Selecção de candidatos vai mudar de figurino

O PROCESSO de selecção de candidaturas vai mudar de figurino por estar ferido de irregularidades, segundo assegurou ao nosso Jornal, José Mandra, vice-ministro do Interior. 

Ao que explicou no final da visita que vinha efectuando às unidades policiais na província de Maputo, José Mnadra disse que o processo está viciado porque a população, sobretudo vizinhos, abonam a entrada de alguns jovens à Polícia quando estes já vinham cometendo delitos ou estavam aliados ao mundo do crime. Uma vez na corporação, ao que explicou, usando farda e empunhando armas de fogo, estes prosseguem com a sua actividade delituosa o que, de certa forma, tem estado a manchar todo o esforço tendente a garantia da ordem e tranquilidade pública.

Assim, segundo o Vice-Ministro do Interior, porque os propósitos pelos quais foi introduzido o processo de selecção pública de candidatos a membros da Polícia está desvirtuado, não resta outra saída se não mudá-lo para impedir a entrada de mais criminosos na corporação. Um dos factores por ele apontado como estando na origem da viciação do processo, pode estar relacionado com medo por parte da população e os vizinhos de uma possível retaliação dos candidatos, caso sejam desacreditados em público pelo seu envolvimento com o crime ou ligações a grupos de malfeitores.

“As pessoas podem estar com receio de dizer a verdade por temer represálias. Porque o criminoso foi abonado pelos moradores, acaba sendo admitido na Polícia. Do trabalho até aqui feito, chegamos a conclusão que houve falhas que agora devemos as corrigir, pois as pessoas não têm estado a dizer a verdade. Muitos dos delitos contam com o envolvimento dos jovens polícias, razão pela qual temos de rever este mecanismo que está a infestar as nossas fileiras. O Estado não pode continuar a recrutar e pagar salários a criminosos. Não podemos estar a admitir pessoas malfeitores que usam o Estado para treinar e depois manter as suas alianças e via criminosa contra o mesmo Estado que lhe paga salário” – disse Mandra.

O processo de selecção pública de candidatos a membros da Polícia foi introduzido a menos de cinco anos e visava dar oportunidade de ser a própria população a escolher os seus futuros polícias. Depois de inscritos, os jovens candidatos eram apresentados em cerimónias públicas nos bairros para, em público, abonar-se o seu comportamento e dai seguir para a formação.

“Este processo foi introduzido como forma de garantir transparência na selecção de pessoas com um comportamento a altura de trabalhar para o país na defesa da ordem. Mas, porque a selecção está a sofrer viciação, onde muitos favorecem candidaturas de pessoas desonestas, somos obrigados a rever este mecanismo. Agora, notamos que muitos que entraram na polícia já eram criminosos” – apontou Mandra.

O Vice-Ministro do Interior disse, igualmente, que esforços estão sendo feitos para purificar as fileiras polícias, visto que muitos polícias, mesmo estando de folga, têm agido ilegalmente, vestindo farda e se fazendo à rua para extorquir os cidadãos.