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As coisas não mudam Mudamos nós!

Por admin

Episódio I

Comecemos com uma confissão: Bula- bula gosta da polícia. Aquela boa. Que cumpre com a sua missão com zelo e dedicação. Pode ser da Polícia de trânsito ou Polícia Militar. Até da Polícia de Intervenção Rápida. Portanto, polícia séria, que está de facto para impor a Lei e Ordem.  Essa sim, merece todo o respeito de Bula- bula

Agora existe outra polícia sobre a qual não vale a pena convocar para este discurso. A polícia cinzenta, parda, quase descolorida, essa não merece nenhuma atenção… aliás, merece sim…merece sair das fileiras da Polícia e, em lugar de andar por ai, devia estar em cubículos de dois por dois a ver o sol aos quadradinhos.

Mas há ainda uma terceira polícia; aquela que invadiu o Hospital Central de Maputo na última terça – feira. Sim… só podiam ser polícias aqueles homens. Estavam todos à paisana. Todos não. Havia um polícia uniformizado mas era mesmo um no meio de uma turba enfurecida e armada até aos dentes. A forma interpida como entraram pela enfermaria adentro fez lembrar os filmes de Chuck Norris ou Sylvestre Stallone, actores musculosos do cinema norte-americano que, nas matas do Vietname, destruíam tudo e todos… Sim. Lembravam filmes como Comando e Rambo.

Houve pânico ali. Muitos doentes, alguns mancando visivelmente, ganharam energias suspeitas para se porem ao fresco. Ninguém sabia o que é que estava a acontecer. Seria uma operação para raptar algum doente? Ou um golpe hospitalar para depor a actual direcção daquela unidade sanitária e colocar uma outra?

Foram muitas perguntas para nenhuma resposta.

Mas como sói dizer-se, o tempo tem respostas para tudo… 

O que aquele esquadrão estava a fazer era escoltar um prisioneiro para uma consulta médica. Caramba. O tal preso nem sequer estava algemado. Até podia ensaiar uma fuga e, desencadear-se ali uma terceira guerra mundial dado que os homens que o acompanhavam estavam todos armados com AKM`s que, como se sabe, são armas de guerra.

O tal prisioneiro (mal encarado e com cicatrizes na face, sinal de uma vida dura), tal e qual um Vip, passeou-se pelo corredor esboçando um sorriso amarelecido pelo tempo, como que a dizer “eu mal cheguei vou já ser atendido enquanto vocês ficam na fila”.

Bula- bulaquestiona-se: não haverá outra forma de tratar criminosos adoentados? E será que era preciso fazer-se aquele estardalhaço em pleno hospital? E o uniforme? Aqueles homens todos armados e a paisana podiam causar uma parada cardíaca a alguns doentes mais sensíveis

A cena aconteceu ali nas Consultas de Medicina onde também se fazem consultas de Cardiologia e Gastrenterologia, entre outras especialidades e em hora de ponta hospitalar…

Faxavor!

Episódio II

Há alguns dias, dois agentes da polícia foram assassinados na zona do Hulene. As circunstâncias da sua morte permanecem ainda obscuras embora haja também muitas conjecturas. Bem teoria a parte o acto é abominável e perderam-se vidas humanas e isso é condenável a todos títulos.

Mas o que chamou particular atenção de Bula- bula foi a intervenção do Comandante da Polícia da Cidade de Maputo Bernardino Rafael, que, a plenos pulmões, mandou um veemente recado para os meliantes. Foi mais ou menos assim: “aqueles malandros que têm armas de fogo e que andam ai a fazer asneiras, tem uma semana para entregarem voluntariamente o material porque de contrário, iremos buscar pessoalmente”.

Ora bandido que é bandido ficou a rir-se.

Mas desta vez, a brincadeira saiu-lhe cara. A polícia foi a busca das referidas armas e respectivos utilizadores. Se por um lado é verdade que uma boa parte do arsenal apreendido era falso, também é verdade que um bom número de meliantes está a ver, por estas alturas, o sol aos quadradinhos. Ponto para a polícia…

Mas Bula- bulaqueaprecia um bom livro de espionagem ou policial, também adora cutucar a onça com vara curta sobretudo se esta estiver com o rabo escondido e a cabeça de fora… pergunta: se a polícia sabia onde é que se acoitavam os malandros, porquê não os capturou há mais tempo?

Há quem avance que a operação tem relação directa com a morte dos dois polícias. Que foi mesmo por vingança.

Bula- bulapergunta outra vez: precisa a polícia de publicitar as suas operações? Que ideia foi essa de avisar os bandidos e ainda dar-lhes uma moratória? Lugar de criminoso é na cadeia.

Atenção que não se está contra a campanha contra os pilantras. A operação é bem vinda sim mas convenhamos… há crimes todos os dias enquanto a polícia sabe(?) onde apanhar esses cafajestes?

Uma vez mais, são muitas perguntas e nenhuma resposta.

Lá no fundo Arthur Golden tinha toda razão quando afirmou que “a adversidade é como um forte vendaval. Arrebata tudo menos o que não se pode arrebatar, e faz com que nos vejamos como somos na realidade"

E olha o que vemos!

 

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