internacional 42 vezes, membro do Conselho Nacional do Desporto, destacado num texto do livro da quarta classe do novo sistema de educação e ícone dos 35 melhores jogadores do país.

A grossa braçadeira de capitão, o estilo e a “souplesse” com que se antecipava para os desarmes, eram as suas imagens de marca. Nos momentos difíceis era a ele que competia erguer o astral dos colegas. Ao longo de cerca de 20 anos de carreira, as suas qualidades de atleta íntegro e cidadão dedicado, valeram-lhe a medalha Nachingweia.

Penduradas as botas, Joaquim João abraçou a carreira de treinador, exercendo com a mesma entrega as novas funções a que se propôs. Já foi adjunto nos Mambas e treinador principal em diversos clubes, da capital e do resto do país.

Jóta-Jóta, conhecido por homem elástico, foi um defesa central que ainda está na retina de muitos dos que acompanharam os períodos áureos do futebol moçambicano pós-independência. A sua arma principal foi a antecipação nos lances.

Tinha um jogo com estilo elegância, de tal sorte que saia dos jogos sem sujar os calções.

DE ATACANTE A DEFESA

Foi difícil a sua iniciação, na Zambézia, com uma perna partida de permeio, facto que quase o fazia abandonar o futebol de vez. Não acatou as ordens da mãe e regressou aos campos.

Tempos volvidos, numa deslocação do então Ferroviário de Lourenço Marques a Quelimane, recheado das suas estrelas, permitiu a Joaquim João dar nas vistas.

O então jovem Joaquim João, em 1969 com 19 anos chegou à capital recheado de sonhos e ambições. Mas, atenção: o JJ jogava a ponta-de-lança. E como pelas bandas do Sul as coisas eram bem diferentes, teve que “comer banco” até ao dia que o treinador Francisco Pontes viu que as suas aptidões não eram para avançado e mandou-lhe jogar a defesa central, numa partida em que venceram o Benfica por 4-2.

A partir daí, nunca mais ficou no banco e até ascendeu à Selecção, na nova posição.
Com ficha assinada e tudo, falhou o Benfica por “culpa” da tropa.
Em 1973, gorou-se a oportunidade de dar um novo rumo à sua carreira. Após uma deslocação do Ferroviário a Portugal, treinou no Benfica, sob as ordens do inglês Jimmy Hagan e agradou. Chegou a acordo para a transferência, assinou a ficha mas a tropa inviabilizou tudo. Nem o Benfica conseguiu remover esse obstáculo. Ficou a mágoa. Na tropa nunca foi para o mato, esteve sempre na secretaria, também graças ao futebol.

Ferroviário adia

Assembleia-Geral

O Clube Ferroviário de Maputo adiou na manhã de ontem a realização da sua Assembleia-Geral ordinária por causa do desaparecimento físico de Joaquim João na sexta-feira passada.

Os sócios chegaram a registar-se e a entrar na sala da magna reunião, mas por decisão consensual, acordou-se adiar o encontro para uma nova data.

A direcção do clube e sócios entendem ser agora momento de luto e de se envolverem directamente nas cerimónias fúnebres do antigo jogador, agendadas para terça-feira próxima em Maputo.

A AG ordinária do Ferroviário iria apreciar e aprovar vários assuntos, dos quais há a destacar a alteração da designação do nome do Estádio da Machava.

São os seguintes nomes em análise para substituir o Estádio da Machava:

– Estádio Nacional da Machava;

– Estádio dos Ferroviários;

– Estádio 25 de Junho;

– Estádio Samora Machel e

– Estádio da Independência.

Destas propostas, os proponentes da mudança do nome do recinto estão inclinados para adoptar o nome de Estádio da Independência. A justificação dos proponentes é de adequar a designação do recinto à actualidade e enquadrar melhor a história da infra-estrutura.

 

 

 

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