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Estou pronto para a governação- afirma o Presidente Filipe Jacinto Nyusi

Por admin

O aguaceiro que caiu em Maputo na madrugada e manhã da última quinta-feira, dia 15, e a chuva miudinha que pingou na Praça da Independência, quando o reverendo Marcos Macamo, do Conselho Cristão de Moçambique (CCM), pedia bênçãos divinas para o novo Presidente da República, parecem, na gíria africana, terem sido marcos abençoadores para a separação de águas: o fim de uma etapa e o nascer de um novo ciclo governativo no país, com uma nova geração ao leme. Filipe Nyusi tratou logo de dizer que estava pronto para a governação.

Aliás, logo no início da sua alocução, o Presidente Filipe Jacinto Nyusi tratou o seu antecessor de “antigo presidente”. “Sua Excelência antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza”, disse o novo Chefe de Estado moçambicano, perante risada geral. Mais adiante acrescentou: “represento uma nova geração, uma geração que recebe um legado repleto de enormes sucessos e de exaltantes desafios”.

Antes, Guebuza tinha dito mais ou menos o mesmo: “…este acto marca, em simultâneo, o fim de um ciclo político de uma década (…) e a inauguração de um novo, que se apresenta auspicioso, risonho e de muita esperança

A cerimónia de investidura do Presidente Nyusi, como quarto Chefe de Estado moçambicano, realizada na Praça da Independência, em Maputo, decorreu sob um sol escaldante e calor abrasador.

Filipe Nyusi chegou ao local da cerimónia por volta das 9.45 horas acompanhado da sua Esposa, Isaura Nyusi e família. Pouco depois, às 9.55 horas e com a pontualidade que nos habituou ao longo dos dez anos dos seus dois mandatos, chegou Armando Guebuza, na qualidade de Chefe de Estado.

Às 10.00 horas, Guebuza efectuou a sua última revista à Guarda de Honra na qualidade de Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança. Seguiram-se orações feitas pelos diversos prelados convidados em representação das suas congregações: islâmica, hindu, CCM, igrejas africanas independentes e Igreja Católica.

A tónica dessas preces foi a necessidade da preservação da paz em Moçambique, o diálogo permanente entre moçambicanos e a evocação divina para dar luz e sabedoria ao novo Chefe do Estado para dirigir melhor o país. Foram também evocadas a tragédia de Chitima e a situação de cheias no país.

GUEBUZA DESPEDE-SE E AGRADECE

Depois de o “Coral Unidade” ter cantado a canção “Aleluia”, o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, foi ao pódio para proferir o seu último discurso nesta qualidade.

Começou por agradecer a presença de todos na cerimónia e disse a seguir que fazia “um balanço muito positivo do cumprimento da nossa missão de luta contra a pobreza e pelo bem-estar do nosso povo”. Agradeceu a seguir a todos aqueles que tinha tornado a sua missão um sucesso.

Por volta das 11 horas, Armando Guebuza entregou os símbolos de poder ao Presidente do Conselho Constitucional, Hermenegildo Gamito e logo a seguir, Gamito deu início à cerimónia de investidura do novo Presidente da República. Tendo em conta os seguintes procedimentos: identificação, juramento, investidura e recebimento dos símbolos do poder.

Cerca das 11.25 horas do dia 15 de Janeiro de 2015, Filipe Nyusi era já o novo Presidente da República de Moçambique, momento histórico e de grande ovação na Praça da Independência que culminou com um poema laudatório dito em português em várias línguas nacionais.

Depois do seu discurso (ver linhas principais na pag. 2), Nyusi foi saudado pelas crianças da “Continuadores” e seguiram disparos de 21 salvas de canhão em saudação ao novo Comandante-em-Chefe e desfile das Forças de Defesa e Segurança.

INVESTIDURA CONDIMENTADA

A investidura de Filipe Jacinto Nyusi ao cargo de Presidente da República teve para além da cerimónia principal, outros condimentos que tornaram o evento mais atractivo, como por exemplo, espectáculo musical com a participação de artistas oriundas de todo o país, para não falar do negócio informal feito no local.

O acto revestiu-se de um simbolismo imensurável a avaliar pela multidão que acompanhou “in loco” a cerimónia na Praça da Independência, cidade de Maputo.

Para tomar posse como o novo timoneiro do país, Filipe Nyusi chegou, como referimos, às 9.45 h, acompanhado da nova Primeira-dama, Isaura Ferrão Nyusi e do seu staff que foi substituído logo que passou para a cadeira de Chefe do Estado.

Aliás, mesmo as viaturas que o levaram à Praça da Independência não foram as mesmas que usou à saída, tendo passado para as protocolares reservadas ao Presidente da República, o que significa que Armando Guebuza teve que passar para outros carros e outro tipo de escolta.

Esse acontecimento protocolar foi tão emocionante que o público presente vibrou ao mesmo tempo que em conversas afirmava que com o poder não se brinca, o outro veio como Presidente da República e volta como antigo Chefe do Estado.

Quem também não deixou os seus créditos em mãos alheias em capítulo de fazer vibrar o público foi o próprio empossado, Filipe Nyusi quando se referiu a Armando Guebuza como antigo Presidente da República.

Estes aspectos tornaram a cerimónia mais agradável, sendo que os populares, sobretudo os que viam o evento pela primeira vez diziam que essas coisas de poder são para exercer mesmo, porque quando se chega ao fim do mandato as “antenas” são viradas para outra pessoa.

È que depois que Filipe Nyusi recebeu das mãos de Hermenegildo Gamito, presidente do Conselho Constitucional (CC), os símbolos do poder, nomeadamente, Bandeira Nacional, Constituição da República, Emblema da República, Pavilhão Presidencial e Martelo, os populares vibraram dizendo que Guebuza dizia que ia entregar o poder e cumpriu com a palavra.

O outro momento emocionante foi o disparo de 21 salvas de canhão em saudação ao novo Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança enquanto passava a revista a Guarda de Honra.  

OCASIÃO PARA NEGÓCIO

Como de costume, estas cerimónias arrastam milhares de pessoas para testemunhar “in loco” o evento, mas também um número assinalável de cidadãos que só pensam no negócio para ganhar algum dinheiro.

Porque o dia começou com o céu nublado, o negócio que deu nas vistas foi o de guarda-chuvas, desde as mais simples até às arrojadas, sendo que os preços variavam de 80 a 200 meticais. Compradores não faltaram, uma vez que o dia começou com chuva miúda que quase que molhou as pessoas que se fizeram no local pontualmente as 7 horas.

Entretanto, foram mesmo pingos, pois, passados alguns minutos, o sol abriu, embora, de vez enquanto uma nuvem carregada ameaçava o ambiente, mas não descarregava, tornando a cerimónia mais apetecível de ser assistida.

O outro negócio que deu nas vistas foi o de comes e bebes e aqui destaque vai para as espetadas de frango, salsichas e os famigerados hamburguers, desde os chamados simples até aos completos por terem para além da própria carne, ovo e uma rodela de tomate e folha de alface.

Nas bebidas, para além dos refrigerantes das variadas marcas e tamanhos, vendeu-se todo o tipo de cerveja a pretexto de que sendo um momento de festa, não podia faltar este tipo de bebidas para complementar o evento.

E porque era mesmo uma cerimónia do Estado, a CIGENE fez de tudo para que nada perturbasse o decurso do evento, tendo montado, para além da tribuna de honra, duas outras tribunas, uma para os convidados nacionais e outra para as individualidades estrangeiras.

Mas a coisa não parou por aqui porque o próprio público tinha a seu dispor cadeiras e sombras com publicidade das demais empresas que apoiaram a organização do evento. Os que não tiveram lugar nas sombras, assistiram ao evento a partir do passeio que circundam a praça.

O outro aspecto que merece destaque, embora em algum momento tivesse embaraçado a Imprensa, sobretudo, os colegas de imagem, foi a barreira colocada para não permitir a aproximação à tribuna de honra.

Para fazer face a isso e conseguir uma boa imagem era necessário ter uma grande angular, linguagem usada pelos fotógrafos e os homens de filmagem. Quem não tinha esses dispositivos ficava a ver navios ou tinha que trocar mimos com a segurança que havia por todo o lado, até em cima dos prédios que circundam a praça.

O pessoal da saúde, como de praxe nestas ocasiões, esteve em prontidão, com meios à altura, desde ambulâncias, macas e outro tipo de material para os primeiros socorros, antes de se recorrer à uma unidade sanitária em caso de gravidade. Felizmente, não foram reportados casos graves, fora dores de cabeça e algumas tonturas por causa do calor intenso.

Aqui, para além dos médicos e enfermeiros do Serviço Nacional da Saúde, contou-se com a presença do Corpo do Serviço Nacional dos Bombeiros, médicos militares, socorristas da Cruz Vermelha, entre outras organizações.

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