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“Chovem Amores” no CCU

Por Idnórcio Muchanga

Angelina Chavango, Horácio Guiamba, Joana Mbalango, Josefina Massango e Violeta Mbilane são os actores que dão corpo à peça “Chovem Amores na Rua de Matador”, um original dos escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa (angolano), sob direcção de Maria Clotilde e Vítor Gonçalves, com estreia marcada para o dia 11 de Novembro no Centro Cultural Universitário da Universidade Eduardo Mondlane, pelas 18.00 horas.

Evaro de Abreu produziu o cenário, Sara Machado os figurinos, Ademar Chauque a coreografia, a música é de Shigeru Umebayashi, a sonoplastia está a cargo de Pedro Pinto e a luz por Quito Tembe. Clotilde Guirrugo e Pablo Ribeiro estão na direcção de produção.

O enredo retrata a estória de Baltazar Fortuna, depois de longos anos de uma vida penosa e amargurada, volta a Xigovia, com planos de matar as três mulheres com quem se relacionou no passado. Vai na crença de que elas são a fonte de todos os azares que lhe perseguem.

Mia Couto e José Eduardo Agualusa reflectem neste conto sobre o conflito entre um Moçambique periurbano, que hesita entre um lastro de tradições e práticas ancestrais cristalizadas nas mentalidades masculinas dominantes; e um novo país, de demografia galopante, prenhe de jovens que, a cada dia, se revêem menos nas estruturas culturais herdadas e nas práticas sociais que elas impõem.

O conflito entre Baltazar Fortuna e as suas mulheres – Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha – leva, inevitavelmente, à deslance onde o lugar que cabe às mulheres e o dos homens é vigorosamente questionado e resolvido em cada opção, em cada atitude, em cada gesto do presente.

“Baltazar Fortuna”, diz, a dado momento que não são os países que estão mal governados. A existência humana toda ela está mal governada. Devia haver uma repartição em que pudéssemos pedir uma segunda via da nossa vida. Reclamávamos e ganhávamos direito à emissão de uma segunda via. Era isso ou podermos ter asas e voar. Alguém já viu passarinho envelhecer? Se voássemos, haveríamos sempre de ser crianças. No céu, o tempo não passa, é uma nuvem. Era onde queria estar, numa nuvem. Às vezes, apetece-me tanto ser uma nuvem.

A peça resulta de uma co- -produção entre a Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), Escola de Comunicação e Artes (ECA) e o Centro Cultural Universitário da Universidade Eduardo Mondlane e estará em cartaz nos dias 12, 13, 18, 19, 25 e 26 de Novembro. “Chovem Amores na Rua do Matador” é um conto da autoria de Mia Couto e José Eduardo Agualusa extraído do livro “Terrorista Elegante”, que tem histórias cheias de humor e suspense. As três novelas que constituem este livro têm por base peças de teatro escritas em conjunto pelos autores e encomendadas pelos grupos de teatro A Barraca, de Lisboa, e Trigo Limpo – Teatro ACERT, de Tondela. Porém, depois de conversas informais na bela e histórica cidade de Paraty, no Brasil, essas peças foram reescritas pelos autores sob a forma de contos. O livro, com 168 páginas, está disponível nas livrarias.

Texto de Belmiro Adamugy
belmiro.adamugy@snoticicas.co.mz

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