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O teu voto conta!

Por admin

Este epíteto, obviamente, não é nosso. E o leitor deve já tê-lo reconhecido como pertença dos órgãos eleitorais. Cunharam-no em português e foi depois traduzido para várias línguas nacionais. O seu primeiro objectivo era levar maior número de cidadãos moçambicanos a recensearem-se e depois, agora, é recitado para que a afluência às urnas seja massiva esta quarta-feira, dia da votação, Dia D nas eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 2014.

O teu voto conta! E conta mesmo, porque hoje termina a campanha eleitoral em todo o país e na diáspora, e esta quarta-feira, todos os cidadãos moçambicanos que se recensearam, devem apresentar-se nas respectivas mesas de voto para escolher o candidato e a formação política do seu coração. O voto, claro, é secreto.

Amanhã e terça-feira são dias de reflexão em que cada eleitor vai pensar na responsabilidade que tem de escolher o candidato e a formação certa para conduzir os destinos da Nação moçambicana nos próximos cinco anos. O eleitor é que tem essa palavra, por isso é que o teu voto conta. O valor do teu voto é imensurável, por isso não o deve desperdiçar em escolher quem de facto não merece a sua confiança.

É que, como já o referimos várias vezes neste espaço, há quem só aparece na ribalta política, apenas nestes momentos das eleições, e começa a atirar  areia aos olhos das pessoas, pois não tem um programa político consistente e vive de improviso, cada vez que as eleições se aproximam.

Partidos sérios são aqueles que trabalham todos os dias, desenham estratégias, planificam, trabalham com o cidadão no levantamento dos seus problemas e dos problemas do país. Percorrem o país de lés a lés e dialogam com as pessoas.

Por isso, os partidos políticos sérios vão à campanha eleitoral já preparados, pois há muito tempo se planificaram e desenharam devidamente as suas estratégicas. Assim, vão ao terreno, sabendo o que estão a fazer, quais as metas que se propuseram a alcançar e que caminhos terão que seguir para lá chegar.

Aos que ficam na “sombra da bananeira” da bananeira à espera que a hora da caça ao voto chegue para atabalhoadamente lançarem-se ao terreno, é já esta quarta-feira que o eleitor deve mostrar-lhes o cartão vermelho que merecem, dando-lhes assim o seu quinhão, pois são formações mal organizadas e mal estruturadas que só correm quando chega a ocasião, sem, muitas vezes saberem para onde. Por isso, não devem chegar a lado nenhum porque não querem ir a lado algum.

Já aqui também o afirmámos e voltamos a repisá-lo: o trabalho partidário para a conquista do poder ou poderes, que se obtém através do voto, deve ser sempre planificado, preparado uma vez que a planificação deveria ser uma constante de cada organização que se diz democrática.

É que a democracia pressupõe a existência de partidos com objectivos claros de progresso do país, munidos de uma doutrina coerente e sistemática em que se baseia a construção e o exercício do poder para o desenvolvimento dos cidadãos. Este tipo de democracia não é fácil, porque assenta na liberdade de todos e de cada um e pretende construir a organização do Estado para que todos e cada um possam exercitar-se livremente.

 

Por isso conquistar votos exige trabalho. Trabalho planificado antes de se ir ao terreno. Os concorrentes devem ter manifestos e programas claros, para poderem convencer a quem de facto detém o poder, o poder do voto: o povo. Antes de os processos eleitorais começarem a “aquecer”, os concorrentes devem calcorrear o país de lés a lés, investigar e planificar e dialogar com os cidadãos. É daí que vão perceber a realidade do país, de modo a desenharem soluções para ultrapassá-los. Não se faz isto em casa, no escritório ou em cafés.

Os concorrentes devem ter programas claros, reflectidos e construídos por uma organização constantemente oleada, que pensa, a cada momento, na forma correcta e adequada de fazer as coisas, caso contrário, ninguém pode pensar que o povo vai votar neles.

Lendo a lista das 30 formações políticas que concorrem para estas eleições é fácil perceber que há ali muitos partidos e candidatos que não trabalham, nem se organizam o suficiente e querem agora que o eleitor vote neles, colhendo onde não semearam. Esses devem ser obviamente castigados para aprenderem proximamente a lição.

 

Durante estes 45 dias de campanha eleitoral, o eleitor ouviu coisas e loisas. Candidatos e formações políticas prometendo coisas à toa. Candidatos prometem este mundo e o outro, sem analisarem, realisticamente, a capacidade para cumprirem tantas e tamanhas promessas. A realização de algumas destas promessas está mesmo fora do seu respectivo alcance.

Quem realmente viveu esta campanha e analisou os discursos proferidos aos longos destes dias facilmente pode chegar à conclusão de que, regra geral, não apareceram projectos bem dimensionados de realizações. A maior parte dos concentrados televisivos que nos passaram pelos olhos traduziram-se numa chuvada ou churro de promessas, desafiando-se em termos de quem promete mais.

Há candidatos que ao longo destes 45 dias centraram o seu discurso numa mensagem de maldizer. Do tipo “isto está mal e não pode ser”. Estes fizeram isto e não pode ser”. Maldizer tudo o que se fez ao longo dos últimos quase 40 anos. Foi um discurso de diabolização em que eles próprios se apresentavam como santos milagreiros, grandes salvadores do povo. Foi um maldizer quanto baste! E quando falavam de soluções para os problemas actuais, era de fazer corar até uma criança: falsas promessas quanto baste, porque não se dizia quando e como é que ia se fazer isso, nem com que meios. Omitindo-se o quando, é como se quisesse dizer é agora que vou fazer. Cuide-se desses.

Mas há sempre excepções. E encontramos as excepções no discurso de Filipe Nyusi e da Frelimo, que sustenta a sua candidatura. Nyusi centrou bastante o seu discurso no que se pode fazer realisticamente, com a modéstia necessária de quem sabe que o país não tem assim tantos recursos financeiros e materiais e que precisa que os moçambicanos trabalhem arduamente para o país desenvolver-se. Nada cai do céu.

Centrando-se basicamente no seu “compromisso com o povo”, cujo epíteto é “Um Programa de Mudança, Uma Razão de Esperança”, percorreu o país de lés a lés para dizer a quem o quis ouvir que “o meu compromisso, neste novo ciclo de governação, é com o povo, com a verdade, com o crescimento e desenvolvimento económico e social sustentável, com a busca de maior e melhores oportunidades de emprego e garantia de uma redistribuição de riqueza”.

Nyusi foi repisando no decurso da campanha as ideias chaves dos seis pilares do manifesto eleitoral da Frelimo, nomeadamente, “consolidar a unidade nacional; consolidar o Estado de Direito Democrático, Unitário e de Justiça Social; reforçar a capacidade do Estado de continuar a responder com eficácia aos anseios do povo; promover o desenvolvimento económico e social sustentável, criar riqueza e combater a pobreza, consolidar a cultura da paz, do diálogo, da democracia no país, na região e no mundo e reafirmar a posição de Moçambique na região, no continente e no mundo”.

Pilares que foram sendo detalhadamente explicados em cada comício, que orientou, quanto à forma de os concretizar, numa base de que não se parte do nada, uma vez que muita coisa já foi realizada e é possível fazer mais e melhor nos próximos tempos.

Chegados aqui, o nosso convite é este: nestes próximos dois dias de reflexão, sem o atordoar nas vuvuzelas, apitos e bandeiras desfraldadas das campanhas, reflicta profunda e desapaixonadamente sobre o valor do teu voto e em quem depositá-lo, já que em democracia tens a liberdade de escolha. Pense em quem

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