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“Moçambola” com 16 clubes terá mais qualidade

Por admin

Moçambique vai adoptar a partir de 2016 um Campeonato Nacional de Futebol “Moçambola” com 16 clubes, por decisão consensual da Assembleia Geral extraordinária da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) convocada exclusivamente para apreciar o alargamento do número de clubes participantes da competição de 14 para 16.

 

É convicção da direcção da LMF, proponente da proposta, Governo e clubes, de que o novo modelo vai conferir maior competitividade e qualidade à competição.

Na sua fundamentação, o presidente da LMF, Ananias Couana, arrolou várias razões para o alargamento do número de clubes, das quais, destacam-se:

– O futebol movimenta milhões de meticais por ano;

– o futebol é uma fonte directa de emprego;

– o futebol contribuiu de forma significativa na criação de renda para os sectores de transportes e turismo;

– o futebol é gerador de renda nas actividades informais associadas à sua prática;

– contribui para a redução das assimetrias regionais;

– contribui para a construção da nação;

– contribui para a Unidade Nacional;

Em termos meramente desportivos, Ananias Couna frisou que um campeonato de 16 clubes vai trazer outros benefícios, a saber:

– melhoraria da competitividade do nosso futebol;

– subida do nosso futebol no ranking Regional e Internacional;

– aumento de número de jornadas;

– aumento do tempo de competitividade;

– mais espectáculos aos amantes de futebol;

CLUBES CONCORDAM

Apresentados os fundamentos, Couana indicou o modelo de alargamento dos clubes, o qual, estabelece, para a presente situação, a despromoção apenas do Ferroviário de Quelimane, último classificado da edição 2015, enquanto o 1° de Maio de Quelimane e o Desportivo de Nacala, inicialmente despromovidos, mantém-se para o campeonato de 2016.

A partir daí, o modelo de subida e descida não altera, quer dizer, serão despromovidos os três últimos classificados e promovidos os vencedores dos campeonatos regionais do sul, centro e norte.

No entanto, os delegados dos clubes constataram a falta de um regulamento específico para lidar com o aumento ou redução de clubes no campeonato nacional.

A respeito, Ananias Couana disse que é uma matéria para tratar em futuras Assembleias-Gerais. Por enquanto, cabe à direcção da Liga propor, em Assembleia Geral, a alteração do número de clubes nas competições sob sua égide.

Todos os clubes anuíram à proposta, deixando algumas recomendações para melhoria do projecto. Aliás, Sancho Quipisso, presidente do Ferroviário de Maputo, não queria 16 clubes no “Moçambola” (ver texto ao lado).

Mas, no fim, todos aplaudiram a decisão e o homem mais feliz do futebol moçambicano naquela segunda-feira, 28, era Mohomed Munir, presidente do Desportivo de Nacala.

Munir festejou a decisão como se tivesse ganho em campo. Pulou, dançou e transformou o seu telemóvel num PBX, ligando aos irmãos de lá de Nacala, comunicando a boa nova, em sinal de que o clube estava doentio pela descida de divisão.

– Foi uma boa decisão. O futebol terá maior qualidade e competitividade, é um dia muito bom para toda população de Nacala. Vamos nos preparar para fazer um bom campeonato,disse Munir.

Ajuntou que “o presidente da LMF está a cumprir com suas promessas eleitorais e demonstra ser um homem de palavra. O que é necessário é termos a noção de que será muito difícil em 2016. Vamos continuar com o treinador Cambaco. Estávamos atrasados em relação a região, uma vez que a maioria dos países realiza campeonatos com 16 clubes. Em 2016 teremos um Desportivo diferente e vamos trabalhar para não cometermos os mesmos erros que ditaram a nossa despromoção”.

Atanásio Jordão, do 1° de Maio de Quelimane, estava menos eufórico. Afinal já estava a fazer contas do quanto vai significar a participação do clube no “Moçambola” 2016 e até agora não identificou qualquer financiador.

A presença do 1° de Maio é desejável para todos zambezianos e moçambicanos. Agora o desafio é arranjar parceiros porque neste momento o clube está numa situação difícil. É preciso que todos arregacemos as mangas, desde o Governo provincial, municipal, a todos interessados. Sem esses elementos reunidos vai ser muito difícil o 1° de Maio permanecer.

O dirigente explicou que o clube necessita de apoios para suportar os salários dos jogadores, o que passa necessariamente pela intervenção dos parceiros.

Por isso, antes de mais, a prioridade da colectividade é identificar parceiros e apartir daí reunir um conjunto de jogadores com bravura para dignificar o clube, em particular, e a província da Zambézia, no geral.

Juntemos esforços

para melhorar o futebol

– Vice-ministra da Juventude e Desporto, Ana Flávia Azinheira

A Vice-ministra da Juventude e Desporto, Ana Flávia Azinheira, representou o Governo na histórica Assembleia-Geral da LMF que carimbou o alargamento dos clubes participantes no “Moçambola” de 14 para 16.

A governante considera o “Moçambola” uma competição muito importante, que conquistou prestígio ao país, pela sua força política, económica e aglutinadora, que até tem quebrado as assimetrias regionais e contribui para o desenvolvimento dos clubes de várias províncias.

– Temos que caminhar juntos para o mesmo objectivo de paulatinamente melhorar a qualidade do nosso futebol e pensar que certamente não vamos alcançar resultados a curto prazo. Temos que pensar em resultados a longo prazo. Todos nós termos um papel bastante importante para mudar o cenário do nosso futebol. Não podemos procurar resultados a curto prazo.

Fundamentou que “temos que pensar qual será a nossa intervenção para que daqui a alguns anos possamos colher os frutos, que são uma melhor qualidade do nosso futebol, melhores atletas, e por fim uma melhor selecção nacional que nos possa trazer melhores resultados”.

Ana Flávia Azinheira disse que o alargamento do número de clubes no campeonato nacional vai implicar certo esforço financeiro, não apenas da direcção da Liga, mas de todos os intervenientes. “É este espirito de desafios, de ampliação dos nossos horizontes, que gostaria que fosse replicado em todos subsistemas do nosso futebol”.

Anotou que a Liga deu um passo grande, mas também os clubes têm que acreditar mais, fazendo a sua parte, porque, sustenta, apesar das dificuldades conhecidas, é possível fazer mais pelo futebol nacional.

– Esperamos maior competitividade dos atletas, maior rodagem, e o facto de termos mais equipas no nosso “Moçambola” vai trazer qualidade, e é um passo grande, paulatinamente temos que ir melhorando.

Marcamos o primeiro golo

– Ananias Couana, Presidente da LMF

Ananias Couana, presidente da Liga moçambicana de Futebol (LMF), manifestou-se satisfeito pela aprovação da proposta de alargamento de clubes. Entende que foi o primeiro golo e a primeira vitória do seu elenco.

“Estamos satisfeitos, demos o primeiro passo. Estamos satisfeitos porque fizemos o primeiro golo e em 2016 podemos continuar com nossas actividades”, anotou, reforçando que antes da reunião magna houve um trabalho sério junto dos clubes.

Indagado sobre a fonte dos oito milhões de meticais necessários para viabilizar o campeonato com mais dois clubes, o dirigente indicou haver negociações avançadas com novos parceiros da LMF.

De resto, mostrou-se tranquilo e confiante, ao afirmar que o orçamento da LMF de 2016 vai crescer também porque aquela entidade passará a cobrir despesas de alojamento dos árbitros e delegados, estes últimos que pela primeira vez passarão a fazer jogos fora das províncias de origem.

– É um desafio para todos nós. Ainda vamos introduzir outras despesas, como alojamento dos árbitros, dos próprios delegados, para além de 8.6 milhões de meticais referentes a transporte e alojamento que são necessários. Os clubes vão trabalhar para superar as despesas destas quatro jornadas.

Referiu que apresentou a proposta com certeza de que o alargamento vai impulsionar a competitividade do nosso campeonato nacional e alargar os momentos de festa para mais moçambicanos, para além de integrar o nosso futebol profissional no sistema regional da SADC, no qual a maioria dos países já adoptam ligas com 16 clubes.

Impacto financeiro

O alargamento do número de clubes integrantes do “Moçambola” vai implicar, por tabela, o reforço do orçamento da Liga Moçambicana de Futebol.

Por isso, a direcção da LMF já tem em carteira novos parceiros para cobrir a diferença, de modo a cobrir as despesas de alojamento e transporte nas quatro jornadas que se acrescem às anteriores 26.

As implicações financeiras do alargamento estão estimadas em 8.687.844,00Mt, previstas já no orçamento da LMF para o ano de 2016.

Custódio Mugabe
custódio.mugabe@yahoo.com.br

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