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Os filhos do lixo

Por admin

A Lixeira de Hulene tem os seus mistérios. Ali vive-se. Constroem-se famílias. Há crianças naturais da lixeira de Hulene, cujos pais conheceram-se naquele mesmo lugar. Têm casas improvisadas. 

Vivem daquilo que a lixeira dá. Crescem no meio daquele monturo. Improvisam casamentos, a partir de restos daquilo que outros foram depositar na lixeira. É incrível o que ali se deposita por cima das mais de 800 toneladas de resíduos sólidos diários. Melhor dizendo, há de tudo um pouco. Restos de comida. Peças de roupas. Mobiliários. Até vibradores são ali jogados. E o homem que é um ser que prima pela alegria, dá-lhes serventia. Dizem-me que algumas daquelas coisas entram depois no circuito de venda informal. Uns deitam fora; outros compram. Vivi, praticamente, duas semanas ali. Não foi um exercício fácil. Ouvi coisas que aqui não são chamadas. De facto, não é em duas semanas que se contam as estórias da Lixeira do Hulene. Aquilo é uma outra sociedade. Uma sociedade à margem de outra. E tem as suas regras. Está estruturada e impera a lei do mais forte. Num futuro, não longínquo, prometo trazer talvez a parte mais dramática (como se não fosse já um drama viver-se numa lixeira) que nem sei se terei a coragem de publicar essas imagens. Um dia, enquanto me permitiram fazer a minha reportagem, convidaram-me a provar da comida que eles mesmo confeccionam. O que aconteceu depois só Deus é que sabe. Enfim… como escrever não é comigo, ai vão as imagens dos filhos da Lixeira de Hulene.

 

 

Reportagem fotográfica de ALFREDO MUECHE

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