Velhos. Deprimidos. Doentes. Eles próprios escolhem os adjectivos que definem a sua condição de encarcerados em plena terceira idade. Cumprem penas que variam de seis a doze anos, contudo arquitectam sonhos de uma vida radiante quando a liberdade bater a sua porta. Domingo visitou reclusos em idade avançada em cumprimento de penas na Penitenciária Provincial de Maputo e conta o que viu.
Idosos na cadeia. Parece título de um daqueles filmes de ficção que anseiam por maiores audiências. Não é filme não. É a mais dura realidade. Sim, eles estão ali, em diferentes penitenciárias do país, convivendo com outros grupos etários num cenário que parece não respeitar fronteiras impostas pela idade.
Lado a lado com miúdos, partilham compartimentos das penitenciárias, celas e cozinha incluídas, encarando-os como colegas da circunstância, repetindo a máxima segundo a qual não se pode fugir do destino.
O convívio entre gerações é aqui marcado por sentimentos diversos, díspares. Há quem gosta disso. Outros que não…
domingo trabalhou, há dias, na Penitenciaria Provincial de Maputo, onde conversou com alguns destes vovôs reclusos, cujas idades variam entre 64 a 73 anos, e as suas penas rondam entre 6 a 12 anos de reclusão.
Escusado será dizer que entram para a prisão quando a idade em si já limita certas liberdades. Estamos aqui e agora a falar de limitações naturais que pululam no interior de limitações impostas pela prática de crimes que podiam ter sido evitados.
Alguns já cumpriram quase a metade das penas, e já lavraram requerimentos para concessão de liberdade condicional. A expectativa é maior, e há quem está a desenhar seus planos. Outros estão ali encarcerados no limiar da pena, com os dias a correrem devagar.