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Parceiro nigeriano da ENH-L exibe “músculos” à imprensa moçambicana

Por admin

O parceiro nigeriano na Empresa Nacional de Hidrocarbonetos Logistics – (ENH-L) no projecto de construção da Base Logística de Pemba, a Orlean Invest, decidiu abrir as suas portas a um grupo de jornalistas moçambicanos para lhes mostrar que é gente grande e com músculos bem definidos quando o assunto é construir infra-estruturas dedicadas à exploração de gás e petróleo. Naquela empresa, tudo é feito aos biliões de dólares.

Quando se anunciou que o governo moçambicano tinha feito uma adjudicação directa do projecto de construção da Base Logística de Pemba, meio mundo torceu o nariz, pior quando se soube que a empresa beneficiária provinha da Nigéria e se chamava Orlean Invest.

Como é natural nestas circunstâncias, vozes se ergueram a alardear que não houve transparência no negócio, questionou-se a capacidade técnica e financeira dos nigerianos, por alegadamente aquele país ser tido como o pior exemplo no que se refere à corrupção, problemas ambientais resultantes da exploração de petróleo e gás, criminalidade, entre outros.

Porque a avidez para desdizer da iniciativa era imensa, alguns foram aos motores de busca da Internet e escreveram Orlean Invest e… como “quem procura encontra”, trouxeram à ribalta alguns dados aterradores da génese desta empresa que indicam que os seus principais accionistas (da Itália e Nigéria) estavam a ser caçados pelas autoridades norte-americanas por “indisciplina financeira”.

Enquanto isso, os analistas mais pessimistas correram para tornar pública uma ideia caipira, segundo a qual se houve adjudicação directa, a nigerianos, “é porque alguém já comeu”, quando, afinal, a parte reservada aos nacionais ainda está intacta.

Segundo os termos do projecto de construção da Base Logística de Pemba, a que tivemos acesso, o parceiro nigeriano deverá aplicar 49 por cento do capital necessário para que aquela infra-estrutura saia do papel.

Conforme reportamos há cerca de duas semanas, a construção daquele porto deverá custar algo em torno de um bilião de dólares e a Orlean Invest deverá aplicar o equivalente a 49 por cento deste valor. Os restantes 51 por cento devem ser aplicados pelos moçambicanos numa proporção de 31 por cento para o accionista nacional, que é a ENH – Logistics e os restantes 20 por cento pelo sector privado local.

Feitas as contas, os agentes económicos moçambicanos que pretendam subescrever as acções a si reservadas neste fabuloso negócio precisam ter em mãos, melhor dizendo, “em cash” ou “dinheiro vivo”, no mínimo, nove milhões de dólares. De outro modo, ficarão a ver a “banda a passar”.

Para facilitar a vida dos empresários cá da casa, o governo estabeleceu que o Banco Nacional de Investimentos (BNI) seria o assistente financeiro das operações que devem ser desencadeadas pelos empresários nacionais. Por seu turno, a subsidiária da Sonangol, de Angola, a Sonils, vai funcionar como parceiro técnico.

Tudo aos biliões

A nossa Reportagem já tinha visitado a Nigéria, há cerca de cinco anos, no quadro de uma acção de formação para jornalistas e quadros superiores do Ministério dos Recursos Minerais dos países da África Oriental, sob a égide da Wild Life Foundation (WWF).

Com efeito, a Nigéria não deixou de ser um país com múltiplos problemas relacionados com a redistribuição da riqueza resultante da produção de petróleo e gás, daí as rotineiras situações de raptos de trabalhadores expatriados ligados às multinacionais que por ali operam.

Porém, no que se refere à construção de infra-estruturas e geração de oportunidades de emprego, cultura de trabalho, musculatura financeira e visão de negócios, dá a impressão de que a Nigéria acaba de despertar dum sono profundo e que levou mais de 100 anos de exploração anárquica.

Dados colhidos no local indicam que as actuais obras resultam do facto de estar a decorrer uma intensa abertura de novos poços no alto mar que perfaz a costa nigeriana (que em linguagem técnica se chama de offshore – quando os furos são feitos em terra chamam de onshore), numa média de 200 por ano, contra 150 em Angola, e uns prováveis 20 furos anuais em Moçambique.

Para que não sobrassem dúvidas do saber fazer da Orleans Invest (aquilo a que alguns chamam de “know-how”), esta empresa fez questão de convidar um grupo de jornalistas moçambicanos que vêem escrevendo sobre petróleo e gás para irem se inteirar sobre aquela empresa e encontrarem respostas no terreno sobre quem, o quê, onde, quando e porquê, as tais “cinco perguntas do diabo” sem as quais não se faz um “lead” ou cabeçalho de notícia.

Com efeito, os representantes da imprensa nacional foram visitar várias as instalações da Orlean Invest Onne State onde estão empregues acima de 20 mil trabalhadores directos e perto de 50 mil empregados indirectos. Os gestores da empresa dizem de peito cheio que são responsáveis pela criação da maior zona franca dedicada ao petróleo e ao gás do mundo.

Para demonstrar que a Orlean Invest tem “barba rija” em matérias de logística, quadros seniores daquela empresa revelaram que fazem um facturamento anual de cerca de dois biliões de dólares e que já canalizaram ao governo nigeriano sete biliões e setecentos milhões de dólares desde que a empresa foi criada em finais da década 80. “A partir deste ano, até 2020 estimamos que vamos gerar uma receita de cerca de 10 biliões de dólares que deverão ser canalizados para o governo da Nigéria”, revelam.

Em termos concretos, aquela empresa congrega várias subsidiárias que desenvolvem actividades específicas nos diferentes ramos de assistência às empresas exploradoras de hidrocarbonetos, como por exemplo a Integrated Logistics, Facilities, Services and Equipment que se dedica, entre outros, a serviços de catering e a serviços de manutenção e construção naval.

Mesmo a propósito de catering, a West Africa Catering Nigeria limited (WACN) emprega mais de 1800 trabalhadores e atende a mais de sete mil (7000) pessoas ligadas a vários ramos de actividade, a quem serve perto de 21 mil refeições por dia.

No domínio da construção civil e de engenharia, a Orlean Invest criou uma empresa especializada no ramo, chamada Property Development and Construction (PRODECO) que é responsável para construção e manutenção e infra-estruturas comerciais, industriais, residenciais, rodoviárias, entre outras.

Um dos maiores desafios que esta subsidiária entendeu abraçar é a construção de três mil apartamentos na cidade de Lagos, a capital económica da Nigéria, numa zona chamada Victoria Island (Ilha Victoria). Este projecto imobiliário, a ser concluído, será baptizado por “Eko Atlantic City”.

Na verdade, o que a PRODECO está a fazer é dragar a actual praia da cidade e acumular areia até oito metros acima do nível médio das águas do mar, numa extensão de 45 mil metros quadrados para depois construir os edifícios destinados aos mais variados fins, desde a habitação, entretenimento, escritórios, restauração, desporto, entre outros.

Badagry: maior porto

e zona franca do mundo

Com interesses em todos os domínios relacionados com petróleo e gás, a parceira nigeriana da ENH Logistics está a construir o maior porto de África na região de Badagry, a sudoeste da Nigéria, o qual vai albergar uma refinaria de petróleo, planta de geração de energia, habitações, parque industrial diversificado, armazéns e um terminal de contentores.

Na verdade, mega empreitada será composta por um cais de sete quilómetros de comprimento, 16 metros de profundidade, 100 hectares de área dedicada ao armazenamento, terminal de contentores e de embarcações, cais para passageiros, terminal exclusiva para petróleo e gás, cais dedicado a empresas petroquímicas, incluindo de armazenamento de produtos refinados, terminal de cargas e terminal de granéis.

O que a Orlean Invest faz é construir todas as infra-estruturas e arrendá-las às empresas que operam no ramo da exploração de petróleo e gás. De igual modo, oferece bens e serviços conexos tais como cama e mesa, transporte, comunicações, segurança, saúde, entre outros.

Entre os clientes do ramo petrolífero desta empresa destacam-se as conhecidas ENI, Petrobras, Total, Statoil, ExxonMobil e Chevron, e entre as empresas de engenharia, construção e marinha constam nomes como Hyundai, DHL, Sansung e Daewoo.

Jorge Rungo

jrungo@gmial.com

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