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JOSÉ “ZÉ DE TROMPETE” MUCAVELE: Tenho dores na alma…

Por Idnórcio Muchanga

O seu avô é do posto administrativo de Malehice. Ele nasceu na vila municipal de Chibuto, mas é em KaTembe onde reside. José Mucavele foi homenageado em Maputo pela MUSIART – Conservatório de Música e Arte Dramática – pelo contributo que tem vindo a dar nas artes e cultura, no geral, e na música, em particular, ao longo dos anos.

O reconhecimento do trabalho do músico contou com a presença de diversos artistas que testemunharam a cerimónia da celebração da vida e obra de um homem que encontra na música o alento para as suas dores. Com efeito, o MUSIART vai passar a estudar a obra do artista, incluindo criações que nunca chegaram aos ouvidos do público. Trata-se de uma iniciativa que visa valorizar o artista da velha- -guarda e fazer com que a sua música seja estudada e conhecida mundialmente.

José Mucavele nasceu a 5 de Abril de 1950. É autor dos álbuns “Compassos”, “Atravessando Rios” e “Ngwana ya Mulonguiso”. Tocou em vários grupos, com destaque para “Orquestra Jambu”, “Os Psicadélicos”, “Os Outros”, etc. Aliás, foi no agrupamento Jambu que começou a bafejar trompete. José levou o instrumento como extensão do seu corpo, executava-o com mestria que acabou sendo conhecido como “Zé do Trompete”. Numa e outra vez, era chamado de “Zé Mangatlo”. Hoje, afastado do trompete, tem na guitarra o companheiro que precisa para os dias de solidão, tanto mais que quando começou a tocar e compor, inventou a sua escala, o que lhe valeu represálias por parte dos colegas com quem tocava no grupo RM. Refugiado em KaTembe, onde deseja, num futuro breve, construir uma fundação para as artes e cultura, continua com a mesma frontalidade, verticalidade e postura, desde os tempos que foi perseguido pela PIDE até se juntar à FRELIMO, em Nachingweia.

PORQUÊ IMITAR MÚSICA DE FORA

osé Mucavele sente dor na alma ao ver parte da história do país a ser destruída e ninguém agir para impedir. Desde a década de 1970 que se tem dedicado à investigação das artes e culturas do país. Tendo uma vasta obra espalhada e outra que ainda não foi explorada, diz que não compreende por que os jovens têm de imitar música de fora, quando há tantas obras que sequer foram exploradas em todo o país. Leia mais…

Texto de Pretilério Matsinhe
pretileiro.matsinho@snoticicas.co.mz

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