Início » FIGURAS E FACTOS 2016: Do brilhantismo de Edmilsa ao título inédito da Beira

FIGURAS E FACTOS 2016: Do brilhantismo de Edmilsa ao título inédito da Beira

Por admin

2016 foi um ano de conquistas inéditas no desporto moçambicano, a começar pelo título de campeão nacional pelo Ferroviário da Beira, passando pela medalha de bronze nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro entregue a Edmilsa Governo e ainda o destaque alcançado pela vela no Campeonato Africano disputado em Maputo. No futsal, Moçambique disputou o seu primeiro Campeonato do Mundo.

Num ano de Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro – com mais uma prestação cinzenta – foi nos Paraolímpicos que Moçambique saiu a sorrir através da única atleta que representou o país.

Edmilsa Governo conquistou a medalha de bronze na prova dos 400 metros-T12, numa prova que também fixou um novo recorde africano dos 400 metros na classe T12.
Governo, que participou pela primeira vez na competição, conseguiu o feito com o tempo de 53.89 segundos, atrás da cubana Omara Durand (51.77) e da ucraniana Oskana Boturshuk (53.14), medalhas de ouro e prata, respectivamente.
A atleta qualificou-se para a final dos 400 metros ao fazer a terceira melhor marca das séries, com 54.94 segundos, terminando a sua prova em segundo lugar, atrás de uma atleta ucraniana.
Esta conquista entrou para a história do desporto, pois é primeira medalha de Moçambique em jogos paralímpicos. 
Edmilsa Governo sofre de problemas de visão desde a nascença, o que faz com que só consiga ver imagens até uma distância de 50 metros.
A medalhada conta, no seu palmarés, com mais de 46 medalhas, entre as quais 25 de ouro. É ainda considerada a melhor atleta paralímpico moçambicana da actualidade, sendo detentora dos recordes africanos nas especialidades dos 100, 200, 400 e 800 metros, fixados em 12.70 segundos, 25.62 segundos, 56.62 segundos e 2.20 minutos, respectivamente. 

Ferroviário da Beira

entre os campeões de futebol

O Ferroviário da Beira alistou-se no grupo de clubes campeões nacionais de futebol, ao vencer o “Moçambola” 2016 na penúltima jornada do certame, proeza conseguida após vitória sobre União Desportiva do Songo, por 1-0, no Songo.

Título que chegou na sequência da derrocada do conjunto do Songo, que desperdiçou uma vantagem folgada nas jornadas decisivas, nomeadamente a partir da 26ª ronda com derrota sofrida diante do Estrela Vermelha de Maputo, por 1-0, ao que se seguiram mais três desaires pelos mesmos números, diante do Maxaquene, Costa do Sol e Ferroviário Beira.

Os “locomotivas” acabaram por ser a equipa mais regular, num ano que conheceram dois treinadores: primeiro o zambiano Wedson Nyerenda, entretanto transferido para a selecção do seu país, e depois Aleixo Fumo, o timoneiro da recuperação até à vitória final.O Ferroviário da Beira terminou o campeonato com 61 pontos, mais seis que a UD Songo. Foi o primeiro campeonato disputado por 16 clubes.

 

Nas contas pela manutenção, quedaram-se o histórico Desportivo de Maputo e Estrela Vermelha, também de Maputo, e ainda o Desportivo do Niassa.

A primeira vez do Songo

A União Desportiva do Songo, sob comando técnico de Artur Semedo, conquistou o seu primeiro título nacional de futebol, nomeadamente a Taça de Moçambique.

Foi uma conquista que veio embalsamar os corações dos “hidroelétricos” após uma caminhada que parecia totalmente vitoriosa no campeonato nacional.

Com o triunfo sobre o Maxaquene na partida da final, a União Desportiva do Songo conquistou automaticamente o direito de representar o país na Taça da Confederação Africana de Futebol.

Mau grado ter que jogar em Maputo em virtude de o campo do Songo ainda não responder cabalmente às exigências dos jogos internacionais, no quesito capacidade para espectadores, fixada em pelo menos cinco mil.

Estreia no “Mundial” de futsal

O futsal tornou-se na terceira modalidade colectiva – depois do hóquei em patins e basquetebol – a representar Moçambique num Campeonato do Mundo.

Em setembro passado, na Colômbia, o futsal Moçambique estreou-se na competição planetária enfrentando as selecções nacionais da Austrália, Ucrânia e Brasil.

Os resultados não foram satisfatórios e o sonho de apuramento aos oitavos-de-final ruiu após derrota no segundo jogo frente a Ucrânia por 4-2, depois do desaire inicial contra a Austrália (3-2). Na partida de despedida, Moçambique sofreu uma pesada derrota por 15-3 frente ao Brasil.

A turma nacional ganhou direito a marcar presença no Campeonato do Mundo de futsal depois de terminar em terceiro lugar no Campeonato Africano terminado em Abril passado na África do Sul, no qual, no jogo decisivo, venceu a Zâmbia na marcação das grandes penalidades por 2-1, depois do empate a cinco golos no tempo regulamentar.

Moçambique no pódio africano da vela

Um total de seis medalhas colocou Moçambique no topo da modalidade de vela em África, no epílogo do Campeonato africano da modalidade disputado na Cidade de Maputo.

Foram três de ouro e as restantes de prata (uma) e bronze (duas), num evento que trouxe do estrangeiro 75 velejadores em representação da África do Sul, Angola, Seychelles, Argélia e Tunísia. A África do Sul foi, em termos de medalhas, o segundo melhor país com um ouro e duas pratas, seguida de Angola com um ouro e uma prata.

Dos 23 velejadores moçambicanos que participaram no campeonato, coube, entre outros que subiram ao pódio, a Deurrik Mavimbe, Maria Mabjaia e Deizy Nhaquile elevar o nome do país bem alto com uma medalha de ouro cada.

Deurrik Mavimbe destacou-se na classificação absoluta (masculinos e femininos) da classe Laser 4.7, num grupo de 16 velejadores, à frente da compatriota Deizy Nhaquile e da tunisina Rami Ridene.

Para além de prata, coube ainda a Deizy Nhaquile a medalha de ouro já na classificação individual, visto que esteve à frente das restantes concorrentes do sexo feminino naquela classe. As medalhas de prata e bronze ficaram, por sua vez, com Chantal Hoffman, das Ilhas Seychelles, e Lachecheb Santa Fátima, da Argélia.

Salientar que não existe, em todas as classes, a classificação individual masculina.

Para a terceira medalha de ouro, Maria Mabjaia, por sinal uma das referências moçambicanas nos Jogos Africanos Maputo-2011, isto na modalidade de canoagem, esteve em evidência na classificação individual da classe Laser Radial à frente das argelinas Akil Nouha e Hammiche Lamia Feriel.

As restantes medalhas (bronze) foram da autoria de Velik Manhiça e da dupla Diogo Sanches/Doncaro Bira Jr., isto nas classes Laser Radial e 420, respectivamente. Velik Manhiça ficou em terceiro lugar numa competição dominada pelos sul-africanos Asenathi Jim e Calvin Gribbs. Já a dupla Sanches/Bira Jr. dividiu o pódio com os pares angolanos Jeremias de Sousa/José Manasseis e Paulo Sena/Francisco Kilombo. Esta última classe não integrou femininos.

Medalha de bronze

no Afrobasket Sub 18

A Selecção Nacional feminina de basquetebol de Moçambique dos sub-18 reconquistou a medalha de bronze no Campeonato Africano da categoria, disputado no Cairo, Egipto, após vencer no jogo decisivo a sua similar de Angola por 56-43.

As meninas comandadas por Leonel Manhique e Inaq Garcia, visavam mesmo o primeiro lugar, conquistado pelo Malí, que venceu a turma anfitriã na final por 84-61.

Sílvia Veloso, jogadora que actua no Ferroviário da Beira, foi a melhor marcadora do torneio e integrou o cinco ideal da competição, com a egípcia Meral Abdelgawad, eleita a jogadora Mais Valiosa do Campeonato (MVP), a também egípcia Nesma Khalifada e a dupla maliana Aminata Diakite e Coulibaly.

Ouro escapou por

um triz ao Ferroviário

Foi por um triz que a medalha de ouro da 22ª edição da Taça dos Campeões Africanos de Basquetebol sénior feminino não ficou em Maputo, depois da equipa do Ferroviário de Maputo perder o derradeiro desafio frente ao Interclube de Angola por 67-49.Depois de recrutar as melhores atletas nacionais, os “locomotivas” aplicaram-se a fundo para vencer o torneio, mas a falta de ritmo competitivo e a capacidade das angolanas inviabilizaram o objectivo.

 

Aliás, o Ferroviário só perdeu com o Interclube no torneio, primeiro no jogo inaugural 57-42 e depois na dolorosa final. De resto, as “locomotivas” somaram por vitórias os outros cinco jogos que disputaram.

Depois desse jogo de estreia infrutífero, seguiram-se vitórias sobre o FAP dos Camarões (79-59), Etoile Filante do Togo (75-37), isso na fase de grupos. Nos quartos-de-final, o Ferroviário venceu por 69-57 ao GSP da Argélia e nas meias-finais a outra equipa angolana, o 1° de Agosto, por 68-58.

Individualmente, a extremo Anabela Cossa integrou o cinco ideal da competição, no qual estava também a posta moçambicana Leia Dongue, do 1° de Agosto de Angola.

Obituário

O ano 2016 foi também marcado por perdas irreparáveis no desporto moçambicano, sobretudo na família do futebol.

Joaquim João, o “capitão”, perdeu a vida vítima de doença na província de Inhambane, onde estava ligado ao Ferroviário local.

Também por doença faleceu o antigo árbitro José Ferreira Garrincha, que desempenhava funções de Presidente da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF).

O jovem árbitro Samuel Chirindza, com categoria internacional, também não resistiu a uma doença.

Seguiu-se a morte de Zé Manuel, antigo futebolista do Têxtil de Púngoè e Matchedje. 

No basquetebol, chorou-se a morte de Sílvio Neves, antigo jogador e treinador do Desportivo, que alinhou pela selecção nacional durante quinze anos.

Há ainda a assinalar a morte por doença de Isac Jorge, que foi um dos melhores tenistas de Moçambique na última década, com vários títulos nacionais conquistados.

Mas a morte trágica foi do treinador de natação Frederico dos Santos, em Fevereiro, na sequência da queda duma parede na Vila Olímpica do Zimpeto, incidente que ditou o encerramento das piscinas olímpicas por longo período.

 

 

 

 

 

 

 

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana