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O mal é sempre medíocre e humano

Por Idnórcio Muchanga

As repartições públicas, pela sua natureza, devem ser lugares aprazíveis, aonde o cidadão ‒ quase sempre aflito e em contra-relógio ‒ recorre, regra geral, porque tem preocupações que só ali podem ser resolvidas.

Mas, para tristeza geral, nem sempre é assim. Bula-bula precisou renovar o Bilhete de Identidade (BI). Chegou cedo ao posto de atendimento e, como mandam as leis, cumpriu à risca com a fila de espera. A cena foi no posto localizado no bairro da Maxaquene, nas proximidades da Rua da Resistência, Maputo. Por volta das 9.30 horas, um grupo de pessoas, sem se dignar a ficar na bicha, entrou na sala onde são recolhidos os dados pessoais e, imediatamente, foi atendido. Enquanto isso, os outros, incluindo Bula-bula, ficavam na fila mais espantados do que indignados, trocando olhares silenciosos; ninguém tugiu nem mugiu, mas a raiva era visível a olho nu.

Um tempo depois, a fila moveu-se e, finalmente, Bula-bula entrou na sala onde iria finalmente começar a tratar o BI. Nesse exacto instante, outro grupo de “furões” entrou e a história repetiu-se. O pessoal que estava na fila ficou outra vez a ver o navio a navegar para marés distantes.

Bula-bula era seguido por um homem de meia-idade. Ele assistia àquilo tudo em silêncio, mas ‒ para tudo há um limite ‒ decidiu reclamar junto dos funcionários da repartição. Fê-lo com propriedade sem, contudo, perder a compostura. Disse que aquilo não era correcto e que todos nós precisávamos do Bilhete de Identidade. Que havia gente que madrugara para estar ali a horas e, entretanto, outra chegava, não fazia fila e era imediatamente atendida. Leia mais…

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