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DESPERDÍCIO ESCOLAR: O bolseiro que não quis estudar

Por admin

Texto de Pedro Nacuo
pedro.nacuo@snoticicas.co.mz

A história de Zito Mairosse, que acompanhámos há sensivelmente 18 anos, leva-nos a um menino que, apesar de muitos apoios de diversas proveniências, tornou-se irredutível face à necessidade da sua própria instrução e educação, mantendo-se no seu casulo de analfabetismo, que agora corre o risco de estendê-lo aos seus descendentes.

No início do ano lectivo de 1999, a província de Cabo Delgado decidiu que a cerimónia mais importante daquele Fevereiro tivesse lugar em Macomia, distrito central, a sensivelmente 200 quilómetros a Norte de Pemba, a capital provincial.

A razão principal residia no facto de ter sido concluído, numa aldeia, denominada Nova Zambézia, um bloco de salas de aula e casas para professores. Este semanário ainda não encontrou explicação convincente da denominação daquele aglomerado populacional, embora seja visível o esforço crescente de torná-la prenhe de um palmar que antes não havia. É mesmo uma Zambézia em miniatura!

A Nova Zambézia está a mais 20 quilómetros depois da sede distrital de Macomia, para quem está decidido a ir mais para o Norte: Mocímboa da Praia, Palma, Mueda, Muidumbe, Nangade, incluindo países que ficam na parte setentrional do nosso, a partir de Pemba.

As inaugurações sempre chamaram a atenção dos governantes, quando precisam de justificar o seu desempenho. É pelo menos o hábito que Moçambique não desconhece.

Naquele dia de Fevereiro, José Pacheco, na qualidade de governador da província de Cabo Delgado, dirigiu a cerimónia principal de abertura do ano lectivo, precisamente na aldeia Nova Zambézia.

O discurso político de Pacheco, na oportunidade, passou pela necessidade de formar homens capazes de amanhã servirem com competência a nação moçambicana, para o que os pais e encarregados de educação deveriam levar todas as crianças à escola.

Para Pacheco, a inauguração da escola, na aldeia Nova Zambézia, era sinal de que o seu executivo e o governo da Frelimo em geral estavam comprometidos com o desenvolvimento do país, para o que a educação tinha uma tarefa da primeira linha.

Prometeu medidas duras contra os pais que não deixassem que os seus filhos fossem à escola sob pretexto de que os ajudavam na machamba ou que tivessem de se casar precocemente.

O governador disse, por outro lado, que a tarefa das crianças era brincar e estudar, não se justificando que fossem levadas às machambas e outras actividades características de famílias campesinas, também muito dadas à caça.

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