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Gabar Mabote clama por patrocínio

Por admin

A nossa equipa de reportagem visitou recentemente, em sua residência, o músico moçambicano Gabar Mabote. O artista mostrou-se indignado pelo facto de considerar que os fazedores da música nacional têm estado a sofrer para obter patrocínio, uma vez que são poucas as pessoas que realmente acreditam e apostam nessa arte.

Gabar Mabote, 56 anos de idade, disse ao domingoque é preciso que os empresários nacionais olhem por aquela classe, pois são muitos os que têm boas ideias, com boas músicas que ainda estão arrumadas, devido a ausência de patrocínios. Ele, por exemplo, tem estado a escrever nos últimos tempos e por isso já tem algumas letras que gravadas poderiam dar um álbum, facto que não é possível porque ainda não conseguiu ter alguém que o ajude.

Lamento por não ter patrocinador, pois tenho muitas músicas que gostaria de gravar e posteriormente lançar em formato de disco, mas como fazer isso sem condições financeiras e muito mesmo sem alguém que aposte em mim,disse.

Actualmente Gabar sobrevive da música. Segundo conta, depende muito dos eventos dos quais tem sido convidado para actuar mensalmente. É que ele não faz mais nada para além de cantar. Agora só vivo de música. Já trabalhei como escultor mas devido aos problemas de saúde fui obrigado a parar. Assim sendo, quando não me chamam para actuar fico sem dinheiro e chega a ser completamente difícil pôr comida na mesa, porque não tenho outra fonte de rendimento.

Quando é convidado a apresentar-se, o músico tem actuado em algumas casas de pastos, bem como em alguns eventos, nomeadamente, casamentos, festas de baptizados, aniversário, entre outros. Porém nesses lugares o cachet não é alto e por isso ele não consegue fazer poupanças para realizar seus objectivos.

A nossa equipa constatou durante a conversa com Mabote, que este vive em condições “deploráveis” e que está actualmente sem casa própria e por isso residi em casa de seus pais, no bairro de Malhazine, Maputo.

OS BONS

NÃO SÃO CONSIDERADOS

Ainda em conversa, Gabar Mabote afirmou também que a instituição ligada àquela classe artística não considera os músicos antigos. Para ele, aquela entidade está apenas preocupada em apoiar os que não têm qualidade, esquecendo-se assim dos cantores mais antigos, que poucas não são as vezes que nem espaço lhes é dado para mostrarem também o que fazem.

Para si, apenas os jovens têm mais apoio, e por isso, vivem em melhores condições. Não se justifica que um artista do meu nível, com canções que são tocadas quase que em todos os cantos, esteja a viver nas condições em que vivo, quando há pessoas a venderem e ganhar com meus temas, afiançou.

E disse mais, pensam que estamos todos bem enquanto não estamos. Nós (antigos) temos imensas dificuldades. Eu por exemplo, não tenho nem uma casa, e por isso algumas pessoas chegam a duvidar que eu seja o dono das minhas músicas devido as condições em que me encontro.

Num outro momento, Gabar analisou o estado actual da música nacional, tendo referido que no país apenas está a ser considerada a música que não é de raiz, que por exemplo, os músicos que trazem temas com conteúdos construtivos e que concentram a sociedade em geral não têm nenhum espaço.

Actualmente não entendo o que tem sido cantado, pois são canções sem nenhuma mensagem, sendo que estão viradas mesmo para o comércio e por isso algumas não são dignas de serem tocadas no seio familiar. Acho que os seus fazedores deviam procurar estar ao nosso lado para aprender a fazer trabalhos melhores, concluiu.

Refira-se que, com o apoio do FUNDAC, Gabar Mabote pretende no corrente ano editar o seu primeiro álbum que será intitulado Mamana wa Mateus e com 10 temas. Ele vai na verdade recolher todas as músicas e lança-las oficialmente em disco, porem ainda não a data prevista da sua divulgação.

Maria de Lurdes Cossa

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