- Dos 33 casos registados em 2023, na província de Inhambane, mais da metade
tiveram como causa acusação de feitiçaria
HERCÍLIA MARRENGULE
Distrito de Massinga, Março de 2023. Lorta Lhavanguane, de 65 anos de idade, foi barbaramente assassinada na sua casa, no povoado de Unguana, com recurso a uma catana. O assassino desferiu golpes na cabeça da anciã a mando da nora da malograda, que a acusava de ser responsável pelos problemas do seu lar. O corpo da vítima foi encontrado na manhã seguinte pelos vizinhos. “Ela estava completamente desfigurada. Para o funeral tivemos que recorrer a um lenço para juntar as partes da cabeça”, detalha Alexandre Xipanela, de 70 anos, irmão de Lorta Lhavanguane.
Caminhos para desvendar este caso criminal começaram a ser abertos quando o suposto assassino foi detido por assaltar uma mulher e despoja-la do seu aparelho celular. Ao serem apurados os contornos deste roubo, veio a revelação: além do telemóvel roubado, trazia consigo uma catana com vestígios de sangue e um mapa com a localização da casa da anciã ora assassinada.
Alexandre Xipanela conta que “durante o interrogatório da Polícia ele confessou que matou a minha irmã a mando da nora e que por esse trabalho seriam pagos dez mil meticais. No seu telefone havia o registo de chamadas efectuadas com a mandante”.
Este é um dos vários casos que vêm chocando a população local e não só. Facto preocupante é que, apenas no ano passado, 33 casos de homicídio foram registados na província de Inhambane e mais da metade tiveram como causa acusação de feitiçaria, segundo dados avançados pela Polícia. Fala-se, entre vários, de casos de idosos que foram enterrados ou queimados vivos, outros, esquartejados.
É a podridão da sociedade, onde relacionamentos familiares desgastados chegam a levar à morte. Aliás, no caso anteriormente descrito, que envolve a anciã, conta-se que ela não tinha uma boa relação com a nora. Quem o diz é Alice Mundziana, filha da vítima. Leia mais…
