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FORMAÇÃO DE JOGADORES: Lapidem talentos!

Por admin

O Presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), Alberto Simango Jr., exortou os clubes da província do Maputo a investirem continuamente na formação de jogadores para o país recuperar o seu lugar de prestígio a nível internacional.

Depois da Cidade de Maputo, Alberto Simango Jr. escalou a província do Maputo para “in loco” inteirar-se das condições de funcionamento dos clubes e definir com seus dirigentes acções para o desenvolvimento do futebol.

A porta de entrada foi o distrito da Moamba, onde visitou o Ntumbuluku Futebol Clube da Moamba, participante no Campeonato Nacional de Futebol de Divisão de Honra – Zona Sul, tendo seguido audiências com dirigentes do Governo provincial, Município da Matola e a reunião com os clubes.

Foi justamente no último encontro que os clubes apresentaram dificuldades de vária ordem, com o dominador comum a ser a falta de patrocínios para as suas actividades.

Para a presente temporada, a Associação de Futebol da Província do Maputo filiou dez clubes para o escalão de seniores, decorrendo ainda o registo de equipas das áreas de formação, nomeadamente iniciados, juvenis e juniores. Ano passado, 2016, apenas quatro clubes disputaram o campeonato provincial de juniores.

Para o campeonato provincial de seniores 2017 perfilam-se os clubes Maiwako FC de Marracuene, Ajuema FC, Desportivo da Matola, Majika FC, Clube da Manhiça, Ngomane FC e Clube dos Amigos. Os representantes da província na Divisão de Honra são Escola de Sargentos de Boane FC, Ntumbuluku FC e Incomáti de Xinavane.

O Presidente da Associação Provincial de Futebol de Maputo, José Sendela, explicou que no presente ano, a selecção das equipas foi rigorosa e considerou, sobretudo, a sua proveniência e sustentabilidade.

Decidimos desta forma porque temos registado desistências nos nossos campeonatos e pretendemos evitar esse tipo de situações. Tínhamos várias manifestações de interesse, mas era necessário considerarmos o que efectivamente cada clube pode nos oferecer.

Sendela indicou que a maioria dos clubes está concentrada na Cidade da Matola devido a dificuldades financeiras por que passam as colectividades dos distritos. Nas suas palavras, “os clubes dos distritos fecharam as portas”.

Outrossim, os campos continuam a provocar muitas dores de cabeça aos dirigentes da associação. Curiosamente, os melhores recintos localizados na província do Maputo pertencem a clubes filiados na Cidade de Maputo, nomeadamente Liga Desportiva de Maputo e Ferroviário de Maputo.

Os clubes locais não conseguem pagar as taxas de aluguer e acabam jogando em recintos não adequados. Por isso, a equipa da ESFA FC vai jogar no campo do quartel de Boane e Ntumbuluku FC da Moamba deverá receber seus adversários na Matola.O distrito da Manhiça é que tem campos relvados em condições, nomeadamente do Incomáti, Maragra e do próprio Clube da Manhiça.

 

FAZER FUTEBOL SEM RECURSOS

António Guambe, da ESFA FC, foi o porta-voz dos clubes representantes da província do Maputo no Campeonato Nacional da Divisão de Honra. Segundo afirmou, será “muito difícil” realizar o campeonato sem apoio directo da federação.

– Vamos ao campeonato da II Liga pela primeira vez. É uma aventura que pode encalhar. Precisamos de apoio para as movimentações e alojamento dos atletas. Também temos falta de material, como bolas. Também pedimos a federação para que preste atenção no trabalho dos árbitros.

O dirigente indicou que o campo do quartel de Boane está em condições para acolher os jogos e a segurança não será problema, até porque os adeptos são disciplinados.

Alberto SimangoJr. qualificou de “bravos” os dirigentes dos clubes de Maputo porque estão a fazer futebol sem recursos. “Vejo pessoas que se entregam ao futebol de forma destemida, mas sem recursos. Isso demonstra que se o futebol é feito sem paixão, não haverá sucesso. Os clubes trabalham em condições extremamente difíceis”.

Defendeu que nesta fase difícil da economia moçambicana, o futebol precisa de todos, sobretudo dos empresários e comerciantes. “E não devemos ter vergonha de pedir apoios”.

Tal como referiu, no quadro das suas responsabilidades, a FMF vai distribuir a partir deste ano onze mil bolas, numa proporção de mil por cada província para uso pelas equipas seniores e de formação.

Recomendou os clubes a investirem continuamente na formação de novos jogadores porque ai reside o futuro do país e dos próprios clubes, porque o atleta é o principal activo do clube para pagar outras despesas e formar outros.

– Temos que mudar. O futebol é gerido assim a nível mundial. O atleta deve sempre trazer receita ao clube de formação, e, nessa relação, estejam claros que os clubes são tratados por igual: não há maiores e menores.Os direitos de formação estão protegidos. É preciso formarem vossos talentos e trancar. O futebol mundial mudou e temos que nos adequar. Temos que vender a imagem dos nossos clubes. Tudo depende de nós. Temos que ser credíveis e transparentes na gestão dos nossos clubes.

Simango Jr. lembrou que Moçambique é referência africana e mundial na produção de jogadores, e não deve deixar que isso fique apenas para o passado. “Temos que continuar a produzir talentos e a criar o gosto pelo futebol nas pessoas. Temos que fazer a história de hoje. Não podemos ficar desanimados, ficar na posição de coitados na nossa sociedade por gostarmos de futebol”.

Uma das acções para alcançar esse desiderato, segundo referiu, é o licenciamento dos clubes segundo as regras da FIFA e CAF. Disse ser importante que os clubes se licenciem porque só nessa situação poderão beneficiar-se de apoios governamentais e de privados.

Aos clubes da II Liga, o dirigente prometeu analisar em que medida a federação pode apoiar nas despesas com os árbitros, lembrando que a FMF já apoia as associações provinciais para o pagamento dos delegados dos jogos.

– Na Divisão de Honra já assumimos algumas responsabilidades. O compromisso que a federação tem com cada associação está a ser cumprido. As associações regularmente têm recebido valores, não devemos qualquer delas.

Federação deve defender

os clubes que formam

– Martinho Fernandes, Desportivo da Matola

Martinho Fernandes, presidente do Desportivo da Matola, reclamou falta de protecção dos direitos dos clubes que se dedicam a formação de jogadores. Referiu que há vários anos que o seu clube investe na formação sem qualquer retorno, limitando-se a assistir seus talentos em outros clubes.

– Movimentamos quatro escalões, nomeadamente iniciados, juvenis, juniores e seniores. É preciso disseminar e fazer cumprir a regulamentação que defende os interesses dos clubes que formam. Estamos a formar jogadores sem qualquer retorno.

Segundo referiu, a maioria dos clubes não tem técnicos capacitados para lidar com sistemas informáticos de registo de atletas na FIFA.

– Assistimos a uma autêntica destruição de talentos formados com muito suor. Depois de certa idade, há dirigentes que aliciam os miúdos para jogarem em equipas de veteranos a troco de cerveja.

Árbitros corruptos serão banidos

Os clubes de Maputo manifestaram preocupação relativamente ao desempenho dos árbitros no Campeonato Nacional da Divisão de Honra – Zona Sul. Pediram maior controlo por parte da federação.

Em resposta, Alberto SimangoJr. reiterou que a Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF) tem orientações claras para eliminar qualquer foco de corrupção no futebol envolvendo os árbitros.

– Vamos combater duramente a corrupção. Os árbitros corruptos têm de sair do futebol. O futebol não pode ir a nenhum lado enquanto alguns continuarem a vender jogos. Onde estão os árbitros respeitados?

Referiu que o futebol é o maior promotor de valores. “Estamos no futebol para promover valores, o fairy-play, o respeito ao próximo, não para promover o vandalismo, a corrupção, roubos ou fazer batota. Futebol não é batota!”.

Por Custódio Mugabe
custodio.mugabe@snoticicas.co.mz
 

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