O estabelecimento de plantas de liquefação de gás natural previsto para o distrito de Palma, no norte da província de Cabo Delgado, abre a possibilidade das Pequenas e Médias Empresas (PME´s)
nacionais realizarem negócios e se afirmarem no mercado nacional, considera Nelson Ocuane, Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
Segundo aquele gestor, durante a fase de construção daquelas infra-estruturas, Palma poderá acolher cerca de sete mil trabalhadores que vão demandar por alimentos, serviços de limpeza, entretenimento, saúde, transportes, entre outros que podem ser fornecidos por empresas nacionais.
“O que é necessário é que as nossas empresas aproveitem estas oportunidades e, sobretudo, observem padrões internacionais que os mega-projectos impõem”, sublinhou.
Estes pronunciamentos foram feitos pouco depois do presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA) ter defendido que o Governo deve adoptar um quadro legal que possa proteger e assegurar a participação dos moçambicanos neste negócio.
“O Governo deve criar uma lei que assegure que os moçambicanos sejam também donos ou sócios das empresas mineiras. Não temos dinheiro, mas temos os recursos. Também deve se assegurar a exclusividade das empresas moçambicanas no acesso a contratos de fornecimento de bens e serviços a empresas do ramo mineiro e mega-projectos”, disse Rogério Manuel, líder daquela agremiação empresarial.
A contrapor, Nelson Ocuane afirma que no quadro do desenvolvimento de campos de gás natural de Pande e Temane foi feita a primeira Oferta Pública de Venda (OPV) para privados nacionais que permitiu a entrada de cerca de 1300 novos accionistas naquele empreendimento. “Deste universo de accionistas, 50 por cento são empresas e a outra metade são particulares”, lembra.
Mas, por que nem todos podem ser donos ou sócios das empresas mineiras, entende-se que as PME´s podem se associar, por exemplo, aos projectos que serão desenvolvidos em Palma fornecendo serviços de transporte, acomodação, alimentação, recrutamento e formação de mão-de-obra, construção e melhoramento de vias de acesso, fornecimento de materiais de construção e equipamentos.
Também está aberta a possibilidade destas empresas participarem de forma activa na fase de reassentamento da população construindo novas habitações e infra-estruturas sociais, identificação e planeamento da futura zona industrial e habitacional, para além da assistência técnica para o planeamento urbanístico da zona industrial e habitacional.
Por outro lado, segundo Nelson Ocuane, com o desenvolvimento dos campos de hidrocarbonetos recentemente descobertos será possível criar parques industriais que deverão compreender plantas de liquefação, centrais eléctricas, complexos petroquímicos, agro-quimicos, turíticos, desenvolvimento da indústria imobiliária, entre outros.