A minha relação com o clã Sidat tem sido dominada por posições opostas e até consideradas inimigas por quem mais se apaixona com esse tipo de termos.
Ao longo dos anos, bati-me pela transparência nos negócios do futebol, em particular, e do desporto, no geral, pelo que não sou de me calar quando um jogador é orientado para deixar a bola entrar na sua própria baliza ou um determinado dirigente escolhe a dedo o árbitro que deve apitar os jogos da sua equipa.
Lembro-me das inimizades consolidadas com os dirigentes da Liga Muçulmana de Maputo quando questionei a contratação da equipa sénior feminina de basquetebol do Desportivo de Maputo ou a compra a preço de bagatela do património do Desportivo de Nacala, numa altura que estava em perigo o próprio campo do gigante clube de Nacala.
Mas agora não consigo manter-me calado ou alinhar com aqueles que encaram as investidas do Agente-FIFA na moda em Moçambique como mero negócio de jogadores para aumentar dígitos na sua conta bancária.
Ora, entendo que por enquanto Zuneid Sidat até merece uma estatueta porque ao colocar o jogador moçambicano num futebol relativamente melhor organizado e competitivo, contribui, ao fim do dia, para o crescimento global deste futebol que cada vez mais carece de talentos natos.
Zuneid Sidat está a contribuir com a sua paixão e dedicação ao futebol para elevar não só o nome do seu clã ou clube, como também para a realização de sonhos de dezenas de jovens moçambicanos que encontram no desporto uma actividade profissional, rentável e apaixonante.
Ao ritmo actual, o empresário faz-me acreditar que futuramente o nosso país também terá uma legião forte de jogadores a evoluírem fora de Moçambique, em ambientes mais profissionais e responsáveis e isso vai certamente contribuir para a nossa selecção nacional conquistar respeito continental e mundial.
Escrevo também para contrariar aquelas mentes que argumentam que o jogador moçambicano não devia seguir para Portugal jogar no Fafe, Olhanense ou Campomaiorense.
Ora bolas! A segunda liga portuguesa joga-se em recintos de primeiro nível. Os treinadores são devidamente formados e capacitados e os árbitros são muito sérios que os de cá em casa. Jornalistas idem…
Por isso, longe de atirar pedradas a quem vende o jogador moçambicano para clubes estrangeiros, devíamos é abraçar esse agente e encorajá-lo a multiplicar suas vendas. Não percebo como gente adulta dedica horas a patrocinar debates críticos por um atleta trocar o Ferroviário da Beira pelo Fafe de Portugal.
Agora, se Abel Xavier e Alcides Chambal convocam um atleta sem clube, em gozo de férias em Quelimane para ir jogar nos “Mambas” e semana seguinte assinar contrato com um clube da Albânia, essa não será certamente culpa do empresário…
Custódio Mugabe